Correio de Carajás

Moradores do Contestado fazem nova manifestação em Parauapebas

Região reivindica termo de cooperação entre município e Marabá para atendimento de cerca de 22 mil famílias

Durante manifestação que reuniu moradores de diversos bairros na frente da Prefeitura Municipal de Parauapebas, cobrando soluções para diferentes problemas do município, na manhã desta terça-feira (3), a comunidade da Região do Contestado se mobilizou mais uma vez para cobrar a retomada das obras de asfaltamento da via de acesso à Vila Carimã. O grupo ainda relembra a antiga luta para receber serviços básicos na localidade, já que é geograficamente próxima de Parauapebas, mas pertence a Marabá. 

Eles clamam pela assinatura de um termo de cooperação entre os municípios, que daria respaldo jurídico para que a gestão da Capital do Minério, distante 120 quilômetros, atue no Contestado. A distância da área para Marabá é de 260 quilômetros, o que gera dificuldades para os moradores do Contestado que necessitam de serviços básicos. 

Em entrevista ao Correio de Carajás, João Batista, representante da Comissão de Luta pelo Contestado, explicou os problemas causados pela ingerência na região. “Enquanto esse termo não for assinado pelas duas prefeituras, Parauapebas não tem autorização para realizar obras no local. Esse enrosco tem se arrastado desde março, fizemos reuniões e mais reuniões, mas tudo permanece do mesmo jeito. Estamos cansados de mentiras”, relatou João. 

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João Batista, representante da Comissão de Luta pelo Contestado, explicou os problemas na ingerência da região (Imagem: Mateus Cirilo)

O representante do Contestado alega ter se encontrado com o prefeito Darci Lermen, e que a comitiva de representação da região exige mais um encontro com o líder do executivo, com o secretário de Obras Wanterlor Bandeira e com o representante da empresa Geotop Serviços Topográficos Lázaro de Almeida Santos, contratada para realização de obras de pavimentação de 35 quilômetros no acesso à Vila Carimã. 

“Nosso ‘padrasto’ sempre foi Parauapebas, temos um vínculo com o município. Todos aqui votam em Parauapebas, são pessoas que têm pai, mãe, filhos, casa própria aqui. São todos parauapebenses que aqui residem há mais de 30 anos”, alegou João, pontuando que o município de Marabá recebe os royalties referentes à Mina de Cobre Salobo, localizada na região do Contestado.  

A assessoria de comunicação da Prefeitura de Parauapebas foi procurada, mas não respondeu até a publicação. 

OS PROTESTOS DO CONTESTADO 

A obra de asfaltamento da via de acesso à Vila Carimã foi interrompida há nove meses, tendo sido asfaltados apenas 15 dos 35 quilômetros previstos no contrato 20190351, assinado em 6 de setembro de 2019 sob a tutela da Secretaria de Obras do município. Manifestantes protestaram em trecho não-asfaltado da via no último dia 29 de julho, evidenciando o descaso da administração pública com a comunidade da Vila e do Contestado. 

Em nota oficial emitida na ocasião, a Prefeitura de Parauapebas explicou que “é parceira da obra, executada pelo governo federal, e que a paralisação recente nos serviços ocorreu em função de um aditivo qualitativo junto ao Ministério da Integração Nacional, que só foi liberado na semana do dia 22 de julho”, acrescentando que a previsão de retomada da obra no trecho ainda não asfaltado é para esta semana. 

Em 25 de maio, foi aprovado requerimento na Câmara Legislativa de Parauapebas que visava “provocar, junto à Câmara Municipal de Parauapebas, Prefeitura e Câmara Municipal de Marabá e Governo do Estado do Pará, um debate que busque indexar a região conhecida como Contestado ao município de Parauapebas”. Porém, o debate procuraria uma solução que mantivesse a captação do Compensação Financeira Sobre Extração Mineral (CFEM) – os “royalties” – provenientes do Projeto Salobo, da mineradora Vale, por Marabá. (Juliano Corrêa)