Nas eleições municipais de Marabá, realizadas no domingo (6), 59 candidatos ao cargo de vereador receberam menos de 50 votos, dos quais 34 eram mulheres e 25 homens. Esse dado representa aproximadamente 18% do total de 324 candidatos que concorreram às cadeiras na Câmara Municipal. A desproporção entre as candidaturas femininas com baixa votação e a exigência da cota de gênero chamou a atenção do Ministério Público Eleitoral (MPE), que pretende investigar se essas candidatas participaram das eleições apenas para cumprir a cota mínima de 30% de mulheres por partido, conforme exige a legislação eleitoral.
Entre as 34 candidatas que receberam menos de 50 votos, o partido Avante foi o que mais registrou ocorrências, com cinco mulheres, o que representa 14,7% das candidatas nessa faixa de votação. Em seguida, PSD e PSB apresentaram quatro candidatas cada (11,8%), enquanto Republicanos, PP e Solidariedade tiveram três candidatas (8,8% cada). Já o PT, PSDB e Cidadania contaram com duas candidatas cada, correspondendo a 5,9% cada uma. Por fim, PRD, PSOL, União e Podemos registraram uma candidata com menos de 50 votos, cada um, representando 2,9% do total.
Analisando os 25 candidatos homens que obtiveram menos de 50 votos, o Partido Progressista (PP) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT) lideram com sete candidatos cada, o que corresponde a 28% do total de candidatos homens com essa votação. Avante, PSB, Cidadania e Republicanos registraram dois candidatos cada, representando 8% do total. Por fim, MDB e PT tiveram apenas um candidato, cada um, com menos de 50 votos, representando 4% do total de homens nessa faixa.
Leia mais:A comparação entre candidatas e candidatos com baixa votação revela que as mulheres representam 57,6% do total de pessoas que receberam menos de 50 votos, enquanto os homens compõem 42,4%. Essa diferença pode ser um indicativo de que as candidaturas femininas podem ter sido lançadas apenas para cumprir a cota de gênero, sem uma campanha efetiva.
Outro dado relevante é que entre as 34 candidatas com menos de 50 votos, uma delas, Gilmara Rabello, do PSB, não obteve nenhum voto. Esse é um fato raro e pode reforçar a suspeita do MPE sobre possíveis irregularidades na composição das chapas. A reportagem tentou contato com Gilmara para entender os motivos que levaram à sua ausência de votos (inclusive o dela), mas não obteve resposta.
O Ministério Público Eleitoral já anunciou que investigará junto a cada partido a grande quantidade de candidatas com menos de 50 votos. A investigação vai buscar entender se essas mulheres foram incluídas nas listas apenas para cumprir a cota de 30% exigida pela legislação, ou se houve uma falta de suporte efetivo por parte dos partidos para a promoção de suas candidaturas.
As candidaturas fictícias, também conhecidas como “candidaturas laranjas”, têm sido um ponto de preocupação em eleições passadas. Caso o MPE comprove que houve fraude ou irregularidade, os partidos envolvidos podem enfrentar sanções, incluindo a perda de vagas conquistadas na Câmara Municipal.
(Thays Araujo)