Correio de Carajás

Onda do Beach tennis invade Marabá e o esporte ganha força na cidade

Nova modalidade atrai crianças, jovens, adultos e idosos. Arenas esportivas se espalham pela cidade e aluguel de quadras é bastante disputado

Maior arena de Marabá tem cerca de 100 alunos e um número muito maior de praticantes que alugam quadras para o beach tennis/Fotos: Ulisses Pompeu

Seja durante o dia ou à noite, o beach tennis (tênis de areia) virou uma verdadeira febre em todo país. E em Marabá, isso pode ser percebido com a vasta quantidade de adeptos e arenas que apareceram nos últimos dois anos.

O esporte combina tanto com o “lifestyle” do marabaense, que poderia até ter sido inventado por aqui. Areia, suor, às vezes sol, e muita diversão. É assim a combinação desse esporte que tem tudo a ver com o verão.

A Reportagem do CORREIO foi, na tarde de quinta-feira, 16, até uma arena de beach tennis para acompanhar de perto a popularização da modalidade e entender por que tanta gente se apaixona por esse esporte.

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O professor Marlan Martins, de 38 anos, que até um ano atrás trabalhava em uma hidráulica, se encantou com a modalidade e trocou de “escritório”, passando a ministrar aulas da nova modalidade no chamado Prainha, maior arena de Marabá e a segunda maior do Pará, com seis quadras. Ela fica localizada na Avenida Tocantins, em frente à arena Bob.

“Me apaixonei. Na verdade, esse esporte não é apaixonante, ele é viciante. E acabou mudando minha vida de uma hora pra outra. Conheci o beach tennis há aproximadamente um ano e acabei recebendo uma proposta pra dar aulas. Aí fui me aprimorar e fazer cursos de capacitação”, conta o professor.

Marlan Martins: “Além de ser acessível, ele é inclusivo. Muita gente ainda tem preconceito por achar que é um esporte elitizado e caro, mas não é”

Para Marlan, o esporte não é elitizado como muita gente pensa, apontando como de baixo custo, sendo essa uma das principais razões da popularização da modalidade. Afinal de contas, basta uma raquete e uma bolinha.

“Além de ser acessível, ele é inclusivo. Acredito que muita gente ainda tem preconceito por achar que é um esporte elitizado e caro, mas não é. É um esporte para a família toda. O pai brinca com o filho, o neto brinca com a avó, todo mundo joga junto. Aqui você socializa, se diverte e pratica uma atividade física”, garante, afirmando que muitos alunos costumam dizer que o esporte é uma verdadeira terapia, justamente pelo clima bom que se forma e por ser uma atividade praticada ao ar livre, com o pé na areia, se tornando ainda mais prazerosa.

Além do Prainha, com seis quadras ao ar livre, Marabá também possui o Marina Tennis Clube, na Folha 35, próximo ao Partage Shopping (única indoor, que é coberta); Brothers, na Avenida Minas Gerais, no Belo Horizonte; no clube da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil); além de várias quadras nos condomínios Mirante.

Várias competições já foram realizadas, inclusive reunindo competidores de arenas diferentes, promovendo integração. (Ana Mangas e Ulisses Pompeu)

Arena com seis quadras na avenida Tocantins: todas sendo utilizadas por apaixonados pelo beach tennis
Faz bem para a saúde física e mental, garante Andressa

 

É verdade. A Reportagem do CORREIO DE CARAJÁS conversou com algumas pessoas que praticam a modalidade e atestam esse fato. Andressa Soares entrou em quadra pela primeira vez em agosto de 2022 e nunca mais saiu.

Ela conta que no começo achou que não iria dar certo por causa de um problema no joelho. Mas, ficou viciada. “Não parei mais. É um esporte que não é bom só pra saúde física, é bom pra saúde mental. O beach tennis é pura integração, aqui formamos novos amigos. Socialização total. É um esporte que vale a pena”, ratifica a aluna.

Andressa Soares atesta que o beach tennis promove integração e faz bem ao físico e mente

Essa socialização, integração e condicionamento físico vão além dos adultos. A criançada toma conta, cada vez mais, das quadras, principalmente à tarde. Seja jogando com a mesma faixa etária ou com os mais velhos, os pequenos dão um verdadeiro show dentro da quadra de areia.

Aos 11 anos, Henrique Leandro Miranda é um verdadeiro apaixonado pelo esporte. E tudo iniciou com o incentivo da mãe, que começou a praticar e levou o filho junto.

 

“Tem uns cinco meses que comecei a jogar. Minha mãe me trouxe e eu viciei. Gosto muito da felicidade de estar aqui e jogar com meus amigos. Saio cansado, mas saio feliz”, disse o atleta mirim.

Dentro de quadra, ele conta que o mais difícil pra ele é acertar o smash, que é o golpe de conclusão, que deve ser feito quando a bola chega alta e sem peso. “Ainda erro muito”, confessa, mas sorrindo.

Questionado sobre quantas vezes por semana vai para a arena, ele dispara. “Tenho aula terça e quinta, mas na maioria dos dias eu estou aqui. Venho praticamente todo dia com a minha mãe”.

O esporte, jogado na areia, traz diversos benefícios e melhora o condicionamento físico, queima de calorias e fortalece os músculos, principalmente os membros inferiores.

Arena pública

O CORREIO entrou em contato com Thyago Ferraz, secretário municipal de Esportes, para saber como o Poder Executivo incentiva a prática dessa nova modalidade, especificamente. Ferraz relembrou que nos Jogos de Verão da SEMEL em 2022, o beach tennis entrou pela primeira vez na competição.

“Sabemos que o beach tennis está cada vez mais encorpado, e que o número de arenas triplicou de julho pra cá em Marabá. Há um grupo de organizadores de eventos se mobilizando para uma competição grande de beach tennis no verão, com grande chance de envolver todas as arenas. A depender do desenrolar, pode ser que a Semel entre apoiando o evento para que haja um maior engajamento de atletas e união de forças”, disse ele.

O secretário explica que a quadra de areia da Folha 17, na Nova Marabá, próximo ao Hospital Municipal de Marabá, é de uso exclusivo para as modalidades de beach tennis, vôlei de areia e futevôlei.

SAIBA MAIS

Criado no final da década de 1980, na Itália, o beach tennis chegou ao Brasil em 2008, mais precisamente no Rio de Janeiro. Hoje, é praticado por milhares de pessoas. Os benefícios proporcionados pela modalidade explicam sua popularidade: queima de gordura, melhora do condicionamento físico, do reflexo; além de reduzir o estresse e fortalecer o sistema imunológico. (Ana Mangas)

“Como o beach tennis mudou a minha vida”

 

“O beach tennis entrou de forma despretensiosa na minha vida, já via muitos falarem mais ainda não tinha praticado o esporte. Eu sempre gostei de esportes na época da escola, mas depois de adulta não fazia mais parte da minha rotina.

Primeira vez que fui ao BT já me identifiquei, porém estava ainda acima do peso e fazendo dieta. Então, quase morri de exaustão. Nesse dia achei que fosse desmaiar. Vivi praticamente toda minha vida lutando contra o excesso de peso: engorda-emagrece-engorda, o famoso efeito sanfona e sempre odiei exercícios cardíacos na academia.

A partir do momento que decidi fazer aulas de BT e praticar de verdade o esporte, as mudanças foram cada dia mais visíveis na minha vida. Humor, saúde e disposição melhoraram. Essa modalidade vai além das areias, une pessoas, une famílias, é um ambiente saudável para estar em momentos de lazer com a família. É um esporte democrático, joga desde a criança pequena até um adulto de maior idade.

Além do bem estar físico que eu consegui no BT, que por gastar muitas calorias hoje eu consigo me manter no peso ideal, sem precisar fazer aquelas longas caminhadas ou corridas que me desgastavam e estressavam, por sempre lutar e não chegar ao meu objetivo. O BT me deu um bem estar emocional surreal, o prazer que o esporte gerou no meu emocional é difícil até de descrever, me fez ter prazer de ir de novo pra algum lugar que eu fosse fazer bem para o meu físico e para o mental.

Fernanda Pigatti (E) e Isabela Dantas, sua parceria de treino durante “esquenta” para competição no último sábado

Lá, a gente estabelece relações além daquelas anteriormente criadas em reuniões de comidas e bebidas. No BT, consegui criar amizades mais íntimas que vão além das quadras, é um local onde os celulares são esquecidos, só vemos pessoas com o telefone para registrar imagens uns dos outros. Até mesmo aquelas mensagens de WhatsApp ficam esquecidas, não recebem a mesma prioridade, elas ficam para serem respondidas depois, e olha que lá dentro da quadra a gente perde a noção do tempo”.

O bem estar foi tão nítido que mesmo resistindo, o meu marido se rendeu a praticar, porque segundo ele, se não fosse pro BT perderia a esposa e os filhos, pois todos já estavam “viciados” nesse mundo.

 

Hoje vivemos os 5 da nossa casa intensamente o BT, praticamente todos os nossos momentos de lazer têm sido com o envolvimento para o beach tennis, mesmo que não seja para todos jogarem, mas quem não está na quadra se diverte fora dela.

Costumamos dizer que antes do BT nossos momentos em família eram mais rotineiros, saindo para comer e beber. Hoje é ir jogar e, consequentemente, todos melhoraram peso e saúde. Ganhamos qualidade de vida.

As crianças se reúnem, os maridos conversam, as amizades se estreitam, amigos antigos que não eram mais próximos voltam a dividir lembranças; os filhos dos amigos da época de escola se conhecem e brincam juntos; amigos de escola passam a fazer dupla para jogos ou se unem à esposa para formar dupla e tudo se torna uma família.

Amigas adolescentes se confraternizam durante os jogos de beach tennis

Atualmente, cada um de minha casa faz aula 2 vezes na semana, 1 hora por dia. Mas os jogos para brincadeiras costumam ser de três a cinco vezes na semana e não tem regularidade de tempo. O BT é realmente muito intenso e maravilhoso.

Quando recebi o diagnóstico do médico que precisava operar um joelho porque o menisco estava rompido. Sem a cirurgia eu estava limitada a jogar o BT na intensidade que já praticava, chorei praticamente uma semana, até assimilar a minha condição atual e me readaptar ao meu limite, até que eu faça a cirurgia e volte com a mesma força. Pra você entender o quão forte o BT entrou na minha vida.

Hoje, estou na melhor fase da minha vida em relação à aceitação do meu corpo, hoje vejo possibilidades que antes achava que era impossível alcançar.

Quando as pessoas que não jogam chamam de “vicio”, não entendem que é muito mais que isso. Pessoas saíram de situações de crises de ansiedade, depressivas e mudaram realidades só com esse “vicio” que criaram no BT, que é além da areia, como já disse. Costumamos dizer que não é só beach tennis, vai muito além disso”. (Fernanda Pigatti, administradora de empresa, que pratica beach tennis em uma das arenas de Marabá)

 
Saiba as regras para jogar beach tennis

 

As regras do beach tennis se assemelham muito ao tênis, principalmente ao sistema de sets, games e pontos. Sabe aquela pontuação de 15, 30 e 40? No tênis de praia, é igual, mas não precisa abrir dois pontos de vantagem, como o tênis e o vôlei: vence o game quem fizer quatro pontos primeiro.

Ganha um set quem fizer seis games. Normalmente, o vencedor se consagra após vencer dois de três sets, mas quantidades de sets e de games podem ser ajustadas conforme a vontade dos jogadores e o regulamento do campeonato.

Crianças e adolescentes são principais alunos e usuários das quadras durante a tarde

Já os pontos são ganhos após a bola tocar no solo uma vez ou após falta na jogada. Cada jogador ou equipe só pode realizar um toque para passar para o outro lado. Se a bola cair na área de dentro das linhas de sua quadra, ponto para o adversário. Se cair para fora, o ponto vai para quem não tocou por último.

Por último, temos que falar sobre o local de jogo. A quadra de beach tennis possui 16 m de comprimento por 5 m de largura nos jogos individuais. Em dupla, a largura aumenta para 8 m. A rede é mais elevada do que o tênis convencional: 1,70 m de altura.

Como escolher uma raquete (não é barata)

As raquetes de tênis tradicional e de beach tennis são bem diferentes. A raquete do tênis de praia não é completamente vazada. Ela é feita com fibra de vidro, grafite, carbono e uma fibra sintética leve e resistente. Tudo isso, pensado especialmente para esse esporte, com o objetivo de proporcionar maior leveza e controle para o jogador.

Além disso, a raquete de beach tennis tem alguns furos na sua área maior, que bate na bolinha, diminuindo a resistência do ar durante a jogada. Assim, quanto mais furos, mais leve e veloz é a raquete.

A raquete com mais furos é ideal para jogadores com experiência, enquanto a com menos furos, é melhor para iniciantes e amadores, pois é mais fácil controlá-la.

Ao começar a praticar o beach tennis, é normal identificar estilos de jogo diferentes: mais veloz, mais controlado ou mais firme. Essas características auxiliam na escolha da sua raquete ideal. Esse produto pode variar de R$ 700 a R$ 3 mil, sendo que a maioria das pessoas compra raquetes que custam em torno de R$ 1,5 mil.

Raquetes da nova modalidade não são baratas, mas quem sempre há alguém disposto a emprestar no início

Mas, não é preciso se preocupar com isso logo de cara. É normal que, ao dar aulas ou alugar quadras, o próprio responsável pelo espaço empreste o instrumento. À medida que o aluno fica mais à vontade com o jogo, aí sim ele mesmo pode se interessar em ter sua própria raquete, alinhada com o seu estilo.

Beach tennis não é frescobol

Frescobol também é um esporte que se joga com raquetes e bolinha, mas a o objetivo é diferente. Ali, você não tem um adversário. O seu colega e você precisam rebater a bola o máximo possível sem deixá-la cair. No Beach Tennis, a veia do jogo é competitiva.