Poucos homens dedicaram tanto a vida à pesca em Marabá quanto Michel Athie, um descendente de sírios que nasceu por aqui em 26 de maio de 1928 e faleceu por volta de 23 horas desta segunda-feira, dia 8 de fevereiro, aos 92 anos de idade. Foram mais de cinco décadas entre canoas, jacumã, rede, tarrafa, anzol, comercialização de pescado e o trajeto a pé, da margem do Itacaiunas para sua casa, na Rua Barão do Rio Branco, 786 B.
Os pais de Michel, Salime Amoury Athie e João Athie, vieram da Síria tangidos por conflitos internos em seu país. Michel nasceu em Marabá, aventurou-se nas matas do Itacaiunas na extração de borracha aos 14 anos de idade e, um ano depois, ingressou em outro ramo, tornando-se um dos mais notáveis pescadores de sua geração, deixando um legado de conhecimento sobre os rios da região e os costumes das principais espécies.
Casou-se com Edna Bandeira Athie, com quem teve 10 filhos (oito dos quais estão vivos). Atualmente, há dois filhos que vivem da pesca: José Edmir Bandeira Athie e João Athie Neto, além do neto Joelson Herenio Athie. A família dilatou-se na cidade e um dos filhos de Michel, Ivanildo Bandeira Athie (Ray), foi vereador na legislatura 2017-2020.
Leia mais:Michel era um amante do futebol, apaixonado pelo Flamengo, mas em gramados marabaenses defendeu as cores do Bangu Esporte Clube. “Eu tinha 15 anos quando comecei a pescar e dava muito peixe naquela época. Quando me casei, eu ganhava tanto dinheiro com a pesca, que o lucro de um dia dava para pagar até sete meses de aluguel”, comemorava ele em entrevista de sete anos atrás.
O velório de Seu Michel, como era carinhosamente conhecido na Velha Marabá, está acontecendo no Mortuário da Igreja São Félix de Valois, em frente ao Estádio Zinho Oliveira, na Marabá Pioneira. O enterro está agendado para as 17 horas desta terça-feira, no Cemitério São Miguel, no mesmo bairro.
A Colônia de Pescadores Z-30, de Marabá, deveria criar um Museu do Pescador para estampar, entre outras coisas, nomes relevantes como o de Michel Athie. (Ulisses Pompeu)