Correio de Carajás

Mototaxistas fecham entrada de garagem de ônibus

Passado mais de um ano da morte do mototaxista José Rodrigues de Lima, de 46 manos, conhecido como Pé de Pano, em um acidente envolvendo um ônibus da JSL, em Parauapebas, colegas e familiares da vítima fecharam a garagem da empresa, na PA-160, na manhã desta terça-feira (3). O protesto, segundo eles, ocorre porque a família nunca recebeu atenção dos responsáveis pelo veículo envolvido no acidente fatal, registrado no Bairro Tropical, no dia 3 de julho de 2020.

Os ônibus permaneceram enfileirados na PA-160

A irmã da vítima, Maria Rodrigues de Lima, afirma jamais ter sido procurada por representantes da JSL e que a única oferta da empresa foi a disponibilidade de um táxi para a mãe de José no dia do sepultamento. “Meus pais moram na roça e meu irmão que sempre ia lá e cuidava deles, que estão velhinhos. A empresa prometeu médico e não cumpriu, prometeu ajudar e nada, as ligações eles não atendem e fizeram nada por nós. Estamos aqui cobrando que a empresa, que tem condições, arque com tudo porque nem funerária pagou, não sabem nosso endereço”, lamenta, ao lado da filha, Cassiane Lima da Silva, de 18 anos.

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O mototaxista Marcelo Alves de Almeida, colega de José, explica que o grupo realiza a manifestação de forma pacífica e quer respeito por parte da empresa. “A JSL há um ano ceifou a vida de um companheiro nosso. Ele morreu e queremos que a empresa restitua o que foi gasto pela família. O funeral não foi pago, a moto está até hoje quebrada e nunca tomaram iniciativa de resolver problema nenhum dessa família”, observa.

Marcelo diz que até a moto envolvida no acidente segue quebrada após um ano

Ainda conforme ele, os 745 mototaxistas da cidade são unidos e pretendem cobrar a atuação da empresa. “Era (José) padrasto de três filhos da esposa. Ele criou e hoje são órfãos. Queremos que a empresa tome uma atitude sobre a morte desse amigo, porque deu nem um segundo de atenção para os familiares”.

O presidente da Cooperativa Unificada dos Mototaxistas Motoboys e Rodoviários de Parauapebas (Unimoto), Joseone Silva Ferreira, afirma que a manifestação é também um ato pela conscientização no trânsito. “Estamos aqui para que estes motoristas de ônibus prestem mais atenção no trânsito. Preservam muito a vida dos motoristas deles, mas não dos outros usuários. É comum eles envolvidos em acidentes”, afirma.

O presidente da Unimoto (Joseone), a irmã (Maria) da vítima e a sobrinha (Cassiane) explicam a situação

O presidente critica, ainda, a atuação da JSL em relação ao caso. “A empresa sequer prestou uma homenagem, sequer dá respostas sobre o acontecido e faleceu o mototaxista, parceiro nosso de trabalho”. O grupo chegou a ser atendido pela gerência, mas esta alegrou que a atual diretoria local é nova e desconhece o caso. “Vamos aguardar outro representante chegar, para conversarmos e ver o que podem fazer”. O Correio de Carajás também foi atendido e um funcionário informou que encaminharia uma nota oficial até 13 horas desta terça, o que não ocorreu. (Luciana Marschall – com informações de Ronaldo Modesto)