Correio de Carajás

Morto aos 29 anos, padre Fabrício era cantor, influencer, aguiano e autista

Pároco, um dos mais jovens da Diocese de Marabá, lançaria músicas inéditas no dia 1º de novembro próximo

Padre Fabrício Rodrigues tinha várias habilidades e usava todas elas para a pregação da Palavra de Deus

Vítima de acidente entre a motocicleta que pilotava e um cavalo, na noite desta quinta-feira (12), o padre Fabrício Rodrigues tinha 29 anos de idade e era um dos mais jovens sacerdotes da Diocese de Marabá e pode ser considerado multifuncional. Atualmente, ele dividia o ofício de padre com os estudos em psicologia na Unama de Marabá.

Em sua comunidade, na Folha 33, era bastante querido e os membros da congregação estão preparando uma música para cantar em sua homenagem assim que o corpo chegar, no início da tarde desta sexta-feira (13).

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PAIXÃO PELA MÚSICA

Mas o padre também era cantor. Tinha o dom da música e gostava de louvar nas missas. Mas também produzia canções católicas autorais e estava preparando um evento em O Casarão, na Folha 32, para 1º de novembro próximo – Dia de Todos os Santos – para lançamento de várias músicas autoriais em parceria com sua banda.

A FACE DE INFLUENCER

Mas o padre ficou famoso nas redes sociais durante a live de uma missa por ocasião da pandemia, em 2020, quando caiu na gargalhada depois que a corda do violão do músico que o acompanhava arrebentou.

No Instagram, ele tinha até esta quinta-feira, mais de meio milhão de seguidores, com 6.600 publicações, boa parte com vídeos em que convidava os internautas para orar e divulgava mensagens da palavra de Deus.

Inclusive, depois de anunciada sua morte nas redes sociais, a partir de 7 horas da manhã desta sexta-feira, ele tinha 564 mil seguidores e saltou para 581 mil por volta de 10h45.

No Youtube, acumulava 82,3 mil inscritos com 1.838 vídeos e um total de 5.178.834 visualizações, desde 2019.

AUTISTA SEM VERGONHA

Padre Fabrício fazia questão de informar que fora diagnosticado com TEA (Transtorno do Especto Autista), e numa entrevista à Reportagem do CORREIO DE CARAJÁS, disse que seus desafios em função desse distúrbio eram enfrentados com naturalidade.

A FACE DE ESCRITOR

Mas padre Fabrício Rodrigues também era escritor. Há menos de um mês ele publicou seu primeiro livro “Vamos rezar juntos”, sendo lançado oficialmente no dia 19 de agosto. “Este livro nasceu de um convite de Deus. Os tempos não eram fáceis, e eu andava inquieto com inúmeros acontecimentos. Estava necessitado de uma transformação, sabia que não poderia permanecer no modo em que me encontrava. Passava horas me perguntando o que poderia fazer e o que deveria mudar. A resposta parecia que nunca viria, até que num belo dia, após o mesmo questionamento, ouvi uma voz doce e suave me dizer: Vamos rezar juntos?

Deus me chamou para rezar e eu aceitei. Este livro tem um caminho a ser percorrido. Tem início no conhecimento da oração, no momento em que descobrimos o que é orar e qual é a importância de nossas orações. A oração é a chave que abre para nós todos os tesouros celestes. Nada é impossível para quem ora. Deus nos ensinou a pedir e nos revelou que pela oração podemos alcançar todas as graças de que precisamos”.

A obra pode ser adquirida pelo site Estante Virtual no valor de R$ 47,12.

PAIXÃO PELO FUTEBOL

Mas o padre com tantas qualidades espirituais também era homem comum. Flamenguista desde criança, ele gostava de futebol, jogava com um grupo de amigos ocasionalmente e era torcedor do Águia de Marabá a ponto de ir para o estádio Zinho Oliveira de batina e com a camisa do Azulão por baixo. Quando o jogo terminava, no final da tarde, seguia direto para a igreja, onde ia conduzir a missa.

Por conta de sua relação com o Águia, a diretoria do clube divulgou uma nota de pesar com o seguinte teor: “É com profundo pesar que informamos o falecimento do Padre Fabrício Rodrigues, o nosso eterno amuleto da sorte do Águia de Marabá.

Nossos profundos sentimentos a todos os familiares e amigos neste momento de dor e tristeza”.

(Ulisses Pompeu)