Correio de Carajás

MP solicita que Polícia Civil investigue mais uma morte de bebê no HMI

Órgão determinou que o Conselho Regional de Medicina tome providências junto aos médicos que tiveram participação no ocorrido.

Diante de mais uma denúncia, o Ministério Público do Pará despachou nessa quarta-feira (29), uma determinação para que a Polícia Civil de Marabá instaure um inquérito policial e realize o exame necroscópico para apurar as causas da morte de um bebê recém-nascido. De acordo com o MP, há indícios de erro médico durante o parto ocorrido no Hospital Materno Infantil (HMI) de Marabá.

Segundo o boletim de ocorrência registrado na 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil, e o documento emitido pelo HMI, Luciane Gomes Araújo, mãe do bebê morto, deu entrada na casa de saúde às 4h57 da manhã de terça-feira (28), após ter tido a “bolsa” rompida.

No relato feito às autoridades policiais, Nayane Gomes Araújo, tia do bebê, afirma que a irmã foi atendida e internada, procedimento comum, para que pudesse ocorrer a dilatação para o parto normal.

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Contudo, Nayane conta que às 12 horas do mesmo dia, ainda não havia tido aumento na dilatação e que a médica ginecologista, Luma Carolynne, induziu um comprimido. “Meia noite ela disse pra Luciane que estava tudo normal e o processo era demorado”, afirmando que às 18 horas outro comprimido já havia sido dado a Luciane, que estava com 2 centímetros de dilatação.

No boletim de ocorrência, consta a informação de que continuaram induzindo comprimidos à paciente para que ela tivesse o parto normal. “Com isso ela chegou a ter o parto normal da criança. Mas já nasceu sem sinais vitais. Segundo o médico Francisco Alves – que fez o parto – ela teve descolamento de placenta”, conta Nayane.

O Portal Correio de Carajás obteve a Folha de Evolução Médica da paciente, onde constam as informações do parto descritas pelo ginecologista e obstetra Francisco Alves, que acompanhou a paciente.

De acordo com Francisco, às 4 horas da manhã no dia 29 de dezembro, Luciene estava com 9 centímetros de dilatação. Nesse momento, foi solicitado para colocar a gestante de cócoras para facilitar a descida do polo cefálico.

Às 4h25 a dilatação estava completa, e às 4h30 Luciene teve seu bebê por parto vaginal. No prontuário, consta que o feto nasceu com parada cardiorrespiratória, sendo reanimado pela pediatra, sem êxito.

Ainda de acordo com o mesmo documento, foram feitas prescrições médicas, além de ter sido explicado para a paciente e sua irmã sobre o deslocamento prematuro da placenta e suas implicações na causa da morte fetal por hipóxia, que consiste na diminuição ou ausência da assimilação de oxigênio recebida pelo feto através da placenta.

O médico finaliza solicitando o exame histopatológico da placenta e encaminha a paciente para acompanhamento psicológico.

Com a denúncia, a promotora de Justiça, Paula Gama, determinou o inquérito policial. Além disso, foi fixado um prazo de 48 horas para que o secretário municipal de Saúde e o diretor do HMI repassem as informações detalhadas sobre o caso e as providências que foram tomadas.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que estará colaborando em todas as informações com a investigação e “acredita na elucidação do caso com a apuração da verdade”. (Da Redação)