Correio de Carajás

Novo álbum de Charles Vítor, “Chile” chega com proposta intimista

Charles Vitor: “As músicas são sobre isso: amor, a rotina, e sobre como dividir a vida profissional e a artística”
Por: Kauã Fhillipe

Entre o bisturi do internato de medicina e o microfone dentro do quarto, a música de Charles Vítor alcança novas métricas e admiradores a cada lançamento. Já conhecido no cenário artístico marabaense, o cantor e compositor apresenta um novo projeto com lançamento marcado para esta sexta-feira (7).

Ele contou em entrevista ao Correio de Carajás sobre as inspirações, parcerias e afetos que o trabalho carrega.

Dividindo o tempo entre a rotina médica e a paixão pela música, o artista natural de Imperatriz (MA) iniciou a trajetória há cerca de nove anos. Desde então, vem conquistando um público fiel e ampliando o alcance de suas canções. Nesta semana, lança “Chile”, álbum que representa uma nova fase na carreira, marcada pela experimentação de estilos e pela maturidade artística.

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“As músicas desse projeto eu comecei a escrever em 2021. Elas retratam muito o relacionamento que vivo hoje e como ele entrou na minha rotina. Essas canções me ajudam a me desafogar do dia a dia pesado da medicina”, explica.

Charles conta que o álbum nasceu também da vontade de conciliar duas paixões: a música e a medicina, explorando nas letras o equilíbrio entre os dois mundos. “As músicas são sobre isso: amor, a rotina, e sobre como dividir a vida profissional e a artística. Foi a partir dessas vivências que eu encontrei o gás para fazer o disco”, diz.

Sem participações vocais, o álbum traz como principal parceria o produtor Mário Serrano, do estúdio Rizoma, que também assina a mixagem e masterização. “Eu produzi metade das músicas no meu home studio e a outra metade com o Mário, que é guitarrista e compositor da banda Lui (Marabá-PA). Ele me ajudou muito a dar o acabamento profissional que eu queria”.

Os primeiros passos

Charles relembra que tudo começou de forma simples, gravando as primeiras composições no celular e publicando-as no SoundCloud. “Era algo bem amador, eu colocava o celular para gravar e cantava o que estava escrevendo. Mesmo assim, começou a alcançar muita gente. Fiz amizades na cena musical de Marabá e percebi que eu poderia tirar mais disso”.

A partir daí, ele começou a investir em equipamentos e construiu um pequeno estúdio com o irmão, que também o ensinou muito sobre produção musical. O primeiro EP veio em 2020, quando uma faixa de 2019 já ultrapassa 95 mil reproduções. “Esses números me mostraram que dava pra ir além, que valia a pena investir mais na qualidade e na estrutura de produção”.

“Chile”

O novo álbum conta com 11 faixas, sendo três já lançadas como singles. Todo o trabalho foi produzido de forma independente, sem o apoio de leis de incentivo. “Ainda não usei nenhum tipo de auxílio cultural, tudo foi por meios próprios. Mas quero tentar isso nos próximos projetos”, comenta.

Disponível nas principais plataformas digitais, o artista acumula cerca de 200 ouvintes mensais, número que sobe para até 3.500 em períodos de lançamento.

Além da parte sonora, o projeto se destaca também pelo visual. A capa do álbum foi criada pelo artista Denis Cândido, do Rio de Janeiro. “Ele já fez trabalhos para nomes do hip-hop, como Santi, e eu gostei muito da identidade dele. Fiquei muito satisfeito com o resultado”, elogia Charles.

A capa do álbum foi criada pelo artista Denis Cândido, do Rio de Janeiro

Enquanto os clipes ainda são projetos futuros, o cantor tem apostado em vídeos promocionais caseiros, produzidos com a namorada para as redes sociais. “É tudo na vertical, no formato dos reels e do TikTok, que é onde o público mais interage hoje em dia”.

Sobre o som do novo álbum, ele adianta: “Antes eu fazia mais MPB e pop rock. Agora estou explorando novas sonoridades, misturando R&B, lo-fi, boom bap e até trap. É como tentar traduzir o som que existe dentro da minha cabeça”.

Por fim, o artista destaca a importância de fortalecer o cenário local: “Marabá tem muitos talentos que ainda não recebem a atenção que merecem. Falta incentivo e investimento na nossa cena cultural, que é muito rica. Espero que esse disco sirva de exemplo para outros artistas que, assim como eu, conciliam rotina pesada, pouco apoio e muito sonho”.