Um dos aclamados mestre da música popular em Marabá, Zequinha Souza já está nas plataformas digitais com o CD “Deixa o Rio Passar”, com canções que levam à reflexão sobre as relações comunitárias com os rios que lhe cercam no Cabelo Seco, bairro pioneiro de Marabá.
Ao longo desses 10 anos, Mestre Zequinha Sousa compartilhou seus saberes com centenas de crianças e adolescentes na comunidade e nas escolas públicas da Marabá Pioneira, e com a população do município em organizações e instituições culturais, sociais e educacionais. Participou ativamente, junto com Dan Baron (idealizador, poeta e eco-pedagogo) e Manoela Souza (gestora e arte-educadora) na criação de três CD’s, como músico, mestre e educador, na obra “Vozes do Campo”, em colaboração artística com a primeira turma de Pedagogia do Campo (Unifesspa 2011) de Marabá e regiões sul e sudeste do Pará; Amazônia Nossa Terra, com os arte educadores do Rios de Encontro e o grupo cultural Latinhas de Quintal, fruto da dedicada maestria e educação musical e ambiental com crianças e adolescentes da comunidade Cabelo Seco, com músicas de sua autoria e de criação coletiva (2013); e Deixa o Rio Passar, o CD (2020) em fase de lançamento virtual, em tempos de pandemia, nas principais plataformas digitais de música mundiais, fruto de seu segundo reconhecimento como Mestre pelo Ministério da Cultura (2018-19) pela sua dedicação contínua às novas gerações, como músico e poeta pela vida da Amazônia (2020).
Ele plantou as primeiras sementes do Projeto Rios de Encontro na comunidade Cabelo Seco, ainda em 2009, com sua sabedoria enraizada na cultura ribeirinha e nas raízes afro-indígenas e amor visionário pela Amazônia e seus rios, na sensibilidade de seu pai pescador e sua mãe benzedeira, que o fizeram, desde a adolescência, aprender a linguagem musical e com os anos a arte de contar histórias e compartilhar memórias da vida da comunidade e da cidade.
Leia mais:Hoje, as crianças de 2009 se tornaram jovens adultos artistas, arte-educadores e embaixadores amazônicos, assumindo novas responsabilidades dentro do Rios de Encontro, levando consigo a sabedoria de seu mestre.
Zequinha Sousa foi reconhecido como Mestre duas vezes pelo Ministério da Cultura, em 2013 e 2018, pela continuidade de formação às novas gerações e pela Fundação Cultural do Pará, em 2015.
Hoje, é reconhecido como Mestre por onde estiver em Marabá e região, pelo país e até internacionalmente, quando esteve em Medellin, Colômbia (2011) e Nova Iorque, Estados Unidos (2015), sempre acompanhado com as crianças, jovens e coordenadores do Rios de Encontro. E, ainda, durante as residências artísticas na Holanda, Nova Zelândia, Nigéria, Inglaterra, Alemanha, Bélgica e Peru, todos impressionados por sua generosidade, simplicidade e capacidade poética e criativa.
Dan Baron relembra que desde a primeira vez que escutou a música “Alerta Amazônica”, na noite inaugural do projeto Rios de Encontro, na praça lotada de dezenas de crianças de Cabelo Seco, reconheceu a rara sintonia estética entre uma sensibilidade literária e uma consciência ribeirinha, pulsando em Zequinha, que surge de uma precisão poética e analítica, enraizada em seu amor pelo verde e sua indignação sobre a violação dele.
“Zequinha pegou meu primeiro poema do projeto, Cabelo Seco, e em um dia, integrou todas nossas conversas sobre a política atual, cultura viva, e criou nosso o ‘hino’ Cabelo Seco. Fiquei impressionado pela simplicidade enganosa que mascara uma profunda compreensão sobre a relação cultural entre língua, ritmo e musicalidade, que nenhuma formação artística formal possa ensinar”. Essa sensibilidade erudito-popular também é permeada pelo amor e prazer que o poeta e cientista Zequinha sente pela a cultura culinária e biodiversidade da região”, manifesta Dan.
Ao longo da nossa colaboração artística de sete anos, desde a revisão de letras até as decisões sutis nos processos das gravações e idealização dos CDs, Dan Baron relembra de uma manifestação de fúria, na música Clamor Popular, quando Zequinha antecipou a destruição irreversível da Amazônia. “Nesses momentos de desespero e impotência, sustentamos nossa motivação imaginando esse CD nas mãos das gerações futuras, mantendo vivas as sabedorias, éticas e riquezas populares, guardadas nas suas músicas como evidência da resiliência e humanidade de seus antepassados, solo fértil do imaginário amazônico de bem viver”. (Divulgação)