Correio de Carajás

Morre José Martins, servidor mais antigo do Dnit em Marabá

Um infarto enquanto dormia tirou a vida do engenheiro civil aposentado José Martins da Silveira Neto, aos 70 anos, no dia 5 de maio. Até o mês passado, quando ainda estava na ativa, ele era o funcionário mais antigo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) em Marabá. O sepultamento aconteceu nesta manhã de sexta-feira (6) no Cemitério da Saudade, na Nova Marabá, com a despedida dos familiares e amigos.

José Martins era natural de Belém, de onde veio já casado com a sua companheira da vida toda, Elizabete Fraga da Silveira, em 1978. Deixa os filhos Fabrício, Mônica e Ana Paula Fraga da Silveira.

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (CREA) emitiu nota de pesar, lamentando o falecimento do engenheiro. “Em nome de todos os servidores, conselheiros e do presidente Eng. Civil Renato Milhomem, manifesta solidariedade aos familiares e amigos, reconhecendo a importância, o legado e os relevantes serviços prestados pelo profissional”.

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 Ex-colegas de trabalho também postaram mensagem por meio da página Gestão Ambiental BR 230/422: “O #TBT de hoje é uma homenagem ao nosso eterno amigo José Martins, funcionário da UL DNIT/Marabá e que contribuiu muito para o desenvolvimento da Transamazônica (BR-230/PA). A equipe do DNIT e todos seus colaboradores prestam suas mais profundas e sinceras condolências aos familiares e amigos. Deixamos aqui registrado o nosso agradecimento por todos os serviços prestados a essa autarquia, ao grande profissional, a pessoa que você sempre foi, à sua infinita paciência, ao seu carisma e à sua sabedoria que nos encheu de orgulho de um dia ter feito parte da sua história”.

HISTÓRIA

O site “BR230PA” realizou uma homenagem a José Martins da Silveira em agosto de 2021, publicando matéria com a história dele, explicando como a trajetória do engenheiro se confundia com a do próprio Dnit na região, remontando ao ainda Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), nome da autarquia naquela época.

Destacava que a BR-230, com 4.245 quilômetro de extensão, é uma das maiores rodovias do mundo e já tem 50 anos. Segundo a publicação, José Martins é um verdadeiro superherói na selva amazônica, pois ajudou, como poucos, na construção e manutenção dessa rodovia, passando por todos os cargos possíveis e permanecendo na ativa até agora.

“Uma verdadeira lenda viva no desbravamento da Transamazônica a serviço do DNIT. Com várias qualificações como Técnico em Construção e Manutenção de Estradas, Bacharel em Matemática, pós graduação em Geometria Euclidiana, pós graduação em Física, Engenheiro Rodoviário, e mais a experiência adquirida em todos esses anos dedicados ao DNER e depois ao DNIT, Zé Martins, como gosta de ser chamado, relembra sua trajetória profissional desde quando deixou de atuar como assistente de professor na antiga Escola Técnica Federal do Pará (ETFPA) em Belém, para prestar concurso para o DNER através do Departamento de Assistência do Servidor Público (DASP), entrando no órgão em 1975 com 23 anos”, disse a reportagem.

Pouco mais de 50% dos servidores aprovados no concurso do DNER aceitaram o desafio de ir para as, então, residências, espalhadas por todo o estado como Capanema, Itaituba, Altamira e Marabá, cujo primeiro trecho foi inaugurado em 1971.

Zé Martins, por já possuir o curso de Estradas ofertado pela ETFPA, e já ter trabalhado na área de topografia, construções e pavimentação de estradas, mostrou interesse em vir para Marabá, e a partir daí, dedicou-se de corpo e alma aquilo que ele chamava de um grande pedaço de sua vida, a Transamazônica.

Na sua longa caminhada de 46 anos no órgão, o experiente servidor público constituiu família, morou em vários acampamentos ao longo da rodovia, comandou equipes, solucionou problemas imprevisíveis, foi beneficiado com cargos de chefia em escritórios, mas no final era sempre chamado pelos engenheiros a retornar ao campo por sua larga experiência e habilidade em solucionar problemas e improvisar soluções, confessando que era exatamente onde gostava de estar.

Na mesma entrevista, Zé Martins deixou uma mensagem às novas gerações de engenheiros e construtores: “Em um ambiente inóspito, com uma geografia difícil, onde o inverno amazônico cria dificuldades imensas, eu aconselharia a nova geração de construtores de estradas a não permanecerem apenas nas teorias e estudos adquiridos nas universidades. É preciso enfrentar o desafio de frente, in loco, se aprimorando a cada dificuldade, sendo criativos e eficientes na solução de novos problemas, pois a cada trecho, a cada relevo, e a cada região mudam os desafios e se multiplicam as dificuldades”. (Patrick Roberto)

Homenagem do Crea Pará