📅 Publicado em 18/11/2025 15h12
O sétimo dia de COP30, segunda-feira (17), em Belém, foi marcado por anúncios que reforçam a natureza como eixo central da ação climática. Países, organismos internacionais e lideranças comunitárias apresentaram medidas para ampliar o financiamento florestal, fortalecer a governança indígena e acelerar a implementação de políticas ambientais que já saem do papel com metas e recursos definidos.
O “Fundo Florestas Tropicais para Sempre” (TFFF em inglês) entrou em operação e ganhou destaque. Ele é considerado o maior mecanismo de financiamento florestal já criado e mira em investimentos de longo prazo. A iniciativa abre caminho para que comunidades indígenas e locais recebam apoio direto, tendo pelo menos 20% de recursos reservados para esses grupos. Com isso, governos e parceiros entendem que o TFFF reforça a mensagem de que as florestas tem mais valor se preservadas.
O avanço na regularização fundiária também esteve sob os holofotes. A meta de 1,7 bilhão de dólares foi ultrapassada, conforme informaram mais de 30 países e doadores. O valor será destinado à proteção territorial de povos indígenas e comunidades locais um ano antes do previsto.
Leia mais:Além disso, 14 países endossaram o primeiro compromisso global voltado ao reconhecimento da posse da terra. Os direitos de 160 milhões de hectares devem ser fortalecidos, sendo 59 milhões apenas no Brasil.
OUTROS MARCOS
O dia também trouxe novos movimentos ligados à bioeconomia. O lançamento do Global BioChallenge marcou o início de um esforço internacional para transformar os Princípios de Alto Nível do Brasil em ações práticas até 2028. O foco está nos investimentos em cadeias produtivas sustentáveis, métricas globais e modelos que colocam comunidades no centro da tomada de decisão.
Outro anúncio importante foi a criação da Coalizão para Ampliar o JREDD+, que reúne países tropicais, povos indígenas, investidores e organizações da sociedade civil. O objetivo é ampliar o financiamento para reduzir o desmatamento em larga escala, remunerando resultados jurisdicionais em vez de projetos isolados. Segundo estimativas, o mecanismo pode mobilizar entre 3 e 6 bilhões de dólares por ano até 2030.
A prevenção de incêndios florestais também avançou. A FAO apresentou o Centro Global de Gestão de Incêndios, que vai apoiar países com dados, capacitação, sistemas de alerta e fortalecimento de práticas de manejo baseadas em conhecimento local e indígena. A iniciativa pretende alcançar mais de 5 mil profissionais e contribuir para tornar ao menos 10 milhões de hectares mais resistentes ao fogo até 2028.
No campo do financiamento climático, o Motor de Investimento da Terra superou a meta inicial e alcançou 10 bilhões de dólares para projetos florestais e de bioeconomia no Brasil. A Agenda de Paisagens Regenerativas, por sua vez, anunciou 9 bilhões de dólares para agricultura sustentável, restauração e conservação de terras em mais de 110 países.
As emissões de gases ganharam foco após a divulgação do Relatório Global sobre a Posição do Metano. O documento ressalta que políticas recentes já reduzem projeções de emissões, mas que é preciso ampliar ações nos setores de energia, agricultura e resíduos para cumprir o compromisso global até 2030.
Na mobilização social, juventudes e lideranças indígenas marcaram presença em debates e diálogos de alto nível. No Pavilhão de Crianças e Jovens, um manifesto de jovens indígenas pediu água limpa, proteção de rios e respeito aos seres vivos. No Pavilhão Indígena, representantes do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas discutiram planos de adaptação e estratégias territoriais já adotadas em diversas regiões do Brasil.
As atividades do dia reforçaram que a proteção da natureza está no centro da ambição climática e é vista como base para economias mais fortes, sociedades resilientes e respostas rápidas aos impactos do clima. (Com informações da equipe de comunicação da COP30)

