Correio de Carajás

Névoa mental: sinais de corpo sobrecarregado e como recuperar a clareza

Entenda por que a mente nublada virou um alerta do corpo e conheça caminhos práticos para recuperar energia, foco e disposição no dia a dia

Foto: Freepik

O termo brain fog, também chamado de névoa mental, descreve a sensação de raciocínio lento, dificuldade de concentração, perda de memória recente e cansaço mental mesmo após atividades simples. Embora também esteja relacionado ao estresse, às emoções e ao sono inadequado, a nutrologia mostra que grande parte dos casos tem origem em desequilíbrios metabólicos, inflamação crônica de baixo grau e carências nutricionais que prejudicam o funcionamento pleno do cérebro. Por isso, o brain fog é hoje considerado um sinal importante de que o organismo está sobrecarregado.

Entre as causas metabólicas mais frequentes estão a resistência à insulina, o consumo excessivo de açúcar, a disfunção mitocondrial e o estado inflamatório provocado por dietas ricas em ultraprocessados. Quando o cérebro recebe energia instável ou de má qualidade, sua capacidade de foco e de memória diminui. Além disso, deficiências de vitaminas e minerais essenciais, como vitamina B12, vitamina D, magnésio e ômega-3, comprometem a produção e o equilíbrio dos neurotransmissores, dificultam a transmissão dos impulsos nervosos e reduzem a clareza mental.

A alimentação como gatilho e como tratamento

A base da prevenção e do tratamento do brain fog envolve ajustes alimentares específicos. O consumo frequente de carboidratos simples, como doces, pães brancos e bebidas açucaradas, provoca oscilações na glicemia que afetam diretamente a atenção e o humor. Quando esses alimentos se somam a ultraprocessados ricos em gorduras trans e aditivos químicos, o cérebro enfrenta um ambiente inflamatório que favorece a lentidão mental. Em contrapartida, adotar uma alimentação mais natural, com fontes de gorduras boas, proteínas de alta qualidade, fibras e micronutrientes essenciais, melhora a função cerebral e estabiliza o metabolismo.

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Peixes ricos em ômega-3, castanhas, ovos, vegetais verde-escuros e alimentos com vitaminas do complexo B têm papel especial no funcionamento neurológico. Dietas ricas em antioxidantes, presentes em frutas vermelhas, cúrcuma, gengibre e azeite de oliva, ajudam a reduzir o estresse oxidativo, um dos fatores diretos da névoa mental. O nutrólogo avalia ainda a necessidade de suplementação personalizada, especialmente em pacientes com carências nutricionais importantes ou com maior demanda metabólica.

Sono, hormônios, intestino e inflamação: os quatro pilares que o nutrólogo avalia

O brain fog raramente tem uma única causa. A nutrologia considera quatro pilares fundamentais: sono, hormônios, intestino e inflamação. A privação de sono compromete a consolidação da memória; o desequilíbrio da tireoide ou da testosterona reduz a energia mental; um intestino inflamado altera a produção de neurotransmissores; e o excesso de inflamação sistêmica dificulta a clareza cognitiva. A avaliação integrada permite identificar onde o organismo está falhando e direcionar intervenções específicas.

Exames laboratoriais ajudam a detectar anemia, alterações de vitaminas, resistência à insulina, disbiose intestinal e níveis inadequados de vitamina D, todos fatores associados ao brain fog. Corrigir essas alterações costuma gerar melhora perceptível em poucas semanas. Atividade física regular, hidratação adequada e redução do consumo de álcool completam o tratamento, já que todos esses fatores influenciam diretamente o metabolismo energético do cérebro.

O brain fog não deve ser ignorado. Ele é um marcador de desequilíbrios que, se não tratados, podem evoluir para quadros mais complexos, como burnout, depressão, síndrome metabólica ou doenças autoimunes. Com uma abordagem completa, que integra alimentação, suplementação, ajustes hormonais e estilo de vida, é possível recuperar a clareza mental e restaurar o pleno funcionamento do cérebro. A névoa some quando o corpo volta a trabalhar em equilíbrio.

(Fonte: CNN Brasil/Brazil Health*)

*Texto escrito pelo médico Ordânio Almeida (CRM-SP 210.631), com atuação em nutrologia, focado em nutrição clínica e qualidade de vida e membro da Brazil Health