Correio de Carajás

Nota de apoio à Rayta Solares e repúdio ao preconceito, discriminação e transfobia

A Reportagem do Correio recebe e publica a seguinte nota assinada por seis entidades:

“Nós, representantes de diversas organizações voltadas à defesa dos direitos humanos e da diversidade, vimos por meio desta nota manifestar nosso apoio e solidariedade à promotora de eventos e ativista LGBTQIAPN+ de Marabá, Raytha Solares Rezende. Expressamos nossa preocupação e indignação com a matéria recentemente publicada no Portal Correio de Carajás, em 24/07/2023, a qual, ao ser analisada sob um olhar inclusivo, de respeito às diferenças, e que busque a inclusão da minoria LGBT+, apresenta-se de viés inadequado ao abordar a participação de Raytha em corridas de rua na cidade.

  1. Inicialmente, o título da matéria induz o leitor ao entendimento de que Raytha (mulher trans) teria vencido corrida competindo, em algum pseudo nível de superioridade de marcadores de rendimento esportivo, com mulheres cis.
  2. Na sequência, observa-se que a matéria em questão tende a induzir o leitor a ser contrário à participação de pessoas trans no esporte, desinformando sobre a realidade de Raytha. É importante esclarecer que ela não ocupa uma posição profissional no esporte nem busca prejudicar a participação de outras atletas. Trata-se de uma prática amadora, recomendada por profissionais de saúde após sua recuperação da Covid-19, visando à manutenção de sua saúde física e bem-estar.
  3. Lamentamos que a matéria mencione proibições internacionais relativas a atletas trans, sem contextualizar que Raytha não se enquadra nesse contexto competitivo e profissional. A utilização desse argumento serve apenas para criar uma atmosfera de antagonismo infundado. E ainda, lamentamos a omissão da matéria com relação à existência de iniciativas inclusivas pelo Brasil nos últimos tempo, onde se busca trazer pessoas trans que praticam qualquer esporte, a participarem e competirem, mitigando-se o preconceito, desrespeito, e exclusão social tão forte no Brasil.
  4. Além disso, é preocupante que a reportagem não tenha buscado ouvir o Movimento LGBT+ do município, que há meses acompanha o caso, nem a Comissão de Diversidade da OAB Marabá, que também se debruçou sobre essa questão junto ao Ministério Público. A falta de um diálogo equilibrado e inclusivo prejudica a imparcialidade e a veracidade da informação apresentada.
  5. Ressaltamos que Raytha é uma ativista engajada na luta pelos direitos da comunidade LGBT+ e pela promoção da diversidade. Sua história é marcada por uma trajetória em concursos de beleza que valorizam a inclusão, acolhendo a todos, independentemente de sua origem, raça, credo ou sexualidade.
  6. Finalmente, propomos ao Portal Correio de Carajás e ao Sindicato dos Jornalistas a oportunidade de aperfeiçoamento em questões de Direitos Humanos, oferecendo de forma gratuita formações e workshops sobre identidade de gênero e LGBTfobia, a fim de contribuir para uma abordagem mais sensível e respeitosa em suas produções jornalísticas”.

Assinam esta nota:

Leia mais:

– Grupo Atitude LGBT de Marabá

– Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB Subseção Marabá

– Movimento LGBTQIA+ do Pará

– Aliança Nacional LGBT

– Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT

– Núcleo de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade da UNIFESSPA – NUAD”