Instituições financeiras aumentaram as ações de combate ao uso de contas correntes por golpistas.
A decisão de fechar o cerco sobre operações financeiras suspeitas partiu da Febraban, a Federação Brasileira de Bancos. De agora em diante, as instituições vão bloquear transações suspeitas e encerrar imediatamente contas abertas em nome de “laranjas” ou contas “frias”, que usam dados roubados de pessoas inocentes para receber dinheiro de golpes e fraudes.
As instituições financeiras também ficam obrigadas a cancelar contas de empresas de apostas online, as chamadas bets, que não tenham autorização do governo para funcionar. O presidente da Febraban, Isaac Sidney, diz que o objetivo é impedir a circulação de dinheiro ilícito:
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“Nós vamos fazer um pente-fino, uma força-tarefa para identificar essas contas, para encerrar imediatamente, para reportar ao Banco Central, ao Coaf, à Receita Federal, à Secretaria de Prêmios e Apostas. Porque, com isso, a gente consegue interromper o fluxo da cadeia do dinheiro sujo, que é fundamental nesse momento”, afirma Isaac Sidney, presidente da Febraban.
As novas medidas vêm dois meses depois da operação que revelou que o PCC usava fintechs e fundos de investimento para lavar o dinheiro da sonegação fiscal, da adulteração de combustíveis e até do tráfico de drogas. Nos últimos anos, investigações mostraram que golpistas, que agem tanto pela internet quanto pelo telefone, usavam contas abertas em nome de terceiros para receber o dinheiro das vítimas.
Em 2024, o prejuízo com golpes no setor financeiro foi de mais de R$ 10 bilhões.
Para fazer esse controle mais rigoroso, os bancos vão redobrar a atenção sobre comportamentos que servem como um sinal de alerta. Por exemplo: uma movimentação financeira muito superior ao rendimento mensal, saques de valores altos em menos de 24 horas e a transferência de todo o dinheiro de uma conta para várias outras em um único dia.
Pierpaolo Cruz Bottini, professor de Direito Penal da USP, avalia que a iniciativa da Febraban deve ajudar as autoridades a impedir que o dinheiro sujo entre no sistema financeiro:
“É muito importante que os operadores privados, que atuam nesses setores, possam identificar a ocorrência e também comunicar ao poder público dessas atividades suspeitas por que isso alimenta de informação os órgãos institucionais como o COAF o Ministério Publico, que a partir dai podem atuar de forma repressiva identificar esses movimentos, desbaratar o crime organizado através da interrupção do seu fluxo financeiro”.
(Fonte:G1)
