A empresária Paloma Lopes, 31, que morreu durante um procedimento estético em uma clínica na zona leste de São Paulo, pagou R$ 10 mil reais pelo atendimento. A informação foi dada pelo marido, Everton Lopes, no velório de Paloma na manhã desta quarta-feira (27).
Segundo Everton, Paloma não recebeu manobras de reanimação por parte dos profissionais da clínica. Ele estava no local, acompanhando Paloma na sala de espera, quando a esposa começou a passar mal.
Paloma pagou por um procedimento conhecido como “hidrolipo”, um dos muitos atendimentos prestados pela clínica Maná Day, do médico Josias Caetano dos Santos.
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O médico Josias Caetano dos Santos, cirurgião que realizou o procedimento de hidrolipo na jovem Paloma Lopes, que morreu durante a intervenção, já respondeu a pelo menos 22 processos por negligência médica na Justiça de São Paulo.
Segundo o advogado José Beraldo, que representa as vítimas, há casos de mulheres mutiladas e com cicatrizes enormes após a realização de procedimentos com o médico. “Mulheres que foram procurar beleza e encontraram o horror, a verdade é essa”, declarou o advogado.
Os processos contra Josias correm em diversas comarcas, na capital e também em cidades da região metropolitana de São Paulo, e a maioria ocorreu entre os anos de 2022 e 2023. As 22 ações de dano moral movidas pelas vítimas representadas por Beraldo estão, atualmente, em fase de perícia médica, solicitada pela Justiça. As pacientes devem realizar as perícias no Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (IMESC) para provar os danos decorrentes dos procedimentos.
De acordo com apuração da CNN, o médico realizava procedimentos estéticos – como cirurgias de lipoaspiração e de prótese de silicone – em diversos hospitais da capital. Ele também atendia em seu consultório próprio, localizado no Tatuapé, na zona leste de São Paulo. No consultório, não há aparato adequado para a realização de cirurgias, que requerem uma estrutura mais complexa.
Entre os relatos, há vítimas que chegaram a perder o mamilo após a realização de cirurgia de prótese de silicone.
Uma das vítimas, que ajuizou uma ação de indenização por danos estéticos, morais e materiais contra o médico, conta que se submeteu a uma cirurgia de mamoplastia redutora em 2019, em um hospital na zona leste da cidade. Cerca de quatro dias após a cirurgia, a mulher percebeu que a aréola esquerda do seio estava necrosada.
Ela então procurou Josias, que informou que seria necessário realizar um procedimento de enxertia de aréola e mamilo. A paciente relata que os procedimentos de reparo, que foram todos realizados no consultório no médico, não surtiram efeito e ela acabou perdendo o mamilo. No processo, a vítima pede uma indenização de quase R$ 70 mil pelos danos.
Condenação por erro em cirurgia de 2007
Em outro caso, o médico Josias Caetano dos Santos foi condenado pela Justiça de São Paulo, em 2013, a indenizar em R$ 20 mil uma paciente por danos morais.
Segundo informações do processo, após amamentar três filhos, a vítima estava infeliz com o formato de seus seios e decidiu realizar uma cirurgia de implante de silicone para melhorar a autoestima. Conforme o registro, o procedimento foi realizado em um hospital da capital com Josias.
Porém, após o procedimento cirúrgico, a mulher notou um inchaço na região dos seios, do braço e do pescoço. Ela afirma que tentou várias vezes entrar em contato com Josias, mas não teve sucesso e recebeu alta do hospital sem conseguir que o médico avaliasse seu quadro. A vítima resolveu então voltar ao consultório do médico alguns dias depois, e foi informada por Josias de que uma artéria havia se rompido durante a cirurgia.
Ainda conforme o relato, o médico resolveu atender a mulher no próprio consultório para sanar o problema. No depoimento, a mulher conta que, durante a busca pela artéria rompida, perdeu muito sangue e nenhum atendimento foi prestado. Posteriormente, ela procurou um hospital, onde foi informada estar com anemia pós-operatória.
Na decisão, o juiz considerou a conclusão da perícia, que apontou que a evolução do quadro de hemorragia ocorreu devido à demora no atendimento médico e que o procedimento foi realizado em consultório particular sem a estrutura hospitalar necessária a fim de prevenir maiores complicações médicas.
“Portanto, conclui o perito que houve falha do médico réu ante a ausência de atendimento imediato no pós-operatório, considerando o sangramento apresentado pela autora. Consta do laudo, inclusive, que houve inobservância da ética médica ao conceder alta sem avaliar prévia e pessoalmente o quadro clínico da paciente”, diz trecho da decisão.
A CNN entrou em contato com a defesa do médico, mas não houve retorno até o momento. Segundo o advogado José Beraldo, diversas denúncias também foram feitas ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), porém a maioria dos casos foi arquivado.
Em nota, o Cremesp afirmou que, a partir dos fatos noticiados pela imprensa, está apurando o caso. “As investigações tramitam sob sigilo determinado por Lei”, completa o órgão.
(Fonte: CNN Brasil)