Correio de Carajás

NATAIS POR FRANCISCO: Onde houver desespero, que eu leve esperança

“Doutora Chiclete”, Lara Borges leva esperança às pessoas hospitalizadas em Marabá. Grupo nasceu no Natal de 2008

Artista Lara Borges coordena o grupo Doutores Sorridentes, que leva esperança para quem está enfermo nos hospitais/ Foto: Evangelista Rocha

Neste dezembro, oferecemos ao leitor histórias que sintetizam o que há de mais humano em nós – amor, alegria, fé, luz e esperança – reportagens inspiradas em São Francisco de Assis, que revolucionou a Igreja no século XIII e, posteriormente, ganhou uma oração, que se transformou em uma das preces mais populares no Ocidente. As palavras acima, que estão em negrito, foram retiradas da Oração de São Francisco para mostrar que em Marabá há pessoas que vivem os ideais dessa prece ajudando o próximo.

Unidos pela esperança e alegria e movidos pela fé e pelo amor, os voluntários do grupo Doutores Sorridentes ajudam a transformar ambientes que costumam ser de dor e sofrimento em um lugar mais colorido.

Visitando hospitais, abrigos e lar dos idosos, a equipe é especialista em riso e descontração e, além de melhorar o quadro geral dos pacientes, os “doutores” conseguem descontrair a dura rotina dos médicos, enfermeiros e funcionários dos hospitais.

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“Pra mim é um ato de amor ao próximo. A gente cuida do outro. Levamos alegria, musicoterapia, contação de histórias, abraços e esperança. Como todo hospital, temos que ter o cuidado que o local requer, então a gente tem uma formação para ser um doutor sorridente. Não é tão fácil”, conta Lara Borges, fundadora do grupo que está há mais de 10 anos em atuação.

Lara conta que os “Doutores Sorridentes” surgiu no Natal de 2008 quando, durante uma ação de Natal realizada no Bairro Liberdade, onde ela reside, havia várias pessoas doentes e que não participaram das atividades da comunidade.

“Fomos visitar cada pessoa que estava doente, e a gente chegava e falava ‘hoje não somos a turma do sorriso, somos os doutores, e viemos visitar nossos pacientes’. E assim a gente fez. Foi muito legal. Cantamos, brincamos, levamos a palavra do Senhor e, no meu coração, naquele momento senti que precisava levar isso para os hospitais. O grupo topou a ideia e começamos no Hospital Municipal de Marabá, que foi o pioneiro e que acolheu o projeto”, relembra.

Para quem ajuda, a recompensa é bem maior. Segundo Lara, para participar do projeto tem que gostar de pessoas, fazer realmente por amor ao próximo e não como obrigação.

Lara conta que o hospital, por si só, já é um lugar onde as pessoas não queriam estar, e o objetivo do grupo é justamente colorir, conversar, cantar, contar histórias e brincar.

A fundadora relembra que durante a primeira visita ao HMM como “doutora Chiclete”, sentiu um amor muito grande, porque desde a entrada, passando pelo ambulatório e pela enfermaria, viu vários pacientes em diversas situações delicadas.

Pacientes internados se sentem confortados com o trabalho dos Doutores Sorridentes

“Eles ficaram muito felizes em ver a gente ali. Não havia nenhum tipo de receio, e naquele momento estávamos levando esperança. A gente sempre leva uma palavra amiga, como ‘essa situação é só um momento’ ou ‘você vai ficar bom e logo vai sair daqui’. Então, quando eu estou de ‘Doutora Chiclete’ tudo fica mais leve. E, quando eu saio do hospital, por mais que a situação seja difícil, me sinto feliz em ter levado um pouquinho de alegria. Tem gente que só quer um abraço, e a gente dá esse abraço”, se emociona Lara.

Ao Correio de Carajás ela afirma que além da alegria e brincadeira, o grupo também leva a palavra do Senhor e faz orações com os pacientes e acompanhantes. “É emocionante. Você se coloca no lugar do outro, já vimos muitas pessoas chorando. E, hoje, nessa correria de querer conquistar as coisas, a gente está perdendo esse amor ao próximo, esse cuidado com o outro”.

Questionada sobre o significado do “Doutores Sorridentes” na sua vida, Lara afirma que é um grupo de esperança. “Pra mim é aquele ‘não desista’. É fazer o bem ao próximo sem nada em troca”.

Com a pandemia os “Doutores Sorridentes” paralisaram as atividades. Segundo Lara, o grupo vai retornar com as visitas em 2023.

Para quem quiser participar do projeto ou conhecer o trabalho, que entre em contato pelo telefone 94 99122-7503. (Ana Mangas)