Na manhã desta quinta-feira (3) o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPD) realizou uma reunião com lideranças de diversas instituições em alusão ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. O objetivo foi fortalecer ainda mais o movimento e apresentar as novas instalações da sede, que foi entregue em julho, porém com inauguração restrita devido à pandemia do novo coronavírus.
A presidente do CMDPD, Luisiane Vale, comenta que a data ganhou uma representação municipal por meio de uma lei aprovada na Câmara Municipal de Marabá (CMM), em setembro de 2020, reforçando o dia de luta pelos direitos que ainda são desconhecidos por muitos portadores de necessidades especiais.
“Também queremos apresentar a nova sede para as lideranças dos movimentos que lutam por esses direitos, instituídos por lei, para que mais pessoas conheçam e busquem. A nossa luta hoje é orientar as pessoas sobre a importância de garantir esse direito às pessoas com deficiência”, explica Lusiane.
Leia mais:Ainda segundo a presidente, o Conselho estuda uma maneira de realizar um levantamento de quantas pessoas com deficiência existem em Marabá, já que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apenas contabiliza os números a nível estadual. Segundo o Censo de 2010, aproximadamente 48 mil pessoas não conseguem ver, ouvir ou locomover-se no Pará.
“Estamos verificando se esse levantamento será feito através de cadastro ou se vamos tentar levantar através dos cadastros já existentes, como o CadÚnico ou a própria rede de ensino municipal, que possui o número de alunos em cursos com deficiência”, acrescenta Lusiane.
Entre as lideranças presentes estava Hugo Freires de Araújo, que é surdo e servidor do Centro de Atendimento Especializado na Área da Surdez (CAES) da Prefeitura de Marabá. Para entrevistá-lo, o Portal Correio contou com apoio da intérprete Alzira de Souza, do CIL (Central de Interpretação em Libras).
Hugo conta que a data remete a uma história de luta na conquista de direitos e acessibilidade, não só na comunicação, mas também referente às questões arquitetônicas, como rampas, sinalização nas calçadas e outras barreiras que estão sendo rompidas com o tempo.
“Uma das dificuldades ainda enfrentadas pelos surdos é a questão da comunicação, pois em muitos lugares não há um intérprete ou uma pessoa que saiba a Libras. Se vamos ao banco, precisamos do apoio do CIL, se vamos no cinema, precisamos ver uma sessão legendada, entre outras situações que ainda nos impedem de termos qualidade de vida”, cita Hugo, com tradução de Alzira.
Também estava presente no evento Nacélio Madeiro, que é cego e representante da Associação dos Deficientes Visuais de Marabá (Adevismar). Ele afirma que a partir da lei municipal, todos os anos, nesta data, mobilizações serão feitas para que os deficientes lutem por políticas públicas que os atendam.
Além disso, evidência a falta de assistência que os deficientes possuem não só em Marabá, mas em todo o país, embora existam muitas leis que os ampare. “A principal barreira é a falta de informação porque quando um cego não conhece seus direitos, ele deixa passar. Por isso, é importante difundirmos esses direitos, para que mais deficientes conheçam e reivindiquem”, propõe Nacélio.
Um dos direitos muito mencionados durante o evento foi o do passe-livre, onde todas as pessoas comprovadamente carentes e com deficiência física, mental, auditiva, visual, doença renal crônica ou ostomia têm direito ao benefício. Trata-se de gratuidade nas viagens interestaduais de ônibus, barco ou trem.
A reunião foi finalizada com um café da manhã aos presentes. (Zeus Bandeira)