Fortalecer a base, recepcionar os novos advogados e unificar a categoria. Essas são as estratégias do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Seção Pará, Alberto Campos, para manter a coesão da classe. Em visita à Marabá na última sexta-feira, 18, para participar de uma programação na Subseção local, Campos falou com exclusividade ao CORREIO sobre os desafios da Ordem, o funcionamento do processo eleitoral, além do caso da reviravolta no resultado da eleição da entidade de classe no município.
Segundo o presidente, um dos maiores desafios de gerir a Ordem dos advogados do Brasil no Pará é conseguir alcançar todos os municípios de um Estado continental. “Atualmente, o Pará possui 25 Subseções. A gente procura estar sempre em contato com a advocacia do interior, com os presidentes e diretores de Subseção, além de conversar com os colegas, com os estudantes e novos advogados. Precisamos dar infraestrutura para a advocacia do interior do Estado, para poder exercer a sua profissão com dignidade e é isso que nós buscamos fazer. Também lutamos para oferecer a estrutura nos fóruns, para que os advogados, inclusive aqueles que estão em trânsito, possam exercer a sua profissão com aquelas salas de apoio, internet, com computador, impressoras que possam utilizar para o processo judicial eletrônico, além de dar treinamento aos advogados”, resume.
Processo eleitoral – Campos explica que a estrutura do processo eleitoral da OAB é semelhante às eleições municipais e estaduais ao qual estamos habituados a participar, havendo propostas de gestão que visam a inovação e melhoria da Ordem. “Em um só pleito, quando você participa de uma eleição em uma subseção, você vota duas vezes, tanto na diretoria da subseção quando na seccional. E as chapas participantes trazem muitos debates de ideias, projetos. Alguns querendo a manutenção da sua forma de administrar, outros, pretendendo entrar para mostrar à classe uma nova forma de dirigir. Mas sempre são disputas muito salutares, com respeito, afinal de contas somos colegas e acaba o pleito eleitoral e nós vamos nos encontrar nos fóruns e audiências. A rixa tem que encerrar após o resultado das eleições”, defende.
Leia mais:Caso da Subseção Marabá – Sobre o caso da impugnação da chapa vencedora das eleições para o triênio 2019-2021, a “Avante OAB Marabá”, presidida pelo advogado Ismael Gaia, após denúncia de inelegibilidade de um de seus membros, apontada pela chapa concorrente, a “Inova OAB Marabá”, presidida por Joziani Bogaz Collinetti, Alberto Campos afirma que todo o processo foi realizado por uma comissão eleitoral, preparada para lidar com este tipo de caso.
“Aqui em Marabá houve discordância em relação ao processo eleitoral. Uma das chapas se sentiu prejudicada com o registro da vencedora e, entendendo que havia irregularidades, interpôs os recursos previstos. A comissão eleitoral foi acionada para cuidar do caso, utilizando todos os recursos disponíveis no nosso estatuto para dirimir esse tipo de questionamento. Ao final, veio a decisão que consagrou o entendimento de que a chapa presidida pela Dra. Joziani é a vencedora”, explica.
A respeito das supostas animosidades geradas entre os advogados da região após o processo eleitoral da Subseção Marabá, Alberto Campos afirma que é importante que as disputas dentro da classe se restrinjam ao processo eleitoral. “A eleição terminou, então aqueles colegas que participaram da eleição apostando no outro projeto e que estiverem à vontade para participar da administração da Dra. Joziani, fiquem à vontade para vir, comparecer. Inclusive, vamos aproveitar a visita para dar posse a diversas comissões”, disse.
Joziane e a pacificação – Empossada no dia 5 de setembro, após a impugnação da chapa “Avante OAB Marabá”, a advogada Joziani Collinetti e seu vice Rodrigo Albuquerque Botelho da Costa vão presidir a Subseção da Ordem em Marabá pelos próximos dois anos e meio. Assim como Alberto Campos, Collinetti aposta em uma gestão que preze pelo fortalecimento da categoria, deixando o passado para trás. “O nosso discurso, desde a campanha, sempre foi de inclusão. A nossa maior preocupação enquanto Subseção é a integração dos colegas para o fortalecimento da coletividade de advogados. Temos uma entidade de classe forte, somos mais de 700 advogados e temos condições de trabalhar coletivamente. Não dá para fazer uma Subseção individual”, pondera.
Ainda de acordo com Collinetti, este espírito de coletividade deve ser cultivado desde a formação dos futuros advogados. Ela prega que, para isso, é fundamental o constante diálogo entre os atuais e futuros profissionais da área. “A integração do profissional com o estudante faz com que a nossa profissão seja ainda mais nobre, reconhecida e valorizada”.
Questionada se o mercado regional não estaria lotado com tantos advogados, a presidente da Subseção afirma que, com certeza, ainda há espaço para muitos novos profissionais que estão chegando. Cita que, além do curso da Unifesspa, a Faculdade Carajás deverá formar primeira turma ano que vem e a Pitágoras acaba de abrir a primeira turma. “A advocacia é uma excelente profissão, um ofício prazeroso, e o profissional que pretende trabalhar na área sempre encontra caminhos para a atuação”, garante.
Ela citou a realização, na última sexta-feira, de um júri simulado envolvendo alunos da faculdade de direito na sede da Subseção da OAB, na Folha 26, com contribuição de vários advogados experientes da Comarca de Marabá.
Um deles, Odilon Braga, ressalta que o júri simulado é de extrema importância na construção acadêmica do futuro criminalista, e “o formato proposto pela OAB/PA atendeu nossas expectativas, os estudantes se empenharam e sustentaram suas respectivas tribunas com afinco”. (Ulisses Pompeu e Bianca Levy)