São Félix é um dos seis núcleos que compõem a área urbana do município de Marabá. Estima-se, atualmente, que a população local já ultrapassou os 70 mil habitantes.
É possível dizer, inclusive, que nos últimos dez anos, o número de residentes quase triplicou, tornando o local um dos que possuem o maior índice de crescimento populacional em Marabá.
A história do núcleo está diretamente relacionada com os fatores geoeconômicos do município, como o ciclo das gemas (diamantes e cristais) e o extrativismo vegetal (castanha e caucho).
Leia mais:De acordo com a literatura, a descoberta dos depósitos de gemas fez com que muitos garimpeiros e comerciantes chegassem à região e, embora Marabá – na época restrita somente a Velha Marabá e ao Bairro Amapá – tivesse uma infraestrutura básica, os imigrantes acabaram montando acampamentos próximos aos pedrais do São Félix e da praia do Espírito Santo. Foi, então, que surgiu o povoado de São Félix de Valois, nome dado em homenagem ao santo padroeiro de Marabá.
Com isso, os acampamentos foram crescendo e concentrando vários estabelecimentos comerciais e de lazer, como: bares, restaurantes, hotéis e bordeis.
O trabalho dos garimpeiros foi aumentando com o passar do tempo e com isso surgiram escolas, postos de saúde e postos de negociação mineral no local. Contudo, a extração desenfreada levou, em meados da década de 1950, a vila a uma profunda crise. Muitos estabelecimentos fecharam e houve um esvaziamento populacional, com muitos moradores decidindo ir morar na Velha Marabá.
Porém, a vila, como era conhecida, ainda servia de abrigo durante as enchentes que atingiam a cidade todos os anos. E São Félix acabou se tornando uma comunidade de pescadores e extrativistas florestais.
Em 1969 aconteceu a maior mudança estrutural do então vilarejo, a inauguração da PA-70 (atual BR-222). Na época, era feita uma ligação de balsa entre o Porto das Balsas do São Félix e o Porto dos Pedrais do Tocantins (na margem oposta, onde hoje é a Folha 8).
Segundo os mais antigos, o sistema das balsas que ligava os dois pequenos portos deu uma enorme alavancada no comércio da Vila de São Félix.
Em janeiro de 1984 foi iniciada a construção da ponte rodoferroviária, que serviria para escoar a produção mineral pela Estrada de Ferro Carajás (EFC) e atravessar, de uma ponta a outra, os veículos pela rodovia, substituindo as balsas.
Pouco mais de um ano depois, em fevereiro de 1985, a ponte foi inaugurada, permitindo um maior fluxo de pessoas, mercadorias e serviços. E, em meados de 1987, vão surgindo as primeiras ocupações ao longo da rodovia, dando início ao que hoje é o Bairro São Félix II.
Na década de 1990, as ocupações São Félix I, II e III são reconhecidas como bairros de Marabá, dando início a uma nova ocupação: os loteamentos e residenciais que formaram novos bairros, como Novo Progresso, Vale do Tocantins, Residencial Paris, Francolândia e Residencial Magalhães, este último seria inserido no antigo programa Minha Casa, Minha Vida, mas foi abandonado pelo governo federal em 2017, tendo sido ocupado de forma irregular por dezenas de famílias que hoje estão totalmente adaptadas e inseridas no local.
Vale ressaltar que nos últimos anos, o Núcleo São Félix passou a ser visto com um novo olhar pelos empresários de vários segmentos, inclusive do ramo imobiliário, que têm investido em condomínio fechados, como o Grupo Mirante Empreendimentos.
Vale precisa contratar mão de obra do São Félix
Com um investimento de mais de R$ 4 bilhões, a construção das novas pontes (rodoviária e ferroviária) sobre o Rio Tocantins iniciaram no final do mês de agosto do lado do Núcleo São Félix e, somente depois, as obras passarão para o lado da Nova Marabá. A previsão é de que a construção seja concluída em cinco anos.
Com o objetivo de aumentar a capacidade da Estrada de Ferro Carajás (EFC), melhorar o fluxo de tráfego ferroviário e mitigar os riscos de negócio, o projeto da mineradora Vale inclui duas pontes, uma ferroviária e outra rodoviária, para auxiliar a ligação entre o sudeste do Pará e o restante do país.
Nesse primeiro momento estão sendo feitas as limpezas das áreas adjacentes, remoção de interferências – a chamada etapa de supressão – e iniciado o serviço de terraplanagem, para montagem do material de apoio e canteiros de obras. A construção efetiva da ponte é planejada para o próximo ano, 2023.
As duas novas pontes serão construídas de forma independente ao lado da já existente, que é rodoferroviária. A nova ponte rodoviária será responsável por receber o tráfego de veículos pesados, como caminhões e carretas e, assim, aliviar o tráfego da ponte mais antiga, que está há 37 anos auxiliando automóveis de passeio, veículos pesados e o trem de carga e passageiros da mineradora.
Segundo a Vale, foi feito um mapeamento do projeto e 30 famílias serão diretamente impactadas pelos sete quilômetros de extensão de obras da nova ponte e, com isso, estão sendo removidas do local.
Contudo, todos os moradores de Marabá que precisam atravessar o Rio Tocantins, principalmente os que moram no complexo São Félix-Morada Nova, e dos bairros da Nova Marabá, como: Nossa Senhora Aparecida e Araguaia, serão impactados diretamente com a construção das novas pontes, já que canteiros de obras serão instalados aos redores.
Marabá vive uma sensação de expectativa por conta da grandiosidade da obra e do valor que será repassado ao município como contrapartida da mineradora pela construção das novas pontes e os impactos causados. Com um recurso de R$ 75 milhões pela compensação da obra, cerca de R$ 70 milhões serão destinados para obras de pavimentação, e apenas R$ 5 milhões para a saúde.
Perante os vereadores, a Vale se comprometeu em oferecer formação para moradores do Núcleo São Félix para que trabalhem nas obras da nova ponte. (Ana Mangas)