Correio de Carajás

Mulheres ganham 20,9% a menos que os homens no Brasil, diz governo

Segundo o Relatório de Transparência Salarial, em 2024 a participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou, mas a desigualdade salarial ainda persiste.

Mesmo mais escolarizadas, mulheres ganham 21% menos que homens, segundo o IBGE — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

As mulheres ganham 20,9% a menos que os homens empregados no setor privado do país. É o que mostram dados do Relatório de Transparência e Igualdade Salarial, divulgado nesta segunda-feira (7) pelo Ministério do Trabalho.

Os números fazem parte do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2024. No primeiro relatório, divulgado em março do ano passado, a desigualdade foi de 19,4%. Já no segundo, que saiu em setembro, o número passou para 20,7%.

O levantamento, que considera 19 milhões de trabalhadores em 53.014 empresas com 100 ou mais empregados, aponta que se as mulheres ganhassem igual aos homens na mesma função, R$ 95 bilhões teriam entrado na economia em 2024.

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As mulheres, sobretudo as negras, ganham ainda menos que homens em cargos iguais. Na remuneração média, os homens ganham R$ 4.745,53, enquanto as mulheres ganham R$ 3.755,01.

Quando se trata de mulheres negras, o salário médio vai para R$ 2.864,39, valor ainda mais distante em relação a homens negros – cuja média é de R$ 3.647,97, uma diferença de 27,36% entre os dois.

Comparando a remuneração média de mulheres negras com a de homens não negros, cujo salário médio é de R$ 6.033,15, a diferença chega a 110,63%.

O relatório também aponta uma discrepância ainda maior entre salários das mulheres em cargos de direção e gerência. Elas recebem 73,2% da remuneração dos homens nos mesmos cargos – ou seja, 26,8% a menos do que deveriam se houvesse equidade de gênero.

Já as profissionais em ocupação de nível superior recebem 68,5% do salário dos homens. As trabalhadoras de serviços administrativos recebem 79,8% dos salários dos homens.

Aumento no número de mulheres ocupadas

 

Apesar da desigualdade salarial ainda persistir, o relatório aponta que a participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou. O número de trabalhadoras ocupadas subiu de 38,8 milhões em 2015 para 44,8 milhões (+6 milhões) em 2024 .

Segundo a subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do Ministério do Trabalho, Paula Montagner, a porcentagem da massa de todos os rendimentos do trabalho das mulheres, entre 2015 e 2024, variou de 35,7% para 37,4%.

“Essa relativa estabilidade decorre das remunerações menores das mulheres, uma vez que o número delas no mercado de trabalho é crescente”, explica Paula Montagner em comunicado.

 

Dados do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2024 apontam que a parcela de mulheres ocupadas aumentou para 40,6%, elevando o número de mulheres empregadas para 7,7 milhões.

“A massa de rendimentos das mulheres é de 34,8% do total. Se fosse similar a sua parcela de empregadas (40,6%) a massa total seria expandida em R$ 95 bi (9% do total)”, completa Paula Montagner.

Além disso, caiu o número de estabelecimentos com no máximo 10% de mulheres negras, em comparação com os dados de 2023. No relatório anterior, havia 21.680 estabelecimentos, enquanto em 2024 são 20.452.

Também houve um crescimento de mulheres negras no mercado de trabalho. Em 2023 eram 3.254,272 mulheres negras, que passaram para 3.848.760 em 2024.

Os dados ainda apontam um aumento no número de estabelecimentos em que a diferença é de até 5% nos salários médios e medianos para as mulheres e homens.

“Cresce a inserção das mulheres no mercado de trabalho ao longo dos anos. Porém, esse crescimento não acompanha os salários das mulheres que exercem as mesmas funções que os homens”, ressalta o secretário executivo do Ministério do trabalho, Francisco Macena.

 

Critérios Salariais

 

De acordo com o relatório de igualdade salarial, 56,1% das empresas possuem planos de cargos e salários ou planos de carreira. Outro critérios citados para as diferenças salariais encontradas nos dado são:

  • Flexibilização de Jornada: 42,5%
  • Auxílio Creche: 22%
  • Licença Maternidade e Paternidade Estendidas: 21,2%
  • Apoio à Parentalidade de Mulheres: 30,7%
  • Negras: 24,5%
  • Com deficiência: 21,2%
  • LGBTQIA+: 19,5%
  • Chefes de Família: 19,1%
  • Indígenas: 7,5%
  • Vítimas de violência: 5,6%
  • Incentivo à contratação e promoção de mulheres: 39,0%
  • Tempo de Experiência na Empresa: 76,8%
  • Metas de Produção: 64,7%

 

A Lei da Igualdade Salarial foi Sancionada pelo presidente Lula em julho de 2023, e reforça o direito de homens e mulheres a receberem remuneração igual para trabalho de igual valor, com medidas mais rigorosas para garantir transparência, fiscalização e combate à discriminação no ambiente de trabalho.

Por isso, a legislação obriga empresas com mais de 100 empregados adotar medidas para garantir essa igualdade, incluindo transparência salarial, fiscalização contra discriminação, canais de denúncia, programas de diversidade e inclusão e apoio à capacitação de mulheres.

(Fonte:G1)