Correio de Carajás

O Jornal como agente do tempo

O impresso tanto é importante pelo se conteúdo quanto pela sua forma, pois indica mais do que notícias, indica as condições materiais de produção que é possível em cada período de nossa história. Quem faz essa afirmação é o historiador Erinaldo Cavalcanti, professor doutor da Unifesspa – Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. Ele explica que a aceitação dos jornais como documento de pesquisa científica se deu a partir da Escola dos Annales, um movimento historiográfico surgido na França durante a primeira metade do século XX, que permitiu grandes modificações metodológicas e maior conhecimento do cotidiano do passado.

Segundo Eri, inicialmente questionava-se muito a validade dessa fonte por ser demasiada subjetiva, já que continha a impressão do jornalista, mas a própria concepção do subjetivo passou a ser problematizada. Assim, os jornais impressos se constituem como uma fonte privilegiada, riquíssima de possibilidades para a história. Antes de analisar o conteúdo, a materialidade oferece, por exemplo, uma importante leitura das questões técnicas, identificando a tecnologia disponível naquele momento.

Um jornal da década de 1920, por exemplo, vai nos mostrar qual tecnologia era possível na época, o que pode ser visto pelas fontes, pelas cores, como a mudança do preto e branco para a policromia (colorido), ou mesmo quando só era possível ter letras nos jornais, pois não havia como inserir imagens.

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Além de oferecer essa leitura do tempo, o jornal permite pensar na dimensão das profissões, dos trabalhadores que estarão mobilizados na construção do conteúdo, que passam por questões gráficas e de editoração, o que nos dá vestígios sobre a multiplicidade de funções no universo do trabalho.

“À medida que a gente vai folheando um jornal, se torna possível compreender os diversos elementos, de profissões e de técnicas disponíveis em cada momento histórico”, explica Erinaldo Cavalcante.

O poder do jornal

As relações de poder também são reveladas na produção do jornal, onde cada notícia é colocada, sendo as consideradas mais importantes editadas nas páginas ímpares, que são mais visualizadas do que as pares dentro do campo de visão do leitor. “O lugar onde cada notícia aparece no jornal é muito significativo para compreender a linha editorial [de determinado veículo]”, reafirma.

“Essa seleção de conteúdo e a distribuição são muito significativas”, explica o historiador, acrescentando que as relações de poder construídas no jornal definem o que torna possível uma matéria e não outra aparecer na primeira página do jornal.

Ainda segundo o professor Erinaldo, o jornal também mostra vestígios sobre determinadas interpretações que os grupos sociais têm sobre a nossa história. Portanto – para ele – compreender a história a partir desses relatos jornalísticos é muito significativo, sem que o jornal seja [necessariamente] uma fonte de verdade absoluta.

“Não compactuo dessa interpretação, porque não existe documento nenhum que se encontre nele a verdade. A verdade é construída nas relações; o que os jornais oferecem são ricas interpretações e diferentes explicações narrativas acerca da realidade dos homens. O jornal é um espaço rico de registros das interpretações que os homens fizeram sobre fatos históricos”, alinhavou. (Chagas Filho)

 

O impresso tanto é importante pelo se conteúdo quanto pela sua forma, pois indica mais do que notícias, indica as condições materiais de produção que é possível em cada período de nossa história. Quem faz essa afirmação é o historiador Erinaldo Cavalcanti, professor doutor da Unifesspa – Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. Ele explica que a aceitação dos jornais como documento de pesquisa científica se deu a partir da Escola dos Annales, um movimento historiográfico surgido na França durante a primeira metade do século XX, que permitiu grandes modificações metodológicas e maior conhecimento do cotidiano do passado.

Segundo Eri, inicialmente questionava-se muito a validade dessa fonte por ser demasiada subjetiva, já que continha a impressão do jornalista, mas a própria concepção do subjetivo passou a ser problematizada. Assim, os jornais impressos se constituem como uma fonte privilegiada, riquíssima de possibilidades para a história. Antes de analisar o conteúdo, a materialidade oferece, por exemplo, uma importante leitura das questões técnicas, identificando a tecnologia disponível naquele momento.

Um jornal da década de 1920, por exemplo, vai nos mostrar qual tecnologia era possível na época, o que pode ser visto pelas fontes, pelas cores, como a mudança do preto e branco para a policromia (colorido), ou mesmo quando só era possível ter letras nos jornais, pois não havia como inserir imagens.

Além de oferecer essa leitura do tempo, o jornal permite pensar na dimensão das profissões, dos trabalhadores que estarão mobilizados na construção do conteúdo, que passam por questões gráficas e de editoração, o que nos dá vestígios sobre a multiplicidade de funções no universo do trabalho.

“À medida que a gente vai folheando um jornal, se torna possível compreender os diversos elementos, de profissões e de técnicas disponíveis em cada momento histórico”, explica Erinaldo Cavalcante.

O poder do jornal

As relações de poder também são reveladas na produção do jornal, onde cada notícia é colocada, sendo as consideradas mais importantes editadas nas páginas ímpares, que são mais visualizadas do que as pares dentro do campo de visão do leitor. “O lugar onde cada notícia aparece no jornal é muito significativo para compreender a linha editorial [de determinado veículo]”, reafirma.

“Essa seleção de conteúdo e a distribuição são muito significativas”, explica o historiador, acrescentando que as relações de poder construídas no jornal definem o que torna possível uma matéria e não outra aparecer na primeira página do jornal.

Ainda segundo o professor Erinaldo, o jornal também mostra vestígios sobre determinadas interpretações que os grupos sociais têm sobre a nossa história. Portanto – para ele – compreender a história a partir desses relatos jornalísticos é muito significativo, sem que o jornal seja [necessariamente] uma fonte de verdade absoluta.

“Não compactuo dessa interpretação, porque não existe documento nenhum que se encontre nele a verdade. A verdade é construída nas relações; o que os jornais oferecem são ricas interpretações e diferentes explicações narrativas acerca da realidade dos homens. O jornal é um espaço rico de registros das interpretações que os homens fizeram sobre fatos históricos”, alinhavou. (Chagas Filho)