Correio de Carajás

OMS alerta sobre “emergência silenciosa” de nascimentos prematuros no mundo

Em uma década, 152 milhões de bebês nasceram precocemente no planeta, revela novo relatório da Organização Mundial da Saúde e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)

Foto: Free Pik

O nascimento prematuro se tornou a principal causa de mortes infantis, representando um em cada cinco de todos os óbitos antes dos 5 anos de idade. Entre 2010 e 2020, o mundo registrou 152 milhões de partos de bebês prematuros, de acordo com um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgado nesta terça-feira (9).

Estima-se que 13,4 milhões de bebês nasceram antes do tempo previsto em 2020, sendo que quase 1 milhão morreu de complicações, segundo o documento. Isso equivale a cerca de 1 em cada 10 bebês nascidos precocemente, antes de 37 semanas de gravidez, em todo o mundo. Enquanto isso, os sobreviventes prematuros podem enfrentar consequências para a saúde ao longo da vida, com maior probabilidade de incapacidade e de atrasos no desenvolvimento.

O relatório produzido pela OMS e Unicef em parceria com o PMNCH, aliança mundial para mulheres, crianças e adolescentes, soa o alarme sobre uma “emergência silenciosa” de nascimento prematuro, há muito pouco reconhecida em sua escala e gravidade, que impede o progresso na melhoria da saúde e sobrevivência das crianças.

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O documento inclui estimativas atualizadas da OMS e do Unicef, preparadas com a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, sobre a prevalência de nascimentos prematuros. No geral, conclui que as taxas de parto prematuro não mudaram em nenhuma região do mundo na última década, com 152 milhões de bebês vulneráveis nascidos prematuros de 2010 a 2020.

Lacunas de sobrevivência

O novo relatório destaca uma visão abrangente da prevalência de partos prematuros, bem como impactos para mulheres, crianças e para a sociedade. De acordo com a publicação, o local onde os bebês nascem é um fator determinante para a sobrevivência.

“Depois de cada morte prematura, há um rastro de perda e desgosto. Apesar dos muitos avanços que o mundo fez na última década, não fizemos nenhum progresso na redução do número de bebês nascidos muito cedo ou na prevenção do risco de morte. O custo é devastador. É hora de melhorar o acesso aos cuidados para mães grávidas e bebês prematuros e garantir que todas as crianças tenham um começo saudável e prosperem na vida”, disse Steven Lauwerier, diretor de Saúde do Unicef, em comunicado.

O documento aponta que apenas um em cada dez bebês extremamente prematuros (com menos de 28 semanas) sobrevive em países de baixa renda, em comparação com mais de nove em cada dez em países de alta renda. Além disso, grandes desigualdades relacionadas a raça, etnia, renda e acesso a cuidados de qualidade determinam a probabilidade de nascimento prematuro, morte e incapacidade, mesmo em países de alta renda.

O sul da Ásia e a África subsaariana têm as taxas mais altas de parto prematuro, sendo que as crianças dessas regiões enfrentam o maior risco de mortalidade. Juntas, essas duas regiões respondem por mais de 65% dos nascimentos prematuros em todo o mundo.

O relatório também destaca que os impactos de conflitos, mudanças climáticas e danos ambientais, da Covid-19 e do aumento do custo de vida estão aumentando os riscos para mulheres e bebês em todos os países. Estima-se que a poluição do ar contribua para seis milhões de nascimentos prematuros a cada ano. Quase um em cada dez bebês prematuros nasce nos dez países mais frágeis afetados por crises humanitárias, de acordo com uma nova análise do relatório.

“Garantir cuidados de qualidade para esses bebês pequenos e mais vulneráveis e suas famílias é absolutamente imperativo para melhorar a saúde e a sobrevivência infantil. O progresso também é necessário para ajudar a prevenir partos prematuros – isso significa que toda mulher deve ter acesso a serviços de saúde de qualidade antes e durante a gravidez para identificar e gerenciar riscos”, pontuou Anshu Banerjee, diretor de Saúde Materna, Neonatal, Infantil e Adolescente e do Envelhecimento da OMS, em comunicado.

Riscos para a saúde materna, como gravidez na adolescência e pré-eclâmpsia, estão intimamente ligados a partos prematuros. Nesse contexto, os especialistas destacam a necessidade de garantir o acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo planejamento familiar eficaz, com atendimento de alta qualidade na gravidez e no momento do parto.

Ativismo

Na década analisada, houve um crescimento do ativismo comunitário sobre parto prematuro e prevenção de natimortos, impulsionado por redes de pais, profissionais de saúde, academia e sociedade civil.

Segundo o relatório, em todo o mundo, grupos de famílias afetadas por nascimento prematuro têm estado na vanguarda da defesa do acesso a melhores cuidados e mudança de políticas e apoio a outras famílias.

A OMS, o Unicef e demais instituições incentivam que os países implementem ações para melhorar o atendimento a mulheres e recém-nascidos e reduzir os riscos de partos prematuros.

Entre as medidas estão o aumento de investimentos, o cumprimento de metas de implementação de políticas públicas na área, a integração entre setores e o apoio à inovação e pesquisa.

(Fonte: CNN Brasil/Lucas Rocha)