As campanhas mensais para dar visibilidade a algumas doenças têm se tornado populares e contribuem no combate e na prevenção de óbitos. Algumas mais famosas que outras, as mobilizações buscam conscientizar sobre tratamentos, diagnóstico, além de oferecer formas de apoio às vítimas.
Para a infectologista Dra. Carol Sarmento, os meses coloridos ajudam na mobilização de pessoas, que passam a estar mais informadas e atentas aos sinais do corpo. Além disso, em algumas condições de saúde,em que há muita desinformação e estigma, as campanhas ajudam a educar a população e a quebrar barreiras de preconceitos. “Essas mobilizações são ferramentas cruciais para divulgar pautas importantes e com relevância social”, completa a profissional. Logo, são essenciais para a diminuição da incidência das doenças pouco faladas e dos óbitos causados por elas.
Assim, com intuito de informar e espalhar conhecimento sobre as campanhas de prevenção, criamos um calendário das campanhas que ocorrem durante o ano.
Leia mais:Cronograma das campanhas
Janeiro Branco — Promoção da saúde mental: no primeiro mês do ano, a questão da saúde mental entra em pauta. Com o aumento de diagnósticos de transtornos como depressão, ansiedade e pânico, as discussões acerca dos cuidados com a saúde mental também cresceram. Por isso, essa campanha procura conscientizar a respeito da importância do apoio psicológico para o bem-estar emocional. Além disso, a mobilização busca reduzir o estigma sobre os transtornos psicológicos.
Fevereiro Roxo — Alzheimer, fibromialgia e endometriose: esse mês se dedica à conscientização das doenças com origem neurológica e procura informar a população sobre os sinais iniciais das patologias. Aborda também a importância da procura de ajuda médica assim que os primeiros sintomas forem percebidos para um tratamento mais eficaz.
Marco Azul-marinho — Prevenção ao câncer colorretal: a campanha do terceiro mês do ano se debruça sobre o câncer colorretal, terceiro em incidência no país. A mobilização destaca a necessidade do diagnóstico precoce e da realização de exames frequentes. Os hábitos e o estilo de vida também estão presentes na campanha, visto o impacto deles na prevenção da doença.
Abril Azul — Autismo: além de ser palco para a campanha de importância da segurança e da saúde no ambiente de trabalho, em abril também há a campanha voltada para conscientização do transtorno do espectro autista. Focando no debate sobre inclusão de pessoas com TEA na sociedade, a campanha busca promover a compreensão de todos sobre a condição.
Maio Vermelho — Câncer de boca: neste mês, as ações para a conscientização sobre a saúde bucal se intensificam. A campanha se dedica a informar sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, além de incentivar a procura de ajuda médica quando há suspeita da doença.
Junho Laranja — Anemia e leucemia: a campanha desse mês está voltada para a disseminação de informações sobre doenças que envolvem o sangue. Os esforços são para conscientizar sobre a importância do diagnóstico cedo para melhor chance de controle e cura das leucemias e das anemias, ambas afecções sanguíneas que acometem de forma diferente as células do sangue.
Agosto Verde-claro — Linfoma: a cor desse mês é referente ao linfoma, conjunto de cânceres que atacam o sistema responsável por ajudar a combater infecções. A campanha procura sensibilizar e orientar sobre os melhores tratamentos, ressaltando a importância identificação de sintomas. O mês também é palco de campanhas sobre a saúde vascular e da esclerose múltipla, representadas pelas cores azul-vermelho e laranja, respectivamente.
Setembro Amarelo — Prevenção ao suicídio: uma das campanhas mais conhecidas do ano, a mobilização do Setembro Amarelo procura conscientizar sobre a importância da saúde mental e da procura de profissionais para tratamento psicológico. Além disso, dissemina as medidas de acolhimento e prevenção disponibilizadas por órgãos e instituições públicas. O mês também é palco de campanhas de prevenção de doenças cardiovasculares, com a cor vermelha.
Outubro Rosa — Câncer de mama: sendo um dos meses coloridos mais conhecidos, o Outubro Rosa se debruça ao incentivo de medidas para a prevenção e detecção do câncer de mama, que tem a maior taxa de incidência em mulheres no Brasil, excluindo o câncer de pele não melanoma, segundo levantamento do (Instituto Nacional de Câncer (Inca). A campanha também promove apoio, informação e cuidado às mulheres afetadas.
Novembro Azul — Câncer de próstata: o câncer de próstata é o mais comum entre os homens e seus sintomas são silenciosos, por isso a campanha incentiva a realização de exames preventivos frequentes. A mobilização, que é voltada para a conscientização da saúde masculina, também busca desmistificar os estigmas dessa doença, por meio de informações sobre tratamentos e formas de detecção.
Dezembro Laranja e Vermelho — Câncer de pele e IST: no último mês do ano, os esforços são direcionados para a questão do câncer de pele. A campanha, presente no primeiro mês do verão, procura incentivar os cuidados com a pele e a proteção solar. Além disso, a mobilização a cerca das ISTs (Infecções sexualmente transmissíveis) também está presente nesse mês. Instituída por lei, a campanha nacional busca informar sobre prevenção, assistência e proteção das pessoas infectadas com ISTs.
Palavra do especialista
Como são feitas as campanhas de prevenção de doenças?
Esse calendário colorido não é algo oficial, fixo ou estabelecido internacionalmente. Fato é que as associações médicas e as instituições públicas e privadas tentam se organizar, mobilizar a sociedade, promover iniciativas que gerem engajamento da população, das mídias e das organizações visando a divulgação dos temas e das causas. Quanto maior a divulgação, maior a possibilidade de disseminar conhecimento sobre as patologias.
Quais são os resultados dessas campanhas na saúde pública?
Esses campanhas de prevenção a doenças tornam esses temas mais frequentes na sociedade, espalhando informações relevantes sobre prevenção, diagnóstico e comportamento em saúde, e promove conscientização coletiva. Assim, percebemos mudanças individuais e melhoras em índices de saúde, com maior engajamento da sociedade em diagnóstico precoce e boas práticas de saúde que melhorem os indicadores que temos para essas doenças.
De que forma as campanhas combatem o preconceitos ligados a doenças?
Quanto mais a gente fala, mais a gente tira o estigma das patologias e mais acessível fica a conversa. Por meio de uma abordagem humana, falando em tom aberto e de forma simples, nós trazemos à luz informações e enfrentamos mitos relacionados a doenças e tratamentos, como, por exemplo, o caso de infecções sexualmente transmissíveis.
Carol Sarmento é médica intensivista e paliativista do Projeto Cuida
(Correio Braziliense)