Correio de Carajás

Ônibus do caso IFPA estava sem freios desde Goianésia

A tragédia deixou quatro mortos, entre eles um estudante de apenas 15 anos de idade

Em entrevista ao jornalista Marcelo Bulhões, da Rádio Floresta, de Tucuruí, um sobrevivente do trágico acidente que vitimou quatro pessoas, fez uma revelação preocupante: o ônibus apresentou problemas nos freios ainda na cidade de Goianésia, a 65 km de Tucuruí, local do acidente, no domingo (26). O ônibus conduzia uma delegação do Instituto Federal do Pará (IFPA), de Castanhal, para participar de jogos estudantis em Tucuruí. No acidente morreram duas professoras, o motorista e um estudante.

De acordo com o relato do sobrevivente, que não teve a identidade revelada, o motorista do ônibus, Edinaldo de Jesus Ferreira Meireles, ainda tentou consertar o freio do veículo, mas como era domingo à tarde, ele não encontrou nenhuma oficina aberta e continuou a viagem. Todavia, os passageiros imaginaram que o problema estivesse resolvido.

No reencontro com o pai, estudante chora devido ao trauma que passou

O motorista ainda fez uma parada na entrada da barragem de hidrelétrica de Tucuruí, para fotos e vídeos, já que o lugar é um ponto turístico. O passageiro disse que, naquele momento, circulou um boato de que o motorista teria perguntado a pessoas que estavam ali se havia muitas curvas até chegar em Tucuruí. Em seguida, a viagem continuou. Foi aí que veio o primeiro susto.

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O homem relata que o ônibus passou muito rápido em uma lombada. Ele lembra, inclusive, que estava com duas pedras de gelo na mão e as pedras caíram no momento em que o veículo passou pelo redutor de velocidade. Nessa hora muita gente olhou para o corredor para ver o que estava acontecendo.

Em seguida, mais um sinal de que as coisas não iriam acabar bem. O sobrevivente conta que o motorista possivelmente desligou o motor do ônibus na tentativa de fazer o veículo parar e passou a transitar em ziguezague, tudo isso para amenizar a velocidade. Não adiantou.

Houve um novo impacto em uma segunda lombada e logo em seguida o ônibus saiu da pista, em direção ao muro da barragem. O rapaz lembra que bateu com a cabeça em alguma coisa e apagou. Quando acordou, instantes depois, o pior já tinha acontecido.

Perguntado se os passageiros estavam usando cinto de segurança, ele disse que na maior parte da viagem o equipamento de segurança foi utilizado, mas depois que eles saíram para tirar fotos, muitos acabaram relaxando, ao voltar para o ônibus, pois já estavam muito perto do destino final e se encontravam ansiosos pela chegada.

Além de Edinaldo de Jesus, morreram também no acidente as professoras Amanda Cristiani da Silva Costa e Suany Couto Teixeira Nunes e o estudante Paulo Vinícius da Silva Borges.

Os 14 estudantes e o restante da delegação retornaram para Castanhal no início da noite desta terça-feira (28) e foram recebidos com palmas, mas em clima de extrema comoção. Muitos deles choraram ao se reencontrarem com pais e responsáveis.

Este CORREIO entrou em contato por telefone com o diretor geral do IFPA em Castanhal, para saber sobre a periodicidade da manutenção dos ônibus utilizados nas viagens por parte do instituto, mas ele não atendeu à chamada telefônica.

(Chagas Filho)