Morando há três anos no Residencial Tocantins, Jardelina Rodrigues Silva, de 57 anos, já frequenta o bairro há anos por conta da filha que reside no local há aproximadamente 10 anos.
A família tem uma marcenaria em casa e trabalha todo mundo junto. “Meu filho e meu esposo trabalham aqui e eu sou dona de casa”, diz a matriarca.
Questionada sobre as dificuldades encontradas no bairro, Jardelina comenta que o Residencial Tocantins está abandonado. “Aqui está um caos. Não temos asfalto, aí no verão é poeira intensa, e no inverno é lama. Espero que com a construção da ponte esse bairro seja agraciado”, deseja a moradora.
Leia mais:A falta de infraestrutura nas ruas, saneamento básico e órgãos públicos, como postos de saúde, são sentidos pelos moradores do bairro.
Para ela, com a construção da nova ponte os benefícios precisam chegar ao residencial. “Isso aqui está jogado as traças. Ninguém faz nada pela gente. Com a ponte, muita gente vai vir pra cá, vão ter casas pra alugar, pra vender, as pessoas vão querer ficar mais perto do serviço. Mas, pra isso precisa melhorar, né? Ter uma estrutura boa, senão ninguém vai querer ficar aqui”, desabafa Jardelina.
Questionada sobre a emancipação do complexo São Félix-Morada Nova e a criação da cidade de Paraguatins, ela afirma ser a favor, e diz que com isso, o bairro será valorizado. “Acredito que vão olhar mais pra gente”.
O Residencial Tiradentes está totalmente esquecido
Há quase dez anos, Orli de Macedo Lopes, 55 anos, conseguiu sua tão sonhada casa própria. Localizada no Núcleo São Félix, mais precisamente no Residencial Tiradentes, a moradora lamenta a atual situação do local.
Com buracos, lama, praças destruídas, esgoto a céu aberto, acúmulo de lixo e falta de asfalto, ela conta que esses são apenas alguns dos problemas enfrentados diariamente por todos os moradores. “A rua da minha casa está isolada, não passa nem carro. Já lutei, fui em cima, conversei com muita gente. O residencial está totalmente esquecido. na verdade, eles só olham a avenida principal”, reclama.
Vendedora de bolos e salgados, Orli morava no Bairro Liberdade, de aluguel, quando conseguiu sua casa no residencial. Contudo, diz que as condições eram bem melhores quando ele foi entregue.
“Não temos escola pública, não temos posto de saúde, não temos nem água na torneira. Tem cinco meses que não tenho água na minha casa e eu preciso trabalhar. Meu sustento é esse aqui: vender meus bolos”, fala com a voz embargada, enquanto espera os fregueses na esquina da avenida principal do residencial.
Questionada como tem feito para conseguir água e viver dignamente, ela conta que coloca uma bacia e deixa a torneia aberta pingando até conseguir o mínimo possível para realizar seus afazeres.
“Espero que com essa construção, olhem pra gente aqui, porque estamos abandonados. Espero que a situação melhore pra quem mora no Tiradentes”, clama.
Adriana e o amor à primeira vista
A goiana Adriana Medeiros Coutinho, de 53 anos, chegou em Marabá há pouco mais de 60 dias e desembarcou direto no Núcleo São Félix, local que a encantou pela tranquilidade e comodidade de ter tudo muito próximo de casa.
Cozinheira de mão cheia, desde que chegou na cidade, Adriana vende na porta da casa do irmão – que a acolheu nessa nova fase – quitutes, como ela mesma diz. Bolos e pães enchem os olhos de quem passa pela avenida principal do Loteamento Novo Progresso. Seja a pé, de bicicleta, de moto ou dentro de um veículo, a mesa simples, arrumada na calçada da casa com várias guloseimas em cima, não passa despercebida.
“Estou há 60 dias aqui, e há desde então estou trabalhando todos os dias. Temos vendido muito”, começa falando. Questionada se está surpresa com o volume de vendas na nova cidade, ela afirma que não. “Já vim com essa expectativa. Meu irmão que já mora aqui há algum tempo falava que aqui era melhor do que em Minas Gerais para trabalhar, que corria mais dinheiro. Lá a gente trabalhava, trabalhava e não via lucratividade”, relembra Adriana.
A quituteira deixou a filha e o genro em Minas Gerais e admite que a saudade está enorme. Em ligações de vídeo, ela mostra pra filha o bairro da nova moradia e tenta convencê-la de vir para Marabá. “Mostro pra ela o pessoal aqui caminhando, a praça. A gente fica aqui na porta até umas 22 horas. Tudo muito tranquilo. Quero que minha filha venha pra cá e que fique aqui no São Félix. Achei muito melhor que ‘lá do outro lado”, diz Adriana.
Os primeiros dias deram tão certo para ela e o marido, que eles já deram outro passo para a nossa fase. “Estamos alugando uma casa aqui próximo. Decidimos ficar de vez no Núcleo São Félix”.
Serviços públicos
O Correio de Carajás fez um levantamento, e o Núcleo São Félix possui atualmente duas unidades básicas de saúde, nove escolas municipais de ensino fundamental, quatro núcleos de educação infantil e, recentemente, inaugurou uma Unidade Integrada de Segurança Pública. Há ainda a Estação Conhecimento, construída e mantida pela Vale. (Ana Mangas)