Correio de Carajás

Ministro confirma que não haverá mudança no Enem

Camilo Santana afirmou ainda que a pasta deve enviar neste mês um projeto de lei ao Congresso propondo mudanças no Novo Ensino Médio, alvo de críticas de setores da sociedade.

Enem 2023 está previsto para os dias 5 e 12 de novembro — Foto: Divulgação/Depositphotos

O ministro da Educação, Camilo Santana, confirmou nesta terça-feira (19) que não haverá mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024. Sobre a reforma do ensino médio, ele disse que deve ser enviado ao Congresso, ainda neste mês, um projeto de lei propondo mudanças no modelo, que está em seu segundo ano de vigência.

👉 Contexto: Havia expectativa de que a prova do ano que vem fosse em um formato diferente, alinhado com o Novo Ensino Médio (NEM), que trouxe mudanças na grade curricular e oferta de disciplinas optativas.

No entanto, diante das críticas ao novo formato de ensino nas escolas do país (com setores defendendo até a sua revogação), abriu-se uma discussão sobre o NEM, e as alterações no Enem acabaram suspensas temporariamente – sem que houvesse uma certeza até agora sobre os passos seguintes.

Leia mais:
Não vamos mudar o Enem nos próximos anos. Nem agora, nem em 2024. — Camila Santana em entrevista durante o Congresso Internacional de Jornalismo de Educação (Jeduca), em São Paulo.

A decisão, porém, não foi bem-recebida por parte dos estudantes. (Leia mais abaixo.)

O ministro afirmou ainda que a discussão sobre o formato do Enem acontecerá com o debate do próximo Plano Nacional de Educação (PNE). A cada dez anos, essa lei é revista para definir metas e diretrizes para o setor, mas o envio do projeto ao Legislativo está atrasado.

Quanto ao Novo Ensino Médio, o ministro afirmou que o projeto de lei a ser enviado ao Congresso irá propor as seguintes mudanças no modelo:

📝 1 – Itinerários formativos mais restritos

Essa medida atende a uma demanda das redes estaduais para que seja definida uma base para os itinerários a fim de diminuir a desigualdade na oferta dessas disciplinas.

Enquanto algumas escolas oferecem um cardápio maior com diversas opções aos seus alunos, há escolas públicas sem infraestrutura suficiente – o que faz com que os estudantes tenham que estudar temas que não são do seu interesse.

📚 2 – Retorno à carga horária de 2.400 horas para as disciplinas da BNCC

O objetivo é diminuir a carga horária das disciplinas optativas. Com a reforma, as disciplinas clássicas previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como matemática e português, ficaram com menos prioridade na grade com a entrada das novas ofertas. Em alguns casos, estudantes chegaram a relatar ter ficado com apenas duas aulas na semana de português e matemática.

👨‍🔬 3 – Opção do ensino técnico integral com 2.100 horas de carga horária na formação geral

É uma carga menor do que as 2.400 horas dos demais alunos, para que seja possível oferecer nos itinerários formativos um curso técnico completo.

Fase de transição

 

As mudanças sugeridas são resultado do trabalho de um grupo de estudo com representantes do setor educacional criado pelo Ministério da Educação (MEC) para resolver o que fazer com a reforma.

Dependendo do que for aprovado no Congresso Nacional, haverá uma fase de transição para os alunos que já estão seguindo o Novo Ensino Médio na sala de aula.

Adiamento das mudanças do Enem

 

O adiamento das mudanças do Enem não foi bem-recebido por parte dos estudantes da rede pública, que se sentiram prejudicados.

❗ O argumento deles é que, com a atual carga horária reduzida de disciplinas tradicionais (como física, química ou história) no Novo Ensino Médio, eles apresentarão defasagens nos conhecimentos gerais exigidos pelo Enem no modelo tradicional – que agora será mantido em 2024.

Para Vitória Ribeiro, de 16 anos, que estuda em uma escola pública no Jardim Ângela, na periferia de São Paulo, e fará justamente o Enem do ano que vem, dificilmente será possível ser aprovada no ensino superior.

“O novo ensino médio me prejudicou muito. Fiz um concurso neste ano que exigia português e matemática, e tinha muita coisa que eu não sabia”, diz. “O básico, a gente não sabe. Ainda mais depois de uma pandemia”, afirma.

 

O plano dela, é estudar “por fora” para tentar compensar o que não terá aprendido na escola, assim como o da estudante Maria Eduarda Escobar, aluna de 16 anos de uma escola pública de Porto Alegre, que está em situação parecida.

Ela critica ainda os itinerários formativos: “Os professores não estão preparados para dar as trilhas (de formação). Minha professora de português dá relação de gêneros. Ela está dando uma aula sobre o que não sabe, porque não foi nisso que ela se formou. A gente fica sem aula, às vezes”.

(Fonte:G1)