📅 Publicado em 30/07/2025 17h06✏️ Atualizado em 30/07/2025 17h15
Vermelho, crocante, doce na medida certa, envolvido por uma camada generosa de brigadeiro branco por dentro e caramelizado por fora: o morango do amor surgiu de forma rápida e conquistou o Brasil. Considerado uma releitura da clássica maçã do amor, mas com um apelo visual e sensorial que ganhou as redes e, logo depois, o paladar dos consumidores.
A febre chegou antes da hora. A colheita da fruta ainda está no início, o que significa oferta limitada. Ainda assim, o fenômeno já movimenta o mercado. Confeiteiras lucram com o doce, hortifrutis reajustam preços diante da alta demanda e o consumidor segue em busca da sensação do momento.
Tudo começou com vídeos curtos e hipnotizantes, morangos espetados em palitos, mergulhados numa calda brilhante, endurecendo em segundos e entregando aquele “croc” viciante na primeira mordida. Bastou isso para viralizar. Em poucas semanas, o doce estava em todos os lugares. Todo mundo queria provar.
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DOCE, CROCANTE E DESEJADO
Em Marabá, a moda também pegou. Confeiteiras que trabalhavam exclusivamente com delivery passaram a oferecer retirada. Filas se formaram. E o Correio de Carajás foi ouvir os empreendedores por trás da tendência, das cozinhas às bancas de frutas.
Foi pensando na doçura do fenômeno que a empreendedora Taynara Souza resolveu realizar, nesta quarta-feira (30), o primeiro Festival do Morango. O Correio de Carajás esteve no local e acompanhou de perto a expectativa dos clientes.
Maria Eduarda Bretas, vice-campeã do Miss Pará 2025, contou que chegou cedo, mas ainda assim enfrentou fila. “Já experimentei o morango do amor em outra cidade, mas hoje estou levando um docinho de maracujá da Tay”, disse a pequena miss.

Como Maria Eduarda, as amigas Kellein Adriana Alves e Stephane também chegaram cedo para garantir o doce. Ambas saborearam pela primeira vez. “Achei uma ótima experiência, atendeu à minha expectativa”, avalia Kellein, que destacou a importância de valorizar microempreendedores.

A empreendedora Fernanda Soares também aproveitou a oportunidade para mimar as colaboradoras da empresa. “Elas não tiveram a oportunidade de adquirir o produto por falta de morango, e hoje eu decidi presenteá-las”, conta.

Acordada desde as duas horas da madrugada, Taynara revela que, para o Festival de Morango, preparou mais de mil doces. Além do clássico, o festival ofereceu versões com brigadeiro, pistache e maracujá, todos a R$ 18. A iniciativa veio da percepção de que as 100 a 200 unidades diárias já não eram suficientes. “Produzimos mais de mil unidades para que, de fato, a gente consiga atender pelo menos uma boa parte do público”, explica a empreendedora, que contou com o apoio de seis pessoas na produção.
Ninguém sabe até quando vai durar a onda do morango. Mas, enquanto ela estiver em alta, que continue adoçando momentos, gerando prazer e, principalmente, renda para quem apostou no doce.
Em Morada Nova, o doce da moda também faz sucesso
Boleira e confeiteira há sete anos, Maria Carolina Andrade contou ao Correio que está sempre atenta às novidades do seu segmento, e com o morango do amor não foi diferente. “Tento acompanhar tendências, aprendendo novas técnicas e sempre buscando entregar mais do que apenas um doce”, afirma.

Proprietária da Dona Boleira Confeitaria, em Morada Nova, ela explica que o novo sucesso impactou diretamente seu negócio. “As vendas aumentaram, sim, mas o mais interessante foi perceber uma mudança no perfil dos pedidos”, comenta. Segundo ela, os clientes passaram a valorizar mais a estética e a apresentação do produto, e o visual ganhou protagonismo, influenciando até as encomendas mais tradicionais.
PRESSÃO, TESTES E SABOR: OS BASTIDORES
Antes de incluir o morango do amor no cardápio, a boleira admite que sentiu uma certa “pressão” ao ver outras confeiteiras produzindo o doce. “Eu só decido incluir algo no cardápio quando sinto que consigo fazer com excelência. Hoje, posso dizer que me orgulho do meu morango do amor, tanto pelo sabor quanto pela apresentação”, garante.
Mas a inclusão do “famosinho do momento” exigiu trabalho. Apesar da experiência com confeitaria, o maior desafio foi acertar o ponto da calda.
A casquinha precisa ser leve, brilhosa, crocante e, ainda assim, delicada ao morder. Segundo ela, a aparência perfeita esconde um processo técnico exigente e diversos testes. No início, precisou descartar morangos até atingir o ponto ideal. “No fim, deu certo. Hoje vendo o doce por R$ 16 a unidade”.
Ela também explica que a produção varia conforme a demanda, mas geralmente produz uma média de 120 unidades por dia, e tudo sozinha, desde a seleção dos morangos até o empacotamento final.

Duas carretas de morango chegam a Marabá por semana
Para entregar a verdadeira experiência do doce, o morango precisa ser fresco e graúdo, daqueles que enchem os olhos. Em visita à Casa do Morango, na Folha 22, Núcleo Nova Marabá, descobrimos como a fruta chega até as mãos de quem a transforma em doce sensação.
A balconista Jéssica Castro acompanha de perto o “boom” das últimas semanas. Segundo ela, os morangos vêm do Sul de Minas Gerais. “Na segunda-feira chegou uma carreta, mas logo tivemos que pedir outra, porque a procura explodiu”, relata. Com a alta demanda e oferta limitada, o preço da bandeja subiu de R$ 14,50 para R$ 18. Cada bandeja tem entre 250 e 300 gramas, mas não fica por muito tempo nas prateleiras. “De uma semana para a outra, o pedido aumentou em 800 caixas”, diz Jéssica.

Entre os compradores, há desde confeiteiras experientes até curiosos tentando reproduzir em casa a nova mania nacional. A procura foi tanta que, entre quarta e sábado, o morango chegou a desaparecer dos supermercados e hortifrutis da cidade.