A região do Contestado, que apesar de pertencer à Marabá está localizada a 260 quilômetros da sede do município, sendo geograficamente próxima de Parauapebas, sofre um processo histórico de empurra-empurra entre os dois municípios, deixando a comunidade sem saber bem a quem recorrer. Atualmente, existe um termo de cooperação técnica entre as duas administrações, com o objetivo de unir forças no desenvolvimento da área que compreende 37 vilas. O que no papel é bonito, na prática nem sempre funciona a contento.
Na manhã desta quinta-feira (29), por exemplo, moradores se reuniram em uma manifestação na estrada que dá acesso às vilas, chegando até a Carimã, cobrando o atraso na obra de pavimentação. Conforme uma das organizadoras, Márcia Araújo, que vive há 23 anos na região, a obra em é acompanhada pela Prefeitura de Parauapebas. De 35 quilômetros que eram de terra, foram asfaltados 15, mas há nove meses não é dada continuidade ao trabalho.
Leia mais:“Veio o inverno, depois vieram as eleições e pararam a obra. Aguardaram um novo aditivo que saiu semana retrasada, se não me engano, e o Wanterlor (Bandeira, secretário de Obras de Parauapebas) disse que essa semana já reiniciaria as obras. Deu segunda-feira e nada, deu quarta e nada. Hoje nós nos reunimos e fizemos uma amostra de um manifesto, buscando a resposta do Wanderlor Bandeira e da Geotop, que é a empresa responsável pela obra”, explica.
De acordo com a moradora, a parte do asfalto que foi construída já está até se deteriorando. “Esse asfalto parou em 15 quilômetros e não foi dada a continuidade, aí o asfalto está se acabando e a estrada está em péssimas condições. Eles sequer dão manutenção na estrada (de terra). A partir do momento que a empresa pegou o contrato é de responsabilidade dela essa manutenção, mas não fazem”. O carro da moradora, inclusive, quebrou neste trajeto.
Os manifestantes reclamam não ter havido uma audiência pública para discussão da obra com a comunidade. “O asfalto é feito com muitas curvas e a Prefeitura está tendo dificuldade também com a Equatorial para deslocamento das redes, para retirada de postes…”, conta.
A preocupação dos moradores é que passe o período de estiagem e a obra não seja concluída até a chegada do período chuvoso, quando não poderá ser finalizada por conta do volume de água. “Queremos de imediato o reinício dessas obras, até porque o inverno está bem aí e a estrada está sem condições de tráfego. Estou dependendo de carona porque meu carro quebrou na estrada que está totalmente sem condições. O que nós estamos buscando é respeito e dignidade para conosco, porque não estamos tendo. Não nos dão satisfação, não justificam nada”, finaliza.
Nenhum representante da administração municipal esteve no local para conversar com os manifestantes. Entretanto, antes das eleições realizadas em 15 de novembro de 2020, quando Darci Lermen se reelegeu, o prefeito esteve duas vezes no trecho de obras, conforme vídeos postados nas redes sociais dele, em 21 de setembro e em 22 de outubro.
O Correio de Carajás procurou a assessoria de comunicação da Prefeitura Municipal. Em nota, o município afirmou que a recuperação do percurso asfaltado foi iniciada na semana passada e que a previsão de retomada da obra no trecho ainda não asfaltado é para a próxima semana. “O governo municipal ressalta que é parceiro da obra, executada pelo governo federal, e que a paralisação recente nos serviços ocorreu em função de um aditivo qualitativo junto ao Ministério da Integração Nacional, que só foi liberado na semana passada”, diz o posicionamento.
Os recursos são oriundos da União, mas o processo licitatório foi realizado pela Secretaria Municipal de Obras. O contrato foi assinado pela prefeitura e a Geotop Serviços Topográficos Ltda em setembro de 2019, para execução da obra por mais de R$ 18 milhões. (Luciana Marschall)