Correio de Carajás

“Não deixem ele andar nas ruas”, implora mãe de mulher assassinada pelo ex

 

“Eu quero dizer que eu sou mãe de uma mulher que foi morta, com requintes cruéis, Eliane de Souza Jorge, há seis meses. Fez seis meses dia 20 (terça), mas aqui dentro está doendo muito, está doendo demais”. Quando Maria de Jesus de Souza começou a falar ontem, quinta-feira (22), durante a audiência pública sobre combate contra a violência da mulher, o auditório lotado se calou.

Emocionada, ela foi ao microfone pedir à Justiça, perante os representantes do Ministério Público do Estado do Pará, que condene Márcio Bazílio Furtado Rocha, ex-companheiro da vítima, já pronunciado pelo crime e que deverá em breve sentar no banco dos réus para Júri Popular.

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“Acho que vocês não chegam nem a imaginar (a dor). Eu pensava que só acontecia isso com os outros, mas aconteceu com a minha filha. O ex-marido dela matou, com requintes de crueldade, acabou com ela e acabou com a minha vida e da minha família também”, acrescentou.

Ela agradeceu ao apoio do Conselho dos Direitos da Mulher de Marabá (Condim), do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), mas afirma que se sente pior a cada dia.

“Estão me ajudando muito nessa hora. Eu pensei que com o passar do tempo iria melhorar, mas não vai melhorar nada. Eu estou cada vez pior e cada vez mais essa dor está me dilacerando por dentro”, desabafou.

A preocupação de Maria de Jesus é voltar a cruzar com o acusado pelo feminicídio da filha dela nas ruas de Marabá. “Quero pedir ao Poder Judiciário que não deixe ele sair às ruas porque eu não tenho para onde ir. Eu nasci e me criei aqui, não tenho outro lugar para ir embora. Queria que vocês acompanhassem, que não deixem ele andar nas ruas porque eu acho que não iria aguentar isso”.

#ANUNCIO

No último mês, o juiz Alexandre Hiroshi Arakaki, titular da 3ª Vara Criminal e presidente do Tribunal do Júri da Comarca de Marabá, pronunciou Márcio Bazílio. O caso teve grande repercussão em Marabá e mobilizou protestos contra a violência de gênero. Ele foi denunciado pelo MP por homicídio qualificado pela utilização de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, por motivo fútil e emprego de meio cruel, prevalecendo da condição do sexo feminino e das relações familiares. Além disso, irá responder cumulativamente pelo crime de ocultação do cadáver.

O crime aconteceu no dia 20 de setembro do ano passado. Segundo as investigações, após uma discussão, ele esfaqueou a mulher no banheiro de um motel. Com a promessa de que a levaria para um hospital, ele a colocou no carro e levou para a saída da cidade, sentido Itupiranga.

Eliane percebeu o desvio de rota e se jogou do veículo. O acusado então parou o carro, desceu e a asfixiou com as mãos e com a ajuda de um pedaço de cipó. O corpo dela foi arrastado para o matagal. Apenas no dia seguinte o cadáver dela foi encontrado, quando ele confessou o crime à Polícia Civil e apontou onde estava o corpo da vítima.

O magistrado ainda não marcou a data do júri, mas manteve a decretação de prisão preventiva do acusado, afirmando ser necessária a custódia cautelar para a manutenção da ordem pública diante de crime de grande repercussão, considerando a gravidade e periculosidade das condutas apresentadas, ainda em apuração.

Ouvidos na última semana, em decorrência da pronúncia do réu, os advogados que atuam na defesa dele, Marcel Afonso e Wandergleisson Fernandes, encaminharam nota ao Correio de Carajás na qual afirmavam iriam recorrer da sentença de pronúncia, “haja vista que houve excesso de linguagem nos termos da decisão interlocutória, fato este que por óbvio prejudicaria a atuação da defesa na atuação em plenário do júri, uma vez que os jurados têm acesso a mesma”. (Luciana Marschall)

 

 

“Eu quero dizer que eu sou mãe de uma mulher que foi morta, com requintes cruéis, Eliane de Souza Jorge, há seis meses. Fez seis meses dia 20 (terça), mas aqui dentro está doendo muito, está doendo demais”. Quando Maria de Jesus de Souza começou a falar ontem, quinta-feira (22), durante a audiência pública sobre combate contra a violência da mulher, o auditório lotado se calou.

Emocionada, ela foi ao microfone pedir à Justiça, perante os representantes do Ministério Público do Estado do Pará, que condene Márcio Bazílio Furtado Rocha, ex-companheiro da vítima, já pronunciado pelo crime e que deverá em breve sentar no banco dos réus para Júri Popular.

“Acho que vocês não chegam nem a imaginar (a dor). Eu pensava que só acontecia isso com os outros, mas aconteceu com a minha filha. O ex-marido dela matou, com requintes de crueldade, acabou com ela e acabou com a minha vida e da minha família também”, acrescentou.

Ela agradeceu ao apoio do Conselho dos Direitos da Mulher de Marabá (Condim), do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), mas afirma que se sente pior a cada dia.

“Estão me ajudando muito nessa hora. Eu pensei que com o passar do tempo iria melhorar, mas não vai melhorar nada. Eu estou cada vez pior e cada vez mais essa dor está me dilacerando por dentro”, desabafou.

A preocupação de Maria de Jesus é voltar a cruzar com o acusado pelo feminicídio da filha dela nas ruas de Marabá. “Quero pedir ao Poder Judiciário que não deixe ele sair às ruas porque eu não tenho para onde ir. Eu nasci e me criei aqui, não tenho outro lugar para ir embora. Queria que vocês acompanhassem, que não deixem ele andar nas ruas porque eu acho que não iria aguentar isso”.

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No último mês, o juiz Alexandre Hiroshi Arakaki, titular da 3ª Vara Criminal e presidente do Tribunal do Júri da Comarca de Marabá, pronunciou Márcio Bazílio. O caso teve grande repercussão em Marabá e mobilizou protestos contra a violência de gênero. Ele foi denunciado pelo MP por homicídio qualificado pela utilização de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, por motivo fútil e emprego de meio cruel, prevalecendo da condição do sexo feminino e das relações familiares. Além disso, irá responder cumulativamente pelo crime de ocultação do cadáver.

O crime aconteceu no dia 20 de setembro do ano passado. Segundo as investigações, após uma discussão, ele esfaqueou a mulher no banheiro de um motel. Com a promessa de que a levaria para um hospital, ele a colocou no carro e levou para a saída da cidade, sentido Itupiranga.

Eliane percebeu o desvio de rota e se jogou do veículo. O acusado então parou o carro, desceu e a asfixiou com as mãos e com a ajuda de um pedaço de cipó. O corpo dela foi arrastado para o matagal. Apenas no dia seguinte o cadáver dela foi encontrado, quando ele confessou o crime à Polícia Civil e apontou onde estava o corpo da vítima.

O magistrado ainda não marcou a data do júri, mas manteve a decretação de prisão preventiva do acusado, afirmando ser necessária a custódia cautelar para a manutenção da ordem pública diante de crime de grande repercussão, considerando a gravidade e periculosidade das condutas apresentadas, ainda em apuração.

Ouvidos na última semana, em decorrência da pronúncia do réu, os advogados que atuam na defesa dele, Marcel Afonso e Wandergleisson Fernandes, encaminharam nota ao Correio de Carajás na qual afirmavam iriam recorrer da sentença de pronúncia, “haja vista que houve excesso de linguagem nos termos da decisão interlocutória, fato este que por óbvio prejudicaria a atuação da defesa na atuação em plenário do júri, uma vez que os jurados têm acesso a mesma”. (Luciana Marschall)