Correio de Carajás

Na véspera do lockdown, empresários fazem manifestação pacífica em Marabá

A manhã desta segunda-feira, 18, foi marcada por uma manifestação em frente à Prefeitura de Marabá, onde funcionários e empresários e comerciantes locais se reuniram em defesa de seus empregos e empresas. A principal reinvindicação foi pela reabertura do comércio, que foi impedida por uma decisão liminar da primeira instância da Justiça do Trabalho.

A iniciativa foi da loja de departamentos Havan de Marabá, que através das redes sociais, convocou seus colaboradores e demais membros do comércio para pedir ao prefeito Tião Miranda a reverter a situação no município. A gerente de vendas da Havan, Aline Cristina, explica que já estão chegando há 60 dias com o comércio fechado e a economia já não está mais aguentando. “Temos 150 colaboradores que precisam dos seus empregos, então viemos de forma organizada e pacífica solicitar a reabertura dos nossos serviços, não só da nossa loja, como também de outros setores que estão impactados”, disse Aline.

Muitos funcionários da Havan seguravam faixas com textos simples e direto, defendendo a necessidade de manter o comércio funcionando. “Claro, dependemos do emprego para sobreviver, não podemos passar tanto tempo sem trabalhar”, disse uma colaboradora da Havan, que pediu para não ter seu nome citado na reportagem.

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A manifestação contou com três carros de som, que chegaram a tocar o Hino Nacional, e outros empresários do comércio local que também se sentem prejudicados com o fechamento usaram a palavra e fizeram alerta sobre prejuízos e risco de colapso na economia, gerando demissões em massa.

Greis Leite é proprietária de uma loja de moda feminina e masculina, e afirma que o comércio não é o vilão da pandemia. “Há cidades que estão em isolamento desde o início e ainda assim apresentam índices altos da covid-19. As pessoas estão criando uma polaridade entre economia e saúde que não deveria existir, pois as pessoas precisam de dinheiro para viver e cuidar da sua saúde, e sem os empregos não há renda”, adverte Greis.

Para Zilene Maria Rodrigues, que é proprietária de uma loja de materiais para construção, o comércio não gera aglomerações como filas de hospitais e bancos. “O comerciante, tomando todos os cuidados necessários, não estará enfrentando problemas de aglomeração como filas de lotéricas, bancos e hospitais. Se continuar como está, daqui mais 60 dias os empresários já não terão mais dinheiro para pagar seus funcionários, então o que é pior? Eu considero a fome um problema pior”, avalia Zilene.

Até mesmo Eunice Braga, gerente de uma loja de informática, considerado serviço essencial, esteve na manifestação para dar apoio aos outros comerciantes. “Precisamos apoiar, pois a união irá mostrar ao nosso prefeito que os colaboradores trabalhando, estarão mais seguros do que em casa. Sabemos que ele (o prefeito) está tomando as medidas necessárias, mas viemos aqui para dar mais esse apoio a ele”, justificou Eunice.

A manifestação não durou muito, já que agentes da Polícia Militar chegaram ao local para coibir a aglomeração. O coronel Juniso Honorato, comandante do CPR II, informou à Reportagem do Portal Correio que a manifestação era irregular e as medidas cabíveis para encerrá-la seriam tomadas.

Um grupo deles foi recebido pelo prefeito Tião Miranda na Secretaria Municipal de Obras, o qual explicou que o Decreto de lockdown do governador Helder Barbalho é superior a qualquer legislação municipal e que não há como interferir, devendo aguardar o tempo previsto, até 24 de maio, para nova análise. “O prefeito mostrou-se do nosso lado, mas realmente precisamos esperar esse tempo”, disse Aline, da Havan, após a reunião com o gestor municipal.

Havia informação antecipada que a mesma manifestação ocorreria em frente à Prefeitura de Parauapebas, mas ela não aconteceu. (Josseli Carvalho, Zeus Bandeira e Ulisses Pompeu)