Correio de Carajás

Mesmo com liberação, marabaense se divide sobre uso de máscara

Dois dias após ter entrado em vigor o Decreto nº 296, assinado pelo prefeito Tião Miranda, dispensando a obrigatoriedade do uso de máscaras faciais em ambientes fechados no município de Marabá, a cidade e seus cidadãos vão se adaptando aos poucos ao novo ato administrativo, depois de dois anos de uso contínuo do equipamento de proteção.

A decisão veio em decorrência de uma ampla análise e decisão tomada por parte do Comitê Municipal de Enfrentamento ao Coronavírus diante da redução na quantidade de óbitos e casos confirmados de covid-19 na cidade, tal como a diminuição na taxa de ocupação dos leitos públicos de UTI´s e de enfermaria.

População

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Todavia, os marabaenses divergem em opiniões com relação à determinação do ato administrativo. É o que mostra o ponto de vista de Cleunice Morais Gomes, 60 anos, moradora do núcleo São Félix. Durante a entrevista ao Correio de Carajás, ela utilizava a máscara, se disse contra ao novo decreto, inclusive ao anterior, que desobrigava o uso em lugares abertos.

Cleunice usava a máscara durante a reportagem mesmo após decreto

“Apesar dos números de infectados e mortes terem caído, a doença ainda não acabou. O contágio ainda é real e vemos diariamente que novas variantes do vírus são formadas. Diante de tantas mortes, desde o início da pandemia, fico receosa, faço parte do grupo de risco e prefiro não me expor” explicou ela.

Larissa Ladislau, 24 anos, moradora da Velha Marabá e lojista no Terminal Rodoviário da Folha 32, se sente aliviada por agora não precisar mais usar o equipamento de proteção: “Me sinto mais confortável agora sem o uso da máscara, passamos dois anos tendo que usar e agora é um alívio, principalmente porque já foram disponibilizadas as três doses da vacina, e o início da vacinação da quarta” conta Larissa, que apesar de ser a favor do decreto, confessa que já está tão acostumada com o uso, que agora sem, parece faltar algo.

Lojista no Terminal Rodoviário de Marabá, Larissa se diz aliviada de não precisar mais usar máscara

Motorista da linha de ônibus Copasul e morador da Nova Marabá, aos 62 anos de idade, Sandoval Rodrigues se posiciona contra o novo decreto que permite que as pessoas não utilizem em lugares fechados, pois o risco de contrair o vírus é maior. Para ele, que tem contato com vários passageiros, de diversas cidades diariamente, a desobrigação do uso em lugares abertos é aceitável, devido ao baixo índice de internações e à diminuição dos números atuais de infectados. “Mas para mim e meus colegas de trabalho ainda é um risco alto a se correr” pontua ele.

Sandoval entende, mas teme pela saúde com o decreto que libera tudo

Marlene Gomes Mesquita, 59 anos, usuária assídua do transporte público, fazia o uso da máscara na hora da entrevista enquanto esperava o ônibus e contou que irá continuar usando por medo de contrair o vírus: “me sinto exposta, principalmente circulando diariamente nas frotas de ônibus, que está quase sempre lotado” explica ela, que acrescentou ficar sem jeito diante ao ato administrativo, por já estar acostumada, após tanto tempo.

Marlene, ao esperar o ônibus no ponto, fazia o uso da máscara durante reportagem

Comércio

O Sindicato do Comércio Varejista de Marabá (Sindicom) confirmou ao Correio de Carajás que vinha demandando junto à Secretaria de Saúde, desde o mês de março, o encerramento em definitivo da obrigatoriedade do uso de máscara na cidade também em ambientes fechados. “Nós entendemos que o momento agora é outro, de maior controle da doença e, portanto, mão vemos mais a necessidade dessa exigência, que causava desconforto”, explica Raimundo Neto, presidente do sindicato.

Ainda segundo Neto, quando questionado sobre a aparente confusão dos comerciantes quanto à validade do novo decreto, respondeu que o Sindicom não fará nenhum informe adicional aos seus associados, mas que enviou por meio de suas redes a cópia do decreto a todos.

No Ministério Público Estadual, em Marabá, o uso de máscara está sendo obrigatório, até que o Procurador Geral de Justiça do Estado se posicione, uma vez que há uma norma interna que determina o uso do equipamento. No Fórum estadual, nesta quarta-feira, todos os servidores continuavam a usar o item. (Thays Araújo e Patrick Roberto)