A mitologia grega atribui a Hércules, seu herói, doze façanhas. A Bíblia nos conta a fantástica história de Sansão, que realizou sete feios memoráveis. Num ramo em que vários empresários implantaram loteamentos em Marabá e deixaram um legado de problemas, Gilson Alves Pereira transformou-se em um empreendedor de sucesso e respeitado neste segmento na cidade e agora lança o quinto empreendimento, com 500 lotes em uma das áreas mais desejadas do município.
A partir do boom imobiliário de 2009, após o anúncio do Projeto Alpa, da Vale, mais de 20 empreendimentos imobiliários – a maioria loteamentos – foram implantados em Marabá, espalhados por quase todos os núcleos: São Félix, Nova Marabá, Cidade Nova. A grande maioria surgiu por incorporadoras de fora, que venderam os lotes e “vazaram” da cidade, deixando para trás os problemas para os moradores. Em muitos dos casos, eles recorreram à Justiça para tentar garantir a infraestrutura prometida pelos vendedores.
Gilson Alves, de 53 anos, chegou a Marabá nesta época e implantou o Condomínio Mirante do Vale, que se transformou em exemplo para o segmento e ganhou status de um dos melhores lugares para morar na cidade. Para alguns corretores do município, que vendem imóveis de diversas incorporadoras, o segredo do sucesso dos empreendimentos da Mirante está no fato de o dono, Gilson Alves, morar em Marabá e estar sempre presente em todas as obras.
Leia mais:Abaixo, acompanhe principais trechos da entrevista com Gilson Alves, concedida ao jornalista Ulisses Pompeu.
CORREIO – Onde o senhor nasceu e como veio parar em Marabá?
Gilson Alves – Sou natural do Estado da Bahia, de uma comunidade chamada Monte Alegre, que depois ganhou status de município e o nome de Mirante. Meu pai era fazendeiro e nasci e me criei nesse ambiente rural. Eu adorava mexer com fazenda, por mim seria um eterno fazendeiro. Mas aos 20 anos de idade me mudei para São Paulo, onde morei por 14 anos.
Eu tinha vários parentes na capital paulista e acabei gostando da grande cidade e não voltei mais para a fazenda na Bahia. E desde 1988 trabalho com condomínios fechados – verticais ou horizontais. Meu primeiro emprego foi na prestação de serviço para condomínio, como auxiliar técnico de telecomunicação de uma empresa, que ainda existe em São Paulo. Quando um empreendimento estava semiacabado, a gente ia fazer toda a parte de segurança, de comunicação. Trabalhei no Alphaville e desde 1988 eu prestei serviço pra praticamente todos os condomínios deles, em Barueri.
CORREIO – E quando o senhor começou a atuar na área de construção de condomínios propriamente dito?
Gilson Alves – Como construtor, eu mudei para Limeira, interior de São Paulo em 1998. Conheci uma empresa na qual eu trabalhei algum tempo, já era um pouco parceiro deles, e onde eu profundei mais na questão de implantação, de aprovação de projetos. Eu trabalhava direto com a engenharia, licenciamento, enfim, lidar com essa parte de incorporação imobiliária. E mudei para Palmas em 2002 com essa intenção de criar uma carreira solo de empreendimentos imobiliários.
Em 2005, a gente começou um projeto de aprovação do Condomínio Mirante do Lago, que continua sendo o metro quadrado mais cobiçado da capital tocantina. Ele foi meu primeiro grande empreendimento independente. Foi fruto do trabalho que eu já vinha desenvolvendo, até porque já fazia quase 20 anos que eu tinha saído da Bahia, de onde meu pai e minha mãe moram até hoje. mas os ensinamentos de procedimentos de como lidar com pessoas e negócios, isso aprendi com meus pais. Se eu não tivesse essa formação, com certeza jamais conseguiria chegar até aqui.
CORREIO – Por que trocou Palmas e veio para Marabá?
Gilson Alves – Em 2010 eu já estava finalizando o Mirante do Lago, com 463 unidades em uma área de aproximadamente nove alqueires. Achei que o mercado de Palmas já tinha saturado. E aí eu procurei outros horizontes, implantei dois empreendimentos em Guaraí, Tocantins, e logo em seguida vim para Marabá, porque é uma cidade que estava em franco desenvolvimento.
O primeiro no Pará, na verdade, foi um loteamento em Eldorado do Carajás, chamado Residencial Ipê. É tão interessante que foi o primeiro projeto aprovado também a primeira escritura que saiu naquela cidade, além de ser a primeira regularização fundiária em forma de loteamento. E no final de 2010 nós viemos para Marabá. Hoje, nós estamos em Marabá, Eldorado, Parauapebas e Novo Repartimento. Aqui em Marabá estamos lançando o quinto condomínio fechado.
CORREIO – Por que o senhor escolheu investir apenas em condomínios fechados em Marabá?
Gilson Alves – O mercado de Marabá tem uma grande oferta de loteamentos abertos, ou seja, a cidade normal. No sentido Nova Marabá, Cidade Jardim, Delta Park e até mesmo no São Félix há oferta dele. Não vou dizer que o mercado está saturado, mas a oferta é grande. Pouco maior do que a demanda ainda para os próximos cinco anos, pelo menos.
E resolvi investir em condomínios fechados exatamente para atender aquele cliente que quer migrar para um espaço restrito de acesso de pessoas e veículo. Os loteamentos tradicionais abertos nós trabalhamos em Guaraí, Eldorado dos Carajás e Novo Repartimento.
CORREIO – O senhor chegou a Marabá num tempo de boom imobiliário. E continua lançando mais condomínios. Como se explica isso?
Gilson Alves – Para você conseguir implantar um empreendimento mesmo em momentos de crise, é preciso vir para ficar. E eu tomei essa decisão lá atrás e transformei Marabá na base da nossa empresa. Até falei para alguns amigos meus que alegavam dificuldade de implantar um condomínio aqui em Marabá: “não estou contando com o número de habitantes que a cidade tem hoje, que era lá em 2010. O que vier a mais poderá ser lucro, mas eu vim para fazer, para ficar. Independente se acontecer Alpa ou divisão do estado, então a Mirante veio para formar uma base em Marabá. Acho que foi com esse pensamento que eu consegui ficar porque os outros não, talvez poderiam ter vindo pelo sonho de Marabá com 500 mil habitantes, o que não aconteceu ainda. E eu já vim para fazer o empreendimento, não pensando no que poderia acontecer no entorno.
Eu adoro de Marabá e até sou suspeito para falar. Eu gosto muito daqui, apesar de apreciar todas as cidades por onde já passei, mas aqui foi onde mais me identifiquei. Tenho vários projetos e muitas áreas para a gente construir juntos nesta cidade.
CORREIO – Então, ainda pretende abrir novos empreendimentos na cidade?
Gilson Alves – Sim, temos projetos para o futuro. Por exemplo, estamos lançando aqui o Riviera na área do Castanheira Empreendimentos, em parceria com a família Castanheira, mas temos ali uma área para construir mais três condomínios fechados. Então, o nosso sonho é transformar toda aquela região em uma área de condomínios e desenvolver a cidade.
CORREIO – E não tem previsão de lançar nenhum empreendimento para a classe popular?
Gilson Alves – Nesse momento nós estamos trabalhando na classe média e classe média alta. Mas temos um projeto em andamento, inclusive na prefeitura, para atender a classe popular no Núcleo Cidade Nova, apesar que lá no São Félix temos dois condomínios que não são de classe média, talvez atenda a classe popular, podendo construir uma casa em torno de R$ 180 mil, encaixando no Minha Casa, Minha Vida, com renda da classe média para baixo.
CORREIO – Há muita burocracia em Marabá para conseguir licenças para implantação de um empreendimento?
Gilson Alves – Para implantar empreendimento desse porte a gente sabe que é complexo, tanto para a empresa que pleiteia as aprovações quanto para os órgãos públicos, seja ambiental, de regularização fundiária ou outro. Claro que a dificuldade existe, não vou usar o termo burocrático, talvez o poder público é mais criterioso e aprofunda muito na questão da análise do projeto, o que acaba demorando um certo tempo. Mas sai no tempo certo. Então eu só tenho a agradecer uma parceria que a gente sempre tem em todos os municípios por onde passamos, especialmente em Marabá, onde a Prefeitura tem nos atendido sempre de braços abertos.
CORREIO – E os condomínios fechados têm mais rigores em relação à questão ambiental?
Gilson Alves – Nessa questão do meio ambiente até a lei já especifica bastante e é muito clara. Quando a gente começa a conceber um projeto damos uma ordem para os nossos profissionais arquitetos, engenheiros civis, engenheiros ambientais para que cumpram todas as determinações da lei. Pode até ficar um pouco mais caro, mas desde que atenda bem a sociedade e também ao meio ambiente, criando uma harmonia entre os empreendimentos e a cidade.
A cada empreendimento deixamos a área institucional externa ao empreendimento, que é para o poder público e a sociedade terem acesso. Além disso, criamos também as áreas verdes, de uso comum, que seria uma substituição da área institucional, que é a área de uso comum interna para uso dos condôminos. Então a gente já faz o projeto contemplando os dois.
CORREIO – E quantas pessoas trabalham nos condomínios da Mirante, atualmente?
Gilson Alves – Atualmente, só o Mirante do Vale tem em torno de 20 funcionários, mas calculamos que há outros 400 que trabalham prestando serviço na construção das casas, manutenção, jardins, fora os outros condomínios. Mas da Incorporadora Mirante, nós geramos 120 empregos diretos. (Ulisses Pompeu)