Correio de Carajás

MPF abre procedimento para cobrar providências sobre assassinato de ambientalistas

Família de protetores do meio ambiente foi encontrada morta em São Félix do Xingu, no sudeste do estado

Família de ambientalistas desenvolvia projeto de criação de quelônios, no Rio Xingu

O Ministério Público Federal (MPF) deu início, nesta sexta-feira (14), a um procedimento para acompanhar o andamento das investigações sobre os assassinatos de um casal de ambientalistas e a filha adolescente em São Félix do Xingu, no sudeste do Pará. José Gomes, conhecido como Zé do Lago, a mulher Márcia Nunes Lisboa e a filha Joene Nunes Lisboa foram encontrados mortos no último dia 11, mas provavelmente foram mortos alguns dias antes.

O casal vivia há mais de 20 anos na localidade conhecida como Cachoeira da Mucura e desenvolvia um projeto ambiental de proteção de quelônios, repovoando as águas do Xingu com filhotes de tartarugas todos os anos. Eles foram mortos a tiros.

Para o MPF, os fatos são de extrema gravidade e se inserem em um contexto de reiterados ataques a ambientalistas e defensores de direitos humanos no país. De acordo com a imprensa, os fatos são investigados pela Divisão de Homicídios do município de Marabá e pelo Núcleo de Apoio à Investigação da Polícia Civil de Redenção e são acompanhados por órgãos de proteção aos direitos humanos, como a Anistia Internacional.

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Mais de 60 assassinatos – Nessa quinta-feira (13), mais de 50 entidades e movimentos sociais divulgaram uma carta pública cobrando rapidez nas investigações e responsabilização dos envolvidos. Entre os signatários da carta estão a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH). A nota afirma que levantamentos da CPT nas últimas quatro décadas apontam para o assassinato de 62 trabalhadores rurais e lideranças em conflitos de terra no município de São Félix do Xingu e até agora nenhum dos casos foi resolvido pelas autoridades do sistema de Justiça.

Em relatório do ano passado da organização não governamental Global Witness, o Brasil aparece como o 4º do mundo com maior número de ambientalistas assassinados. No procedimento que abriu para acompanhar o caso, o MPF deve cobrar das autoridades providências e investigações céleres sobre os crimes dessa semana. (Ministério Público Federal)