Elisama da Paixão Saraiva Silva, de 37 anos, afirma ter passado maus bocados ao ter sido vítima de violência obstétrica na maternidade do Hospital Geral de Parauapebas (HGP) durante o trabalho de parto ocorrido no último dia 14 (domingo).
Em entrevista à TV Correio Parauapebas, ela conta que ao dar entrada na maternidade, apresentou um laudo médico informando que a paciente não poderia ter parto normal, devido ao quadro de hipertensão, e também por conta de sequelas de um acidente de carro, que a impedem de movimentar corretamente os músculos inferiores do corpo.
O parto estava previsto para essa quarta-feira (17), no entanto, caso houvesse alguma intercorrência, ela poderia tentar realizar o procedimento antecipadamente, desde que feita a cesariana. Essas informações, afirma a paciente, vieram da médica que realizou o acompanhamento durante todos os nove meses de gravidez.
Leia mais:Assim que ela chegou no HGP, começou o pesadelo: Elisama foi informada que já tinha chegado aos dez centímetros de dilatação e estaria pronta para começar o trabalho de parto. A paciente foi levada à sala de cirurgia enquanto alertava a equipe que não poderia ter parto normal, mas era ignorada.
Somente horas depois, quando pararam de sentir os batimentos cardíacos do bebê, que resolveram chamar o médico obstetra. Até aquele momento, relata, dois enfermeiros realizavam todo o procedimento.
No entanto, mesmo com a chegada do médico, a situação não melhorou. O procedimento continuava o mesmo, enquanto o obstetra insistia para que a paciente fizesse mais força, afirmando que só dependia dela. Ela, por sua vez, gritava enquanto sentia que estava perdendo o filho. A criança nasceu e ainda está internada.
Depois de toda a violência sofrida, Elisama pede por justiça contra toda a equipe médica. Toda a família está sofrendo nesse momento, afirma, preocupada com a saúde do filho, mas esperançosa de que ele conseguirá sobreviver sem sequelas.
“Violência obstétrica” é o termo utilizado para caracterizar a prática de atos danosos à integridade física e psicológica de parturientes – mulheres em trabalho de parto ou que já deram à luz – praticados por profissionais da saúde ou hospitais e clínicas médicas, sejam elas públicas ou privadas. A prática não é prevista na legislação penal federal, mas alguns estados têm legislação específica do tema. O Pará não é um deles.
A Secretaria de Saúde de Parauapebas não se manifestou até o momento sobre o caso. (Clein Ferreira – com informações de Rayane Pontes)