A volta para casa traz o sentimento de missão cumprida para os militares da 23ª Brigada de Infantaria de Selva de Marabá. Os 150 integrantes do Exército Brasileiro retornaram no último final de semana após três meses de missão, que tinha como objetivo acolher os venezuelanos que estão saindo de seu país para entrar no Brasil. No Aeroporto João Corrêa da Rocha, foram recebidos pelo general Eugênio Pacelli Vieira Mota, e por familiares.
Os militares foram enviados em outubro do ano passado para atuarem nas Guarnições de Boa Vista e Pacaraima, divisa do estado de Roraima com a Venezuela. Os soldados foram empregados em diferentes missões, como recebimento aos venezuelanos, triagem, orientação e alimentação.
“Hoje eles retornam após terem completado a missão. É uma satisfação enorme receber todos eles de volta. Lá, eles trabalharam juntamente com a ONU e outros órgãos governamentais. Foram sempre muito bem elogiados pelo trabalho que desempenharam”, festejou o general Pacelli, comandante da 23ª Brigada de Infantaria de Selva.
Leia mais:“Isso mostra os valores que o soldado tem. Estar sempre pronto para cumprir uma missão, seja onde for. Agora vão receber o aconchego e o carinho de seus familiares e de toda a tropa, e em breve faremos uma formatura para destacar esse trabalho realizado”, afirmou o comandante.
De acordo com o general, a missão da Brigada se encerrou e, por enquanto, não serão enviados novos homens. “Faremos um rodízio só, depois que passar várias provas, então, provavelmente só haverá um novo envio no final deste ano ou início do ano que vem”, estimou.
Para o major Adelmo de Souza Carvalho Filho, foi um trabalho satisfatório participar da acolhido à população venezuelana. “Foi uma operação em conjunto com outros órgãos, que nos fez contribuir com a acolhida dessas pessoas que estavam em situação de vulnerabilidade. Fazíamos o ordenamento na fronteira, o abrigamento das pessoas e interiorização. Baseado nesses três pilares, realizamos o trabalho da missão”, finalizou.
LEVANTAMENTO
Um levantamento apontou que há venezuelanos vivendo em situação de rua em 10 das 15 cidades de Roraima. O mapeamento foi feito em agosto de 2018 pela Força Tarefa Logística e Humanitária, criada em fevereiro pelo então presidente em exercício, Michel Temer (MDB) para lidar com o intenso fluxo migratório causado pela crise na Venezuela.
Segundo o levantamento, há mais de 1,5 mil imigrantes em situação de rua em todo o estado. A maior concentração é na capital Boa Vista, onde há 619 venezuelanos nas ruas, seguida por Pacaraima, município na fronteira, que tem cerca de 434 em igual situação.
Imigração venezuelana para Roraima
O estado recebe um crescente número de imigrantes desde 2015. Eles fogem, principalmente, da escassez de comida e de remédios na Venezuela e alguns percorrem até a pé os 215 quilômetros que separam Boa Vista da fronteira. No Brasil, pedem refúgio ou residência temporária à Polícia Federal.
Em 2017, o governo decretou situação de emergência por causa da imigração venezuelana, e no início do ano passado, o então presidente da República, Michel Temer, assinou um decreto reconhecendo a situação de vulnerabilidade do estado. (Karine Sued e Josseli Carvalho)