Mais de 60 bebês marabaenses serão beneficiados com o Programa Língua Solta, que acontece nesta terça-feira (16) e se estende até o dia 18 de maio, na clínica odontológica Só Saúde, em Marabá. A ação social, resultante de uma parceria entre as organizações não-governamentais (ONGs) Foco Social e Nós do Brejo, reverterá sem custo algum a condição da chamada “língua presa”, em recém-nascidos do Hospital Materno Infantil de Marabá (HMI).
O freio lingual é uma prega em baixo da língua que surge na linha média da arcada inferior, e liga a superfície ventral da língua e o assoalho da cavidade bucal. O diagnóstico de freio lingual curto, comumente chamado de “língua presa”, é atualmente realizado no HMI, mas a lista de espera para o procedimento cirúrgico, a frenectomia lingual, tem se estendido por meses.
A reportagem deste CORREIO esteve no consultório do odontólogo responsável pelas cirurgias, Gustavo Izaias, e pôde entender e acompanhar de perto o procedimento. O profissional explica que a condição pode atrapalhar a amamentação e causar feridas nos seios das mães, motivo pelo qual os recém-nascidos foi o grupo escolhido para ser beneficiado.
Leia mais:Vale ressaltar que o freio lingual curto acarreta o desmame precoce, fazendo com que o bebê não desfrute dos muitos benefícios do leite materno, como a proteção ao seu sistema imunológico.
Ele, que há alguns anos já realiza a frenectomia lingual e labial em recém-nascidos do Materno Infantil, se sensibilizou com a grande demanda e, junto as ONGs e à Secretaria de Saúde de Marabá, organizou o mutirão que pretende alcançar 100 crianças. Segundo o odontólogo, atualmente, existem 240 bebês esperando para passarem pelo procedimento: “A criança que nasce hoje, só consegue marcar a cirurgia para outubro”.
Gustavo conta também que a cirurgia pode ser realizada a partir de um dia de vida, mas também pode ser realizada em crianças, adolescentes e adultos.
Questionado sobre a razão da grande demanda, o profissional expõe que o avanço da medicina é o motivo: “Antigamente as pessoas não sabiam que isso era uma condição, pois não existia uma atenção voltada para a odontopediatria. Hoje, o diagnóstico é realizado no nascimento”.
A complexidade do termo frenectomia e o peso da palavra cirurgia mascara o que realmente é. O procedimento é, na verdade, bem simples. Consiste no corte, ou “pique” do freio com colírio anestésico local. O resultado é imediato e após alguns minutos o bebê já volta a mamar corretamente, como foi o caso da segunda paciente beneficiada no dia, a pequena Jade Alice.
Não houve, se quer, choro. Sua mãe, Josiane da Silva Ferreira, exalava gratidão: “Nós havíamos marcado a cirurgia para o dia 24 de outubro, mas fomos agraciados com essa oportunidade”. (Thays Araujo)