No final da manhã desta quinta-feira, 13, o Ministério Público do Estado do Pará, por meio dos promotores Samuel Furtado, Jane Cleide Souza e Mayanna Queiroz, convocou uma reunião para tratar sobre a segurança nas escolas, após a onda de supostas ameaças aos educandários de todo o país, incluindo Marabá.
Representantes da Guarda Municipal, Polícia Militar, Conselho Tutelar, Secretaria Municipal de Educação e 4ª URE (Unidade Regional de Ensino) foram ouvidos ao expor os trabalhos que estão sendo realizados nesse momento de grande tensão.
Após a promotoria realizar um diagnóstico sobre a falta de uma equipe multidisciplinar dentro das escolas (psicólogo e assistente social), e afirmar que será feita uma recomendação ao estado e município para que cumpram a lei que garante esses serviços nas redes públicas de educação básica, o coronel Dayvid Sarah Lima, comandante do CPR II, afirma que o problema, muitas vezes, está dentro de casa.
Leia mais:“Não adianta colocar dez pedagogos e psicólogos se não mudar o comportamento. Às vezes, dependendo de onde a escola está inserida, como em uma zona vermelha (área de maior atenção), aqueles alunos, em grande parte, são oriundos de famílias com problemas gigantescos e que transferem a responsabilidade para o coordenador pedagógico, que tem de educar o aluno, sendo esse o papel do pai e da mãe”, salientou.
Para o coronel, o papel da escola é ensinar as matérias e não educar. “O foco não é dentro da escola, é no entorno dela. Está dentro de casa. O crime e a violência quando estão na rua, é porque começaram dentro de casa”, ressalta.
Contudo, os esforços estão sendo feitos e a PM está com sua equipe nas ruas e preparada para realizar a segurança da comunidade.
De acordo com Marilza Leite, secretária de Educação, já foi feita uma reunião com todos os gestores escolares e que a Prefeitura de Marabá está providenciando um material de orientação para ser entregue aos alunos.
“Nosso grande desafio, e é isso que estamos trabalhando, é sobre a responsabilização dos pais, para que eles possam acompanhar mais de perto seus filhos e saber o que essa criança leva para a escola, acompanhar o uso do celular e do computador, por exemplo. Nós sabemos que essa onda de ameaças está sendo disseminada através das redes sociais, e a gente percebe que alguns pais estão completamente omissos. Aí, os profissionais da educação acabam ficando melindrados e receosos, porque nós temos uma situação onde alguns pais entendem que é normal. E quando a escola chama a atenção e busca colocar regras, os pais confrontam essas meninas e entendem de uma maneira punitiva, e não é”, ressaltou Marilza.
Desde que a Polícia Militar interceptou um possível ataque aos professores da Escola Estadual Walquise Viana, na última segunda-feira, 10, foram realizadas reuniões com representantes da educação e com diretores das escolas particulares e municipais.
Em breve, segundo Magno Barros, diretor da 4ª URE, a próxima deve ser com os diretores da rede estadual para que os profissionais possam ter informações necessárias para que seja elaborado um planejamento de proteção à comunidade escolar.
“Os educadores não são especialistas em segurança pública. E o comandante da PM tem feito um excelente trabalho com essas orientações, como no enfrentamento propriamente dito. Seria ótimo se tivéssemos mais gente para observar, ocupar os espaços da escola e nos munir de informação”, destaca Magno.
Ainda de acordo com o representante da 4ª URE, o Governo do Estado está concluindo um processo seletivo para ter em seu quadro escolar mais psicólogos e assistentes sociais. “Vai ser pelo menos um por cidade. Não sei como eles vão distribuir em Marabá, por exemplo, que é uma cidade maior e possui mais escolas”.
A Guarda Municipal também tem atuado em parceria com a Polícia Militar nas rondas escolares. E, atualmente, quatro veículos estão disponibilizados para que a segurança municipal auxilie o trabalho preventivo.
“Cada viatura cobre dez escolas. Quero conseguir mais uma, para que possamos aumentar esse número”, disse Jair Barata, secretário de Segurança Institucional de Marabá. (Ana Mangas)
Foto: Evangelista Rocha