Depois da epidemia centralizada na China, o novo coronavírus (Sars-CoV-2) conseguiu ultrapassar fronteiras e nesta terça-feira (10) já havia chegado a 109 países. Metade deles apresentou o registro do primeiro caso apenas neste mês de março. O vírus surgiu em dezembro de 2019, com primeiro relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 21 de janeiro.
Situação pelo mundo:
- São 109 países afetados e a China;
- Desses 109, 53 reportaram seus casos entre dezembro e 29 de fevereiro;
- O restante, 56 países (51%), tiveram suas primeiras infecções nos últimos 10 dias.
Jimmy Withworth é professor de Saúde Pública Internacional na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, na Inglaterra. Ele analisou as medidas restritivas dos países. Segundo ele, os casos devem continuar crescendo no Brasil e no mundo nas próximas semanas. Ainda é cedo para fazer uma previsão de fim do coronavírus.
“Epidemias são diferentes em cada país, as circunstâncias das epidemias em diferentes países são diferentes, os governos precisam decidir qual é a melhor coisa a ser feita e o que será aceitável para a população. Muita transparência sobre o que está acontecendo, quantos casos existem e onde estão, é muito importante para controlar algo como isso”.
Leia mais:Nesta segunda-feira (9), a Itália resolveu implementar uma quarentena em todo o país. Withworth acredita que em cerca de três semanas devemos ver se a medida será efetiva ou não.
“É uma parceria entre o governo e a população. E cada um precisa fazer sua parte. O governo não consegue fazer isso sem que as pessoas concordem. E as pessoas devem fazer porque protege elas mesmas, os amigos delas, as famílias delas, e a vizinhança”.
O professor avalia que é cedo para o Brasil e qualquer outro país da América Latina implementar uma medida tão restritiva, já que não há transmissão comunitária, quando as autoridades de saúde não conseguem rastrear de onde veio a contaminação. O caminho, segundo ele, é continuar detectando os casos e fazendo isolamentos locais.
“O Brasil está em um estado bem inicial. O país quantificou na semana passada 25 casos [atualmente, o número é 34], e é país que tem mais casos na América Latina, mas também é o maior país em território, então isso não é surpreendente. Agora é hora de isolar os casos e investigá-los, enquanto ainda são poucos. É provável que continuem crescendo, ainda mais se o isolamento não for bem feito”.
Situação do coronavírus no Brasil
- 893 casos suspeitos, eram 930 caso na segunda-feira
- 34 casos confirmados, eram 25 no balanço anterior
- 780 casos descartados
- 5 pacientes estão hospitalizados
- 5 dos casos confirmados foram por transmissão local por contato próximo com pessoas que foram infectadas no exterior
Posição da OMS
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou nesta segunda (9) que a “ameaça de pandemia” pelo Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, é real.
“Agora que o novo coronavírus está presente em muitos países, a ameaça de uma pandemia tornou-se muito real”, declarou Tedros. “Mas seria a primeira pandemia da história que poderia ser controlada. O ponto principal é: não estamos à mercê deste vírus”, disse.
O diretor-executivo de programas de emergência da OMS, Michael Ryan, expressou uma posição parecida com o professor Withworth: para ele, os casos ainda devem crescer.
“Acho que ainda estamos no começo ou no meio da epidemia. Ainda estamos bastante no ciclo de subida da doença. A doença não terminou seu caminho de forma alguma”, afirmou Michael Ryan, diretor-executivo de programas de emergência da OMS.
(Fonte:G1)