Rosemar Pereira da Silva, de 56 anos, faz parte deste time de fadas madrinhas que optou por trabalhar na coletividade expressando todo seu talento em uma sala repleta por máquinas, linhas, agulhas e, principalmente, esforço.
“Entrei nesse mundo em 2011, quando fiz meu primeiro curso básico. Aprendi na prática, fazendo mesmo. Já era uma paixão, alimentada pelo incentivo de um amigo enfermeiro. Desde então, venho aprimorando minhas habilidades e, hoje, após mais de uma década, continuo apaixonada pelo que faço”, diz Rosemar, que atualmente trabalha no Galpão da Moda há três anos.
O caminho de Rosemar na costura não foi apenas marcado pela habilidade técnica, mas também pela necessidade de se adaptar ao mercado local. Ela, que mora na Marabá Pioneira, desabafa que decidiu fazer parte do time do Galpão porque por muitas vezes sentiu a pedra no sapato de ver pessoas não valorizarem seu trabalho da maneira que merecia.
Leia mais:A costureira explica que, muitas vezes, é difícil precificar seu trabalho, motivo pelo qual decidiu trabalhar fora.
Dentro do Ateliê, Rosemar se dedica principalmente a ajustes, uma tarefa que ela descreve como desafiadora: “Não confecciono peças aqui, apenas faço ajustes. Desmanchar uma costura para ajustar uma peça pronta é mais difícil do que começar do zero. Temos que lidar com diferentes tipos de ajustes, desde simples até os mais complexos”, diz ela.
Questionada sobre o que a motiva a continuar mesmo enfrentando desafios como a desvalorização do trabalho, Rosemar responde com convicção que não se vê fazendo outra coisa. Mesmo com a idade que tem, a costura é, definitivamente, sua paixão. Para ela, é gratificante transformar um pedaço de tecido em uma peça única. Já não se vê parando. Mesmo quando não está no ateliê, está costurando em casa para suas filhas.
A profissional destaca a importância do trabalho personalizado em um mundo inundado por roupas prontas: “A tabela industrial nem sempre bate com as medidas de cada pessoa. A costureira desenha, corta e costura de acordo com as medidas reais do cliente. Somos artistas que transformam tecido em arte”.
Em um apelo à valorização do trabalho da costureira ela caracteriza como um trabalho sério e árduo, se impõe ao dizer que são tão importantes quanto outros profissionais. Segundo ela, as pessoas precisam entender que não estão apenas produzindo algo, mas sim entregando um trabalho artístico.
“Se o preço é aquele, é preciso respeitar. Se não puder pagar, procure em outro lugar. Valorize o trabalho da costureira”, pontua. Assim, ela personifica a dedicação, paixão e resiliência que permeiam o universo das costureiras, destacando a importância desse ofício muitas vezes subestimado.
(Thays Araujo)