A família de Ismael Lauane Sousa, que morreu após o Teste de Aptidão Física (TAF) no concurso C199, da Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe), relata negligência na prestação de socorro do candidato.
Israel Laune, irmão da vítima, disse do Diário Online, garante que Ismael estava em perfeito estado de saúde e fez todos os exames necessários.
“O meu irmão já tinha há muito tempo se preparando para essa prova. Ele estava treinando, só que houve muitas irregularidades na realização do TAF. Vi no cartão do meu irmão que a prova dele estava marcada para 11h e só foi ocorrer de fato às 15h, ele e outros candidatos não puderam sair para beber água ou se alimentar, houve um atraso muito grande”, denuncia.
Leia mais:Ismael morreu após o Teste de Aptidão Física (TAF) realizado no dia 22 de outubro, no município de Castanhal, no nordeste paraense. Segundo testemunhas que participavam da prova, o candidato teve um mal súbito.
Sentimento de dor e revolta na família
Ismael foi levado por uma ambulância, com vida, para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Castanhal. No entanto, segundo o irmão da vítima, a família só teve conhecimento do ocorrido por outros candidatos.
“A banca em nenhum momento entrou em contato conosco. A gente só soube do que havia ocorrido por terceiros, quase 17h da tarde. Só havia uma ambulância de UTI e não foi só o meu irmão que passou mal. Além das irregularidades na realização do exame reclamadas por outros candidatos, teve essa conduta. Não sabemos se de fato o meu irmão recebeu o socorro necessário”, ressalta Israel.
No entanto, conforme relato dos familiares, por falta de estrutura adequada, foi pedido que Ismael fosse transferido para o Pronto Socorro da 14 de Março, outro problema enfrentado.
“Vimos toda aquela situação e pedimos transferência dele para um hospital de maior suporte, mas disseram que a ambulância ia demorar muito. No desespero, socorri meu irmão no meu carro mesmo, já que fomos informados de que a ambulância iria demorar. Lá ele foi para a UTI e entubado. Acreditamos que tudo foi provocado pelo exercício exaustivo, agravado por fatores como insolação, por ter ficado muito tempo sem beber água e se alimentar. Os médicos tentaram reverter o quadro ele, mas ele faleceu por volta das 19h de terça-feira”, lamentou o irmão.
Segundo Israel, o sonho do irmão foi interrompido por negligência da organizadora do concurso, a AOCP Concursos Públicos.
Ismael era formado em Física e Engenharia Florestal e, segundo o irmão, já havia passado no Concurso da Polícia Militar de Macapá e estava aguardando ser convocado. “Ele fez esse concurso da Susipe e depois iria fazer um concurso federal. Os sonhos dele acabaram”, lamentou.
Nas redes sociais, familiares e amigos lamentaram a perda do jovem.
Candidatos pedem cancelamento do TAF
Antes da morte de Ismael Sousa, candidatos já haviam denunciado outras irregularidades da aplicabilidade do TAF, realizado no Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (CIABA), localizado na rodovia Arthur Bernardes, em Belém.
Revoltados com a banca organizadora do certame, a AOCP Concursos Públicos, em relação aos erros que lhes valeram a vaga, candidatos recorrerram ao Ministério Público e à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA) para pedirem nulidade do Teste de Aptidão Física.
Além do local impróprio para a realização do salto horizontal, candidatos denunciaram a utilização de um pó branco foi jogado na pista, deixando o piso escorregadio e perigoso para acidentes e ainda, atraso para o início das provas, que ficaram sem beber água ou se alimentar por muitas horas.
(Fonte:DOL)