Profissionais que atuam no ramo de academia em Marabá realizaram uma manifestação pacífica na manhã desta quarta-feira (27) em frente à sede da prefeitura, na Folha 31. Eles defendem que o poder público autorize a abertura das academias, desde que elas se comprometam a adotar parâmetros de segurança, tais como espaçamento coletivo e higienização dos tatames. No ato, estiveram presentes cerca de 25 pessoas, que se reuniram em aglomeração proibida por decretos no Paço Municipal.
Ainda no início do avanço da pandemia do novo coronavírus no Pará, o governo decidiu fechar as academias de ginástica como forma de diminuir o risco de contágio pela doença. Meses depois, o governo federal incluiu o setor na lista de “serviços essenciais”, permitindo que fosse reaberto, mas o estado não acatou a decisão, a qual ainda pontuava a volta de barbearias e salões de beleza.
Com vistas ao retorno fracionado do comércio considerado não essencial em Marabá, os proprietários de academias de ginástica e professores de educação física decidiram pressionar a administração do município para que esta aja no sentido da reabertura do setor.
Leia mais:De acordo com Euler Almeida Fonseca, responsável pela articulação do ato, o prefeito tem poder para flexibilizar ainda mais. Nas palavras dele, o setor reaberto não é essencial. As academias, porém, desempenhariam papel importante na saúde das pessoas. “O prefeito demonstrou que tem autonomia para isso [flexibilizar], reabrindo parte do comércio que não é essencial à população. Por que as academias de ginástica, que são essenciais, permanecem de portas fechadas?”, questiona.
Ainda conforme o profissional, as academias dispõem de todas as condições de reabrir, com a adoção dos protocolos pactuados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde. “Lembrando que academia não é lazer. Academia é saúde e é por essa bandeira que nós lutamos. Temos como voltar a atuar”, sustenta ele.
Os manifestantes argumentam que as academias de ginástica combatem as comorbidades primárias que levam à morte por covid-19. Eles citam hipertensão, diabetes e obesidade. “Nós não entendemos o motivo de o prefeito sequer considerar a possibilidade de reabrir. Ficamos esperando a posição do governo do estado, que é contra a nossa operação”, lamenta Euler.
De fato, as doenças elencadas pelos manifestantes são as principais culpadas pelo número de mortes por coronavírus. Os dados do Ministério da Saúde revelam que oito em cada dez vítimas apresentavam pelo menos um fator de risco associado. Quadros de cardiopatia são a principal condição associada aos óbitos investigados: 57% do total. Na sequência vêm os diabéticos, com 40%.
Durante a manifestação, foi relatado que muitos dos negócios não se sustentarão na persistência do impasse. A potencial falta de apoio do governo e da prefeitura era o questionamento predominante dos profissionais, que reforçaram o lema de que academia constitui saúde. A Guarda Municipal esteve presente, mas não manteve contato com os manifestantes.
Na vanguarda do ato na Praça da Prefeitura, os proprietários de academias e profissionais da área se deslocaram para a Secretaria Municipal de Viação e Obras Públicas (Sevop), de onde o prefeito despacha. Lá, eles apresentaram um plano de retomada ao gestor, que tem o desejo de ver o segmento voltar às suas atividades, como o CORREIO adiantou em sua última edição. A prefeitura, com efeito, não divulgou o resultado da reunião.
Segundo o boletim diário divulgado na noite desta quarta-feira (27), Marabá registra 788 casos confirmados da covid-19, além de 78 mortes. As altas médicas somam 422, o que denota índice de recuperação de 53,5%. (Da Redação e Evangelista Rocha)