Criado em 2021 para comportar a grande quantidade de vítimas da covid-19, o novo cemitério de Marabá, nomeado provisoriamente de Parque de Marabá, parece ser mais um exemplo de falta de planejamento da atual gestão municipal. Próximo ao Dia dos Finados, a reportagem deste CORREIO descobriu que, com mais de mil pessoas já enterradas no local, a falta de estrutura física e arborização causam um ar de desmazelo para com as famílias que frequentam o ambiente no descanso final de seus entes.
Para chegar ao assunto, é preciso ressaltar que o Cemitério da Saudade, na Folha 29, não possui mais lotes para sepultamento desde a pandemia. Com mais de 20 mil pessoas enterradas, o local só recebe pessoas que possuem terrenos documentados, em sua maioria, famílias que desejam se manter próximas. As informações são do administrador Antônio Ferreira.
“Os jazigos de gaveta são utilizados constantemente. Quase todos os dias temos enterros aqui. A maioria dos recém-nascidos é enterrada aqui, enquanto os indigentes e outros são sepultados no novo cemitério”, explica.
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Mas, após dois anos de sua inauguração, pouco se fala, provavelmente por pouco se saber, sobre a nova localidade. Por isso, a reportagem fez uma visita na última sexta-feira (20), ao até então chamado de Cemitério Parque de Marabá e percebeu que o ambiente enfrenta vários desafios. A começar pela ausência de um nome oficial definitivo.
“O nome é provisório, pois por se tratar de um logradouro, poderá o Poder Legislativo, por meio de procedimento próprio, nominar o Campo Santo”, disse Mancipor Oliveira Lopes, gestor da Superintendência de Desenvolvimento Urbano (SDU), sempre solícito em receber a Reportagem do CORREIO ou responder às perguntas por telefone.
Uma das questões que pairam sobre o espaço é a falta de sinalização na cidade que indique o local ermo e fora de rota, situado após a Faculdade Pitágoras, sentido ao núcleo Cidade Jardim.
MODERNIDADE?
Embora a concepção de um Cemitério Parque seja moderna e dispense jazigos, como da Folha 29, a ausência de qualquer planejamento para separação das sepulturas deixa dúvidas sobre como será possível manter o local organizado à medida que mais pessoas forem enterradas. Segundo o gestor, o número de enterrados até a manhã desta terça-feira (24), era de 1.188.
As estacas de madeira temporárias com números das covas pintados de vermelho soam como uma falta de cuidado no planejamento e execução do projeto. Essa solução provisória levanta dúvidas sobre o comprometimento do município com a dignidade dos falecidos e a experiência dos visitantes.
“As lápides futuras serão todas padronizadas, com as informações do inumado, como nome, data de nascimento e falecimento”, afirma Mancipor. No entanto, o futuro não parece ter pressa e a demora na implementação espelha a falta de prioridade dada ao cemitério.
ÁRIDO E POUCO ACOLHEDOR
Por fim, uma das promessas do novo local é a criação de um ambiente com áreas verdes e arborização. Infelizmente, até o momento, essa promessa não foi cumprida. Os terrenos permanecem desprovidos de vegetação significativa, e o paisagismo é praticamente inexistente. A falta de árvores e áreas verdes torna o local árido e pouco acolhedor.
“A concepção é de um Cemitério Parque, com toda a infraestrutura de urbanização, drenagem, pavimentação, jardinagem, arborização, enfim, trata-se de um parque bastante amplo, com muita área verde e propostas paisagísticas, onde os corpos são sepultados no nível do chão”, responde Mancipor e, automaticamente, tem a ideia confrontada pela realidade atual. (Thays Araujo)