Correio de Carajás

Motorista de app era refém e não assaltante

Embora tenha sido apresentado pela Polícia Militar como um dos suspeitos de assaltar uma farmácia no São Félix, o motorista Israel da Silva Paixão, de 35 anos, na verdade estava sendo refém dos criminosos, que usaram o carro dele, a pretexto de fazer uma corrida. Israel foi arrolado como testemunha no inquérito policial e conversou com o CORREIO sobre os momentos de tensão que passou. Ele chegou a pegar um tiro de raspão durante a abordagem policial.

Israel, que também é motorista da Procuradoria Geral do Estado (PGE), mas está de férias, conta que recebeu uma chamada na Nova Marabá para levar passageiros até a Folha 25, também na Nova. Mas, no meio do caminho, os clientes pediram para mudar a rota e ir até o São Félix pegar uma chave.

O rapaz aceitou a mudança e acertou o preço da corrida em R$ 50. Quando chegaram ao São Félix, ele ficou no carro enquanto os indivíduos saíram e voltaram rapidamente, mas de forma tranquila, como se nada tivesse ocorrido. Israel diz que não percebeu nada de anormal, a não ser o fato de que, na ponte rodoferroviária do Rio Tocantins, os indivíduos pediram para ele acelerar porque eles tinham de chegar com essa chave rapidamente na Folha 25.

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Mas ao transpor a ponte e chegar na entrada da Nova Marabá, já se deparou com o bloqueio dos policiais que atiraram na direção do veículo para ele parar. Diante disso, Israel jogou o carro para fora da pista, chegando a bater num caminhão, e já pulou do carro com as mãos na cabeça e deitado no chão.

Ele conta também que explicou a situação para os policiais militares responsáveis pela ação, mas eles nada responderam. Apenas o levaram para a delegacia, onde ele ficou dentro do camburão e lá percebeu que estava ferido no braço direito.

Nessa hora, ele informou a situação aos policiais, que o levaram até o Hospital Municipal de Marabá (HMM), onde ele passou por exame de Raios-X, onde ficou constatado que foi atingido apenas por estilhaços; depois foi medicado e voltou para a viatura, onde foi levado de volta para a delegacia de Polícia Civil, sendo apresentado como suspeito de integrar a quadrilha de criminosos.

Durante a noite, quando foi ouvido pelo delegado e pelo escrivão plantonistas, Israel pôde, finalmente, com calma, contar tudo que aconteceu. Ao ouvir sua versão, os policiais puxaram o histórico das corridas que ele fez por meio dos aplicativos que ele trabalha e ficaram convencidos de que, realmente, Israel era inocente, um refém dos criminosos.

Ele disse que, agora, tudo que quer é se refazer do susto que passou, continuar tocando sua vida normalmente e ver seu nome fora do noticiário policial.

Assaltantes presos

Por outro lado, os assaltantes presos, que tiveram seus flagrantes mantidos pela Polícia Civil, foram identificados como Tiago Pereira de Souza, de 20 anos, e Rodrigo Alves Pereira, de 29. Além deles, o indivíduo Claudevan Conceição Sousa, de 29 anos, morreu durante a abordagem policial, porque atirou nos policiais, segundo consta na versão oficial apresentada na delegacia. (Chagas Filho)