Correio de Carajás

No WhatsApp, jornalista assassinado chamava príncipe saudita de ‘pac man’

Mensagens de Whastapp obtidas com exclusividade pela rede americana CNN mostram que o jornalista saudita Jamal Khashoggi, morto em outubro no consulado de seu país em Istambul, se referia ao príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, como “besta” e “pac man”, personagem de game dos anos 1980.

As mensagens divulgadas nesta segunda-feira (3) pela CNN foram trocadas no ano passado, quando Khashoggi morava nos EUA, com o ativista Omar Abdulaziz, que vive no Canadá. O jornalista deixou a Arábia Saudita em 2017 temendo por sua segurança, depois que o príncipe começou a combater dissidentes.

Jornalista saudita Jamal Khashoggi, em imagem de arquivo — Foto: Reprodução/JN

Khashoggi foi assassinado por um grupo de agentes sauditas quando foi ao consulado de Istambul para pegar documentos que lhe permitiriam se casar com sua noiva turca. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, reiterou em várias ocasiões que a ordem para matá-lo veio das “mais altas esferas” da Arábia Saudita. A CIA, segundo a imprensa americana, diz que Bin Salman “provavelmente ordenou” o crime. O governo da Arábia Saudita nega envolvimento no caso.

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As mensagens indicam críticas de Khashoggi menos contidas do que as que o jornalista publicava no jornal “Washington Post”, segundo analisou a CNN.

“Ele é como um ‘pac man’ besta, quanto mais vítimas ele come, mais ele quer”, afirma o jornalista em uma das mensagens. “Não ficarei surpreso se a opressão chegar até mesmo àqueles que estão torcendo por eles”.

Segundo a CNN, os dois planejavam fundar um movimento online contra a propaganda estatal da Arábia Saudita nas redes sociais. A ideia era enviar cartões de celular para que dissidentes do governo saudita tuitassem sem serem rastreados.

Em agosto, dois meses antes de ser morto, Abdulaziz disse a Khashoggi que o governo descobriu sobre o plano deles e prendeu várias pessoas.

“Deus nos ajude”, respondeu Khashoggi.

A Promotoria saudita acusou 11 pessoas por seu envolvimento no assassinato, cinco dos quais enfrentam uma possível pena de morte. Mas o presidente turco Erdogan pede que eles sejam extraditados e julgados na Turquia. (Fonte:G1)