Acidentes aéreos mataram 148 pessoas em 2024, um aumento de 92% em relação a 2023 e a maior quantidade desde 2014, quando começou a série histórica com os dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Aeronáutica. Nesta sexta (7), a queda de uma aeronave de pequeno porte na Barra Funda, em São Paulo, deixou dois mortos e seis feridos. Segundo o Cenipa, janeiro de 2025 já registra 19 ocorrências, quatro deles com vítimas fatais.
O acidente aéreo que matou 10 pessoas em 6 de janeiro, em Gramado, foi o segundo maior do Brasil no ano, e o com mais vítimas entre os casos com aviões de pequeno porte. A única tragédia que teve mais mortes em 2024 foi a queda do avião da VoePass, em agosto, quando 62 pessoas morreram.
Dois acidentes, um na cidade de Manoel Urbano (AC) e outro em Itapeva (MG), tiveram sete mortes. Em outubro, um acidente aéreo em Ouro Preto matou seis pessoas. Outros dois tiveram cinco mortes: um em Paraibuna (SP), em outubro, e antes em Apiacás (MT), em agosto.
Leia mais:As 148 mortes de 2024 são um recorde na série histórica do Cenipa, que começou em 2014. Naquele ano, houve 83 vítimas fatais em acidentes aéreos. O único ano que superou a marca das 100 mortes, antes de agora, foi 2016, com 104 vítimas. O resultado de 2024 já é 42% maior do que o segundo colocado do ranking.
O número está inflado pela tragédia da VoePass. Mas, mesmo se as 62 vítimas daquele caso fossem desconsideradas, o ano continuaria com um patamar muito alto de mortes. Seriam 86, o segundo maior da série histórica do Cenipa.
Apesar da alta fatalidade, o resultado de 2024 não foi o maior em quantidade de acidentes com mortes. Foram 41, um aumento de 36% em relação a 2023. Mas houve resultados piores em outros anos: 47 em 2015 e 45 em 2016.
Aviação privada lidera entre os acidentes fatais
Mais da metade dos acidentes neste ano aconteceu em voos de aviação privada. O caso deste domingo foi o 22º nessa categoria. Outros sete acidentes envolveram voos agrícolas, e algumas operações, em menor número, eram de instrução, policial ou experimental. Apenas a tragédia de Vinhedo (SP) foi com um voo regular.
São Paulo foi o estado com maior ocorrência dos acidentes fatais: 11 casos. Em seguida, estão Mato Grosso (6), Pará (5) e Minas (5). O tipo de ocorrência mais comum foi o “perda de controle em voo”, causa de 13 acidentes. A “falha ou mau funcionamento do motor” foi a razão de sete quedas e 10 casos ainda não foram esclarecidos.
Entenda como aconteceu o acidente em Gramado
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul e a Infraero, o avião decolou do município de Canela às 9h15, com destino a Jundiaí (SP), e sofreu uma queda após colidir na chaminé de um prédio. Posteriormente, a aeronave atingiu o segundo andar de uma residência e caiu sobre uma loja de imóveis. Os destroços ainda alcançaram uma pousada, cujos hóspedes foram afetados pela fumaça decorrente do incêndio causado pelo acidente.
A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que investigadores da área de Canoas (RS) foram acionados para investigar o caso. Paralelamente, a Polícia Civil conduz a coleta dos dados e a apuração dos fatos que levaram ao incidente.
Segundo o perito responsável pelo caso, Valmor Gomes, o avanço das investigações depende da “retirada de elementos estruturais da aeronave”, que pertenceriam à fuselagem do do avião, e cuja remoção depende da estabilização do local da queda. A área está isolada pelas autoridades desde a manhã deste domingo.
— Estamos com uma frente da Divisão de Porto Alegre e com um equipamento de scanner 3D para fazer todo o levantamento possível subsidiar da melhor maneira possível a delegacia da Polícia Civil na solução desse inquérito — disse Gomes.
O local do acidente fica numa área central da cidade, que recebe a maior quantidade de turistas neste período, devido às celebrações de Natal. A Avenida das Hortênsias possui pouco mais de 9 km, e começa na Avenida Borges de Medeiros até a cidade de Canela. A via retornou este ano o Grande Desfile de Natal, parada de carros alegóricos e alas que representam personagens característicos da celebração.
(Fonte: Jornal O Globo)