Correio de Carajás

Moradores do Nova Carajás continuam buscando soluções para o bairro

Mais um capítulo do imbróglio que envolve os moradores que vivem próximos ao ramal da Estrada de Ferro Carajás (EFC), do Bairro Nova Carajás, e buscam na justiça uma solução para os danos causados devido aos abalos causados pela passagem do trem.

Nesta terça-feira (4) uma nova audiência pública foi realizada no Fórum de Parauapebas, mas de acordo com a vice-presidente dos moradores do bairro, Lucirlene Cássia, nada foi decidido em favor dos moradores. A audiência do desbloqueio de bens da empresa responsável pela criação do bairro, a Nova Carajás Construções & Incorporações Ltda.

“A expectativa nossa era que a audiência ia ser em benefício da população, mas infelizmente o que foi discutido foi sobre o bloqueio dos sócios”, disse Cássia. A vice-presidente e outros moradores compareceram ao Fórum e afirmaram para ao Correio de Carajás que um dos prejuízos decorrentes da passagem do trem são rachaduras nas casas, além de muito barulho, já que de acordo com eles o trem passa constantemente. 

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“A gente não tem direito de falar nada, nosso representante é o Ministério Público. A gente veio para resolver sobre a casa, já que a Defesa Civil condenou quatro casas e ficamos de receber um aluguel, mas nada foi resolvido”, ressaltou Cássia. Ela disse ainda que não buscam aluguel, mas uma situação definitiva para o problema, uma vez que o sonho da casa própria se tornou um pesadelo judicial.  

“Na minha casa a porta não fecha mais, eu arrumo, mas quando o trem vai passando e estragando novamente, está lá a minha porta que nem tranca. Situação muito triste”, reclama Cássia.

Cássia mostra as paredes rachadas da casa

“Estamos nos sentindo lesados com essa audiência, é muito triste essa situação. A gente está com mais de quatro anos com processo na justiça e quando começa a andar a gente cria aquela expectativa, e se sente lesado novamente”, lamentou, ao dizer que todas as vezes que procuram o escritório da empresa responsável pelo loteamento, para reivindicarem também o corte do mato e operação tapa-buraco, justificam que esse é um serviço que corresponde à Prefeitura.  

Já o morador Francisco Chagas disse ter sido “obrigado a tirar minha esposa e o meu filho de casa e mandar para a casa da minha sogra, em Jacundá. O trem passava e a zoada muito alta espantava e acordava meu filho pequeno. Eu estou só em casa, passando essa dificuldade, sem a minha esposa. Eu sonhava em ter uma casa junto com a minha família e hoje enfrento esse problema”, reclama.

Francisco Chagas: “Eu sonhava em ter uma casa junto com a minha família e hoje enfrento esse problema”

POSICIONAMENTOS 

A Reportagem foi ao escritório da empresa Nova Carajás solicitar posicionamento sobre os questionamentos dos moradores do bairro, mas a funcionária que atendeu a equipe informou não possui autorização para falar sobre o assunto. Ela repassou um endereço de e-mail e os mesmos foram enviados, mas não houve resposta até a manhã desta quarta (5).

A equipe do portal também entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura. Sobre os buracos, a administração informou que está em fase de finalização o processo licitatório para fazer uma operação tapa buracos em toda a cidade. Já sobre os lotes que estão com mato alto, a limpeza deve ser feita pelo dono do lote, alegou.

Mesmo sem ser citada no processo, a empresa Vale, responsável pela EFC, também encaminhou nota à redação quando procurada. Segue o posicionamento na íntegra:

“A Vale esclarece que mantem permanente diálogo com a comunidade Nova Carajás, inclusive constituiu um Comitê, onde se reúne periodicamente com suas lideranças e moradores. Nesse fórum, são tratadas justamente as demandas da comunidade e ações voltadas para o seu fortalecimento social e geração de trabalho e renda.  

Sobre o loteamento, conforme anteriormente esclarecido, a existência do Ramal Ferroviário é antiga. O projeto foi amplamente divulgado e debatido durante as audiências públicas ocorridas em 2011 e a servidão minerária para implantação do Ramal foi concedida em 2010 pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). No caso do loteamento Nova Carajás, foi feito ainda o devido pagamento da indenização ao proprietário do loteamento pela área necessária ao empreendimento, conforme, inclusive, perícia e decisão judicial e de acordo com o que estabelece a legislação vigente”. (Theíza Cristhine)