Correio de Carajás

Morre aos 79 anos Armindo Denardin, empresário e ex-prefeito de Altamira

Fundador do Grupo Mônaco e ex-prefeito de Altamira deixa legado de quase cinco décadas de contribuição ao desenvolvimento regional

Por: Da Redação

O empresário Armindo Denardin, figura emblemática do empreendedorismo brasileiro e fundador do Grupo Mônaco, faleceu nesta quarta-feira (16) aos 79 anos, em São Paulo. Natural de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, Denardin construiu ao longo de quase cinco décadas uma trajetória que se confunde com a própria história do desenvolvimento econômico das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. Ele também foi sócio de José Francisco Diamantino (Revemar), falecido em 2013.

A morte do empresário gaúcho representa o fim de uma era para o setor automotivo nacional e para a região amazônica, onde ele se estabeleceu em 1977 e transformou não apenas sua própria vida, mas também a realidade econômica de milhares de pessoas. Sua partida deixa um vazio no cenário empresarial brasileiro, mas também um legado sólido que continuará influenciando gerações futuras.

A história de Armindo Denardin é indissociável do espírito desbravador que marcou o desenvolvimento da região amazônica nas décadas de 1970 e 1980. Nascido em Santa Rosa, no extremo noroeste do Rio Grande do Sul, região conhecida por formar empreendedores e pioneiros, Denardin carregava em seu DNA a vocação para identificar oportunidades onde outros viam apenas desafios.

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Em 1977, quando o Brasil vivia os anos finais do “milagre econômico” e o governo militar promovia a ocupação da Amazônia através de grandes projetos de infraestrutura, Denardin tomou uma decisão que mudaria sua vida e a de muitas outras pessoas: deixou o Paraná, onde residia, e mudou-se para Altamira, no Pará. A cidade, que então passava por profundas transformações com a construção da Rodovia Transamazônica, representava a fronteira do desenvolvimento nacional.

Foi nesse cenário de mudanças e oportunidades que nasceu a Altavei, primeira empresa do que viria a se tornar o Grupo Mônaco. A concessionária de veículos Volkswagen, estabelecida em uma região onde o transporte automotivo era fundamental para o desenvolvimento econômico, representou o primeiro passo de uma jornada empresarial que se estenderia por quase meio século.

A escolha de Altamira não foi casual. A cidade, estrategicamente localizada no coração da Amazônia, estava se tornando um importante centro de convergência para migrantes de todo o país, especialmente do Sul e Sudeste, que buscavam novas oportunidades na região. Denardin soube enxergar o potencial desse movimento migratório e posicionou-se para atender uma demanda crescente por veículos e serviços automotivos.

O que começou como uma concessionária de veículos em Altamira evoluiu, sob a liderança visionária de Armindo Denardin, para um dos principais conglomerados empresariais do país. O Grupo Mônaco, nome que a empresa adotou posteriormente, expandiu suas atividades muito além do setor automotivo inicial, diversificando para áreas como locação de veículos, consórcios, serviços financeiros e agronegócio.

Pecuária

Além do setor automotivo, Armindo Denardin deixou marcas significativas no agronegócio brasileiro, particularmente na pecuária. À frente da Agropecuária Pinguim, ele se tornou um pioneiro na aplicação de tecnologias avançadas para o melhoramento genético bovino no país.

A empresa, sob sua liderança, investiu pesadamente em técnicas de reprodução assistida, incluindo fertilização in vitro e transferência de embriões. Essas tecnologias, ainda relativamente novas no Brasil da época, permitiram um salto qualitativo na genética dos rebanhos, contribuindo para o aumento da produtividade e da qualidade da carne brasileira.

Política

A trajetória de Armindo Denardin não se limitou ao sucesso empresarial. Seu compromisso com o desenvolvimento das regiões onde atuava levou-o também à vida pública, culminando com sua eleição para prefeito de Altamira, cargo que exerceu entre 1989 e 1992 pelo PMDB.

O período em que esteve à frente da prefeitura coincidiu com importantes transformações na região, incluindo os debates sobre grandes projetos de infraestrutura que marcariam o desenvolvimento amazônico nas décadas seguintes. Sua experiência como empresário e conhecimento profundo da realidade regional foram fundamentais para posicionar Altamira de forma estratégica nesse contexto de mudanças.

Sucessão

Desde 2006, o Grupo Mônaco passou a ser liderado por seus filhos Rui Denardin e pelas filhas Carla, Karina e Katia, em um processo de transição que preservou os valores e a cultura empresarial construídos ao longo de décadas.

A sucessão familiar bem-sucedida é um desafio para muitas empresas brasileiras, mas o Grupo Mônaco conseguiu navegar por essa transição mantendo sua competitividade e capacidade de crescimento.

Sob a nova liderança, o grupo continuou sua trajetória de expansão e diversificação, sempre mantendo o foco nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste que foram o berço de seu desenvolvimento. A empresa celebrou em setembro de 2024 seus 47 anos de história, em evento realizado no Grand Hyatt São Paulo que reuniu 500 convidados, incluindo clientes, parceiros e representantes das montadoras Honda, VWCO, Fiat, Jeep e RAM.

Despedida

A despedida do empresário acontecerá em Altamira, a cidade onde tudo começou e que simboliza sua jornada de transformação pessoal e contribuição ao desenvolvimento regional. O velório será realizado nesta quinta-feira, 17 de julho, a partir das 10h, na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, com sepultamento às 15h30 no Cemitério São Sebastião.