Correio de Carajás

Nova realidade das ciclofaixas ainda é desafio para o trânsito

Recente zoneamento feito pelo Dnit, com sinalização da faixa exclusiva para ciclistas ainda é desrespeitado por veículos. Polícia Rodoviária faz alerta sobre importância da novidade.

De acordo com o Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito, ciclofaixa é uma área que faz parte da pista da via pública, delimitada com pintura e sinalizadores, como tachões e “olhos de gato”, e é destinada à circulação exclusiva de ciclistas.

Recentemente Marabá ganhou ciclofaixa ao longo da área urbana da BR-230, que vai do Km 6, na Nova Marabá, até o Aeroporto, no Núcleo Cidade Nova. O espaço, que deixou a cidade com um visual muito mais moderno, se tornou um importante avanço no respeito aos ciclistas e também um incentivo à prática.

No entanto, a faixa especial, que deveria dar mais segurança aos ciclistas, tem causado temor e desconforto em quem trafega por ela, já que muitos condutores de carros e motocicletas ainda insistem em utilizar o espaço para “fugir” da lentidão do trânsito, como se a ciclofaixa fosse um corredor de velocidade.

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A queixa tem sido frequente via redes sociais, com denúncias quase diárias desde o mês de julho, dando conta de que a faixa que deveria ser exclusiva está sendo burlada, em completo desrespeito e atentado à vidas humanas.

Ciclistas já têm usado a faixa cotidianamente desde o mês passado

O Correio de Carajás foi até a 3ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal de Marabá para saber mais sobre os procedimentos que devem ser adotados tanto pelos condutores de veículos como pelos ciclistas que trafegam ao longo da Rodovia Transamazônica.

Alguns motoristas, por seu turno, dizem ainda ter dúvidas sobre o que pode ou não, no espaço das ciclofaixas. A reportagem perguntou à PRF, por exemplo, se o advento da marcação exclusiva faz com que a rodovia deixe de ter acostamento. A isso o policial rodoviário Jeferson Fernandes respondeu que não. Ou seja, um veículo em situação de pane ou emergência, ainda pode usar a atual ciclofaixa como como espaço de parada até que acione o socorro.

“Seja por pane ou alguém passando mal, o ideal é que o veículo seja colocado no acostamento. É necessário ligar o alerta, colocar o triângulo e realizar todas as determinações de acordo com a legislação. E só em seguida ingressar novamente na rodovia. Caso o motorista não faça isso, ele vai estar incorrendo uma infração de trânsito gravíssima, que é estacionar o carro na pista de rolamento”, explica o PRF.

O CORREIO também quis saber quanto às campanhas envolvendo a informação aos próprios ciclistas como proceder na via, agora que contam com faixa exclusiva. A isso, foi dito que na última segunda-feira (9) foi realizada uma reunião entre o órgão e representantes da categoria dos ciclistas.

Durante o encontro eles expuseram alguns anseios e riscos a que diariamente estão sujeitos por haver muito desrespeito com a sinalização da faixa. “Nos comprometemos junto com o DMTU (Departamento Municipal de Trânsito Urbano) a intensificar as fiscalizações para tentar educar e coibir esses atos, como motociclistas que insistem em trafegar pela ciclofaixa”.

De acordo com a autoridade policial, no último final de semana cerca de 40 motociclistas foram autuados durante uma fiscalização realizada próximo a ponte sobre o Rio Itacaiúnas, que liga os Núcleos Nova Marabá e Cidade Nova, todos por desrespeito à ciclofaixa.

“Terão mais fiscalizações ostensivas nessa área e nos outros locais estaremos junto com o DMTU”, avisa, afirmando que o motorista que for pego trafegando pela ciclofaixa pode ser multado e desembolsar um valor de R$ 880,41 e custar 7 pontos na sua CNH.

Respeito à ciclovia ainda é um desafio nas ruas de Marabá / Foto: drone Correio

Alerta

O policial rodoviário federal alerta condutores e ciclistas para os trechos em que a ciclofaixa está toda pintada de vermelho. “Esses perímetros são pontos de atenção, pois onde a faixa está pintada existe uma bifurcação, um retorno ou um semáforo. Ciclistas e condutores de veículos precisam estar atentos e diminuir a velocidade”.

Redutor de velocidade

O Jornal aproveitou a conversa com o representante da PRF para questionar, ainda, se existe mais alguma mudança em vista para os próximos meses envolvendo a segurança no tráfego pelo trecho urbano das rodovias federais em Marabá. Segundo o policial, foram iniciadas as fases de reuniões com os órgãos, como DMTU e DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) para analisar e estudar a viabilidade de colocar redutores eletrônicos de velocidade. “Nós acreditamos que futuramente, ao longo da rodovia no trecho urbano, serão colocados esses redutores”, respondeu, sem precisar em que momento isso efetivamente ocorrerá.

Ciclistas

Em entrevistas no final do mês de julho, ciclistas que trafegam habitualmente pela BR-230, comemoraram a novidade da ciclofaixa.

 “Pra gente treinar aqui na BR tendo como respeito essa ciclofaixa, evitando acidentes com qualquer tipo de veículo. Agora é muito importante ter um trabalho maior de conscientização, para que os motoristas sejam conscientes de que isso aqui não é lugar deles e sim para ciclistas”, pontua o professor Jeorgean Alex Assunção. (Ana Mangas)

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De acordo com Lei 14.071, de 13 de outubro de 2020, que altera o artigo 182 do CTB, estacionar na ciclovia/ciclofaixa, inclusive para embarque ou desembarque passou a ser considerada infração grave, com 5 pontos na carteira e multa de R$ 195,23. Transitar passou a ser considerada infração gravíssima, com valor da multa triplicado, ou seja, R$ 880,00 e 7 pontos. Não reduzir a velocidade ao ultrapassar o ciclista se tornou infração gravíssima (7 pontos) e multa de R$ 293,40.