Se o tempo estava pegando fogo em São João do Araguaia, agora está se transformando em um apocalipse. Menos de duas horas depois de a Câmara Municipal confirmar o afastamento do prefeito João Neto, na última sexta-feira, 14, estranhamente centenas de documentos públicos foram retirados da Prefeitura por pessoas ligadas ao gestor municipal.
A informação foi repassada na noite deste sábado, 15 de julho, pelo vereador Benedito Iveley Fonseca da Cruz, o Bené do Luizão. Com apenas 22 anos de idade – fará 23 no próximo domingo, 23 de julho – Bené foi escolhido por seus colegas vereadores (todos mais velhos que ele) como presidente da Comissão Processante, que afastou o prefeito eleito por 90 dias. Temeroso de que não ache as provas que precisa para robustecer o relatório final sobre as denúncias que envolvem o prefeito João Neto, ele correu para a sede da Prefeitura na tarde da última sexta-feira, para tentar evitar a retirada de documentos após o expediente.
Segundo ele, por volta de 14h30 daquele dia, soube que uma equipe de parentes e assessores de João Neto estaria em veículos na porta da Prefeitura retirando computadores e documentos da Comissão de Licitações e Contabilidade do município, o que não é permitido.
Leia mais:Bené do Luizão acusa o genro do prefeito João Neto, de prenome Uelson; o chefe da Contabilidade, Denone; e ainda o sobrinho do gestor municipal, Rafael Noronha, de responsáveis pela retirada de documentos da Prefeitura na última sexta-feira à tarde. “Encheram dois carros com o que retiraram de lá: um Corola do sobrinho do prefeito; uma SW4, de propriedade de João Neto”, diz.
Segundo Bené, ele ainda conseguiu retirar alguns documentos que estavam na camionete do prefeito e recuperou apenas um computador. “Houve uma discussão, porque o genro do prefeito disse que queria ver quem era macho para retirar o material que estava dentro da camionete, mas eu respondi que ele mesmo deveria retirar a documentação do veículo, porque como vereador e fiscal do município eu estava exigindo que se retirasse essa documentação de lá”, afirma.
Em um vídeo enviado por Bené à Reportagem do Portal Correio, o contador Denone, por sua vez, alegava que estava levando toda a documentação para fechar um balanço em sua residência.
O vereador revela que seguiu Uelson e conseguiu recuperar um computador quando este estava entrando em sua casa. Diante disso, a máquina recuperada por Bené do Luizão foi entregue à Polícia Civil, onde ele também registrou Boletim de Ocorrência de todos os fatos ocorridos.
Na noite deste sábado, segundo o vereador, uma equipe que supostamente estaria ligada ao prefeito João Neto, teria retirado computadores e documentos das secretarias municipais, como da Saúde. “Além disso, tentaram retirar documentos do hospital, e há notícias de que estão coagindo os servidores públicos contratados, para que não prestem depoimentos para a Comissão Processante. É uma tentativa de silenciar as pessoas. Foi por isso que a Comissão pediu o afastamento do prefeito, para garantir o acesso às provas e ouvir as pessoas sem nenhum tipo de pressão”, destaca, dizendo que quer transparência, mas a equipe do prefeito estaria tentando obstruir o trabalho da Comissão Processante.
Não é bem assim…
A Reportagem do Correio de Carajás procurou, no sábado à noite e domingo, o advogado do prefeito João Neto, Cláudio Correa Neto, e ele alegou que os fatos não são como o presidente da Comissão de Licitação está repassando.
De acordo com Correa, a única pessoa que retirou material da Prefeitura teria sido o contador, mas trata-se de um computador que ele usa e documentos para terminar de realizar a prestação de contas da Prefeitura em sua casa. “Todos os processos licitatórios estão na prefeitura, com exceção do correspondente à denúncia, porque levei para mostrar para os vereadores na sexta-feira, durante a sessão extraordinária. Os papéis que foram retirados têm cópias correspondentes no Portal da Transparência”, argumenta.
O advogado de João Neto informou que diante do dilema e tensão que tomaram conta de São João do Araguaia nos últimos dias, o promotor do município, Gilberto Lins de Souza Filho, vai montar uma comissão de transição para garantir que não haja atropelos. “O prefeito João Neto e sua equipe é que estão com medo que o grupo que vai assumir a prefeitura suma com documentos e ele não consiga realizar sua prestação de contas adequadamente. A turma do vice até colocou segurança na porta da prefeitura e de algumas secretarias, juntamente com os seguranças da prefeitura, para que não haja retirada de documentos”, ressaltou.
Cláudio Correa adverte que até que seja notificado – e isso não aconteceu – o prefeito de São João do Araguaia continua sendo João Neto, o qual deve zelar pelo patrimônio público. “Só vamos entregar documentos na presença do Ministério Público”, reafirmou.
Ele aproveitou para dizer que o afastamento de João Neto foi totalmente irregular e que a Comissão Processante da Câmara Municipal confundiu muita coisa. “Pediram processo errado, que trata de medicamentos, não de combustível. Além disso, usaram lei estadual para afastamento do prefeito. Isso não está previsto na Lei Orgânica de São João nem da Federal”, afirma, alegando que a Comissão Processante pediu vários documentos que foram entregues, com exceção de um, que não foi apresentado.
“Não mandamos documentação solicitada antes porque vi tendência do grupo liderado pelo presidente da Câmara, que pedia cópias de documentos de 2016”, diz. (Ulisses Pompeu)
Se o tempo estava pegando fogo em São João do Araguaia, agora está se transformando em um apocalipse. Menos de duas horas depois de a Câmara Municipal confirmar o afastamento do prefeito João Neto, na última sexta-feira, 14, estranhamente centenas de documentos públicos foram retirados da Prefeitura por pessoas ligadas ao gestor municipal.
A informação foi repassada na noite deste sábado, 15 de julho, pelo vereador Benedito Iveley Fonseca da Cruz, o Bené do Luizão. Com apenas 22 anos de idade – fará 23 no próximo domingo, 23 de julho – Bené foi escolhido por seus colegas vereadores (todos mais velhos que ele) como presidente da Comissão Processante, que afastou o prefeito eleito por 90 dias. Temeroso de que não ache as provas que precisa para robustecer o relatório final sobre as denúncias que envolvem o prefeito João Neto, ele correu para a sede da Prefeitura na tarde da última sexta-feira, para tentar evitar a retirada de documentos após o expediente.
Segundo ele, por volta de 14h30 daquele dia, soube que uma equipe de parentes e assessores de João Neto estaria em veículos na porta da Prefeitura retirando computadores e documentos da Comissão de Licitações e Contabilidade do município, o que não é permitido.
Bené do Luizão acusa o genro do prefeito João Neto, de prenome Uelson; o chefe da Contabilidade, Denone; e ainda o sobrinho do gestor municipal, Rafael Noronha, de responsáveis pela retirada de documentos da Prefeitura na última sexta-feira à tarde. “Encheram dois carros com o que retiraram de lá: um Corola do sobrinho do prefeito; uma SW4, de propriedade de João Neto”, diz.
Segundo Bené, ele ainda conseguiu retirar alguns documentos que estavam na camionete do prefeito e recuperou apenas um computador. “Houve uma discussão, porque o genro do prefeito disse que queria ver quem era macho para retirar o material que estava dentro da camionete, mas eu respondi que ele mesmo deveria retirar a documentação do veículo, porque como vereador e fiscal do município eu estava exigindo que se retirasse essa documentação de lá”, afirma.
Em um vídeo enviado por Bené à Reportagem do Portal Correio, o contador Denone, por sua vez, alegava que estava levando toda a documentação para fechar um balanço em sua residência.
O vereador revela que seguiu Uelson e conseguiu recuperar um computador quando este estava entrando em sua casa. Diante disso, a máquina recuperada por Bené do Luizão foi entregue à Polícia Civil, onde ele também registrou Boletim de Ocorrência de todos os fatos ocorridos.
Na noite deste sábado, segundo o vereador, uma equipe que supostamente estaria ligada ao prefeito João Neto, teria retirado computadores e documentos das secretarias municipais, como da Saúde. “Além disso, tentaram retirar documentos do hospital, e há notícias de que estão coagindo os servidores públicos contratados, para que não prestem depoimentos para a Comissão Processante. É uma tentativa de silenciar as pessoas. Foi por isso que a Comissão pediu o afastamento do prefeito, para garantir o acesso às provas e ouvir as pessoas sem nenhum tipo de pressão”, destaca, dizendo que quer transparência, mas a equipe do prefeito estaria tentando obstruir o trabalho da Comissão Processante.
Não é bem assim…
A Reportagem do Correio de Carajás procurou, no sábado à noite e domingo, o advogado do prefeito João Neto, Cláudio Correa Neto, e ele alegou que os fatos não são como o presidente da Comissão de Licitação está repassando.
De acordo com Correa, a única pessoa que retirou material da Prefeitura teria sido o contador, mas trata-se de um computador que ele usa e documentos para terminar de realizar a prestação de contas da Prefeitura em sua casa. “Todos os processos licitatórios estão na prefeitura, com exceção do correspondente à denúncia, porque levei para mostrar para os vereadores na sexta-feira, durante a sessão extraordinária. Os papéis que foram retirados têm cópias correspondentes no Portal da Transparência”, argumenta.
O advogado de João Neto informou que diante do dilema e tensão que tomaram conta de São João do Araguaia nos últimos dias, o promotor do município, Gilberto Lins de Souza Filho, vai montar uma comissão de transição para garantir que não haja atropelos. “O prefeito João Neto e sua equipe é que estão com medo que o grupo que vai assumir a prefeitura suma com documentos e ele não consiga realizar sua prestação de contas adequadamente. A turma do vice até colocou segurança na porta da prefeitura e de algumas secretarias, juntamente com os seguranças da prefeitura, para que não haja retirada de documentos”, ressaltou.
Cláudio Correa adverte que até que seja notificado – e isso não aconteceu – o prefeito de São João do Araguaia continua sendo João Neto, o qual deve zelar pelo patrimônio público. “Só vamos entregar documentos na presença do Ministério Público”, reafirmou.
Ele aproveitou para dizer que o afastamento de João Neto foi totalmente irregular e que a Comissão Processante da Câmara Municipal confundiu muita coisa. “Pediram processo errado, que trata de medicamentos, não de combustível. Além disso, usaram lei estadual para afastamento do prefeito. Isso não está previsto na Lei Orgânica de São João nem da Federal”, afirma, alegando que a Comissão Processante pediu vários documentos que foram entregues, com exceção de um, que não foi apresentado.
“Não mandamos documentação solicitada antes porque vi tendência do grupo liderado pelo presidente da Câmara, que pedia cópias de documentos de 2016”, diz. (Ulisses Pompeu)