Correio de Carajás

Onda de assassinatos em Palmas deixa quase 60 mortos no ano

Secretário de segurança pública, Wlademir Costa, afirmou que estão sendo elaboradas novas estratégias para coibir os crimes e que a questão da segurança pública é uma responsabilidade do governo, mas precisa do apoio da população.

Assassinato aconteceu na segunda-feira (8) no Jardim Aureny I, em Palmas — Foto: Cintia Ribeiro Portilho/TV Anhanguera

Com seis mortes registradas em dois dias, a população de Palmas, principalmente quem mora nos bairros da região sul, está assustada com a violência. As forças de segurança se dizem empenhadas em coibir a criminalidade, investigar os casos e aumentar reforços. Mas desde o início de maio, aconteceu praticamente uma morte por dia, em média. Ao todo, 58 pessoas em 2023 na capital.

Na noite de terça-feira (9), três pessoas foram assassinadas no Jardim Vitória, Setor Janaína e Setor Sul. As vítimas tinham entre 18 e 23 anos, sendo que dois morreram por tiros de arma de fogo e um foi esfaqueado.

Em entrevista ao JA 1 nesta quarta-feira (10), o secretário de segurança pública, Wlademir Costa, deu explicações sobre as investigações dos crimes. O secretário falou que dentro do diagnóstico do perfil das vítimas, os crimes acontecem contra pessoas abaixo dos 30 anos e que em 75% dos casos, as mortes são através de arma do fogo.

Leia mais:

“São dados que, em tese, nos dá uma diretriz para as investigações e atuação mais enérgica da Polícia Civil. Só neste ano nós fizemos 27 prisões, ou seja, em quatro meses é um número muito grande de prisões. Isso mostra que a DHPP vem trabalhando incansavelmente para tirar das ruas as pessoas que, por ventura, vem sendo autores desses delitos”, explicou o secretário.

Dois assassinatos aconteceram na região Sul de Palmas na terça-feira (9) — Foto: Alessandro Ferreira/Agência Tocantins
Dois assassinatos aconteceram na região Sul de Palmas na terça-feira (9) — Foto: Alessandro Ferreira/Agência Tocantins

Além das investigações, que conforme o secretário podem ser concluídas em curto, médio e longo prazo a depender da complexidade, como saída para que as pessoas voltem a ter a sensação de segurança, o secretário informou que as equipes das delegacias especializadas estão recebendo reforços.

“Vamos trazer todos os reforços possíveis para trazer tranquilidade para aquela região. Por isso estamos fortalecendo a Denarc agora […], vamos traçar agora técnicas e estratégias para combater esse tipo de delito. Vamos reforçar a vigilância daqueles que estão presos que estão soltos, fora das suas regiões de monitoramento de tornozeleira para que se ele estiver errado, possa voltar para a cadeia. Então todo esse sistema de segurança pública estamos fazendo essa estratégia para a segurança pública”, disse.

Comparando dados

 

De 1º de janeiro até o dia 9 de maio deste ano, aconteceram 58 homicídios. No mesmo período de 2022, foram 18, um aumento de 222%. Sobre esses dados alarmantes, o secretário da segurança pública fez comparações com a onda de mortes registradas durante o carnaval, e que teve uma redução depois de ações mais ‘enérgicas’ da Polícia Civil com a Operação Tolerância Zero. Por isso as ações vão continuar.

“A DHPP tem trabalhado muito com prisões efetivas. Essa diminuição ocorreu e agora a gente percebe um novo movimento crescendo esse índice de homicídio. Nós vamos tratar agora uma nova ‘medicação’, que vai ser o reforço da Denarc e uma integração maior entre as inteligências para poder subsidiar as investigações”, completou o secretário.

Ações de grupos criminosos

 

Como a maior parte desses assassinatos é atribuída a facções com ramificações no Tocantins, o delegado da DHPP Eduardo Menezes explicou que o problema começa quando a situação é tratada somente como problema a ser resolvido pela Segurança Publica.

“A gente precisa sair desse ciclo em que há uma crise, a polícia atua, prende os principais responsáveis, há uma redução e em seguida um novo aumento. A gente precisa findar o recrutamento desses jovens de periferia e para isso precisa de políticas públicas que impeçam que os jovens de 15, 16 anos ao invés de optar por um caminho correto, de trabalho, eles acabam optando pelo caminho de ingressar no crime organizado. E esse ciclo não tem fim”, pontuou o delegado.

Sobre isso, o secretário Wlademir Costa afirmou que a segurança pública está trabalhando em conjunto com outros setores, principalmente a Educação, e que a inauguração do Núcleo de Atendimento Integrado (NAI), nesta quarta-feira (10), vai ser um apoio maior no acolhimento de adolescentes em medidas socioeducativas.

“Ela tem o papel fundamental para que não se chegue a esse ponto. Temos as crianças que precisam da atenção […]. A Segurança Pública é um dever do estado e estamos fazendo todos os meios para prover, porém ela é um direito e responsabilidade de todos. A sociedade precisa estar engajada cada vez mais para prover segurança pública. Assim, nós chegaremos à almejada paz social”, reforçou o secretário.

Policiamento nas regiões críticas

 

Quando à Polícia Militar (PM) responsável pelo policiamento das cidades, uma nova operação que começa nesta quarta-feira (10), vai reforçar o policiamento nas regiões mais críticas da cidade, segundo informou o major Marcos Morais, porta-voz da PM.

“O trabalho preventivo da Polícia Militar visa prevenir a criminalidade em geral, visa basicamente resgatar a sensação de segurança da população, que é compreensível nesse momento, e a gente precisa dar resposta pronta e imediata. Isso tem sido feito em todos esses momento que a gente observa essa declaração desses índices e o resultado tem sido positivo”, disse o major.

O representante da PM também explicou que cerca de 80% das prisões logo após as mortes aconteceram com ajuda de levantamentos feitos pelas equipes. “É importante o trabalho desses policiais que chegam primeiro no local, isolam o local de crime, recolhem as informações iniciais e subsidiam o trabalho da Polícia Civil”, completou.

Sobre o medo da população até mesmo de sair de casa, já que os crimes estão acontecendo no meio da rua e em muitas vezes durante o dia, o major explicou que não são ações aleatórias, mas sim contra pessoas envolvidas com a criminalidade.

“Se você é um cidadão de bem, que cumpre com suas obrigações, não financia a criminalidade, não faz parte dessa guerra, então esse crime não vai lhe atingir. Siga sua vida tranquila e confie no trabalho da Polícia Militar, que está por perto, confie no trabalho da Polícia Civil, que vai investigar”, alertou o major Moraes.

(Fonte:G1)